Prólogo

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- QUEM É ELA?! – Questionei-o desesperadamente, no entanto os olhos de Simón, que sempre me trouxeram tanta certeza permaneciam fixos no chão.

- Diz...por favor, isso é o mínimo que pode fazer por mim. – Implorei novamente. Eu precisava saber com quem meu namorado, quase noivo, havia me traído.

- Qual diferença irá fazer saber o nome?! É apenas um nome! – Ele disse tendo convencer a mim e a si mesmo, mas eu via em seus olhos um sentimento, que já tinha pertencido a mim... ele a amava.

Quando conheci Simón pensei que tinha tirado a sorte grande, ele ria das minhas piadas, abraçava-me nos dias ruins, fazíamos planos juntos, ele com sua carreira política promissora e eu com meus projetos arquitetônicos e o melhor ele era o cara mais bonito que já havia se interessado por mim. Durante todo tempo eu só conseguia pensar o quanto eu era sortuda. Mas, tudo mudou há exatos 40 minutos quando chegamos a sua casa após minha diplomação na faculdade. Ele confessou a traição e disse que não poderíamos estar juntos novamente, pois aparentemente eu era boa demais para ele, porém a verdade era visível ele a amava.

- Bem, se vai protegê-la, acho que não temos mais nada o que conversar. – Disse pegando minha bolsa no sofá da sala. – Nunca mais se aproxime de mim. -  Disse, porém ele se quer olhou para mim.

...

Não faço a menor ideia de como cheguei em casa, sei apenas que entrei no carro e dirigi e agora estava com em minha cama com minha mãe e irmã chorando como se minha vida dependesse disso e sem conseguir dizer uma frase com sentido.

- Calma filha. – Minha mãe falou enquanto entregava-me uma xícara de chá, a quinta que havia bebido desde que cheguei.

- Ele... ele... – Tentava, mas não conseguia terminar a dor e a vergonha daquelas palavras consumia-me de tal maneira que eu sentia parar cada músculo de meu corpo, apenas por pensar nelas.

- Querida estamos com você, mas você precisa dizer. – Não me assustei ao ouvir a voz do meu pai, conhecendo o seu costume de ouvir nossas conversas.

Encarei meu quarto meus pais estavam com olhar preocupado e minha irmã estava com o rosto tão apreensivo que posso afirmar que ela ficará com linhas de expressão horríveis por causa disso. Eu precisava engolir o choro e dizer a eles, então inspirei e expirei o mais profundo que pude e falei rapidamente:

- Simón me terminou comigo, porque me traiu. - As reações em meu quarto foram diferentes, meu pai era o próprio ódio encarnado, o rosto da minha mãe exalava compaixão e pude ver a tristeza nos olhos da minha irmã. No entanto, eu impressionantemente estava leve como uma pluma, como se tivesse confessado um pecado, um pecado que não era meu.

- Eu sabia que ele não era de confiança, sempre soube. – Papai vomitou as palavras com desdém.

- Não diga isso, Miguel, não havia como saber. – Mamãe tentou apaziguar, porém o ódio do meu pai encorajou-me e com um amargo desconhecido na voz, falei:

- Ele nem ao menos se dignou a dizer quem era a vadia ou como...  -  Minha frase foi interrompida pelo barulho de um porta retrato caindo. Olhei na direção do som e vi o rosto apavorado de minha irmã.

- Calma, as únicas pessoas que deveriam estar com essa sua cara são Simón e a outra.  - Falei tranquilizando-a, mas minhas palavras tiveram o efeito contrário. Logo uma dúvida ocorreu.

- Você sabe de algo, Âmbar? - Perguntei.

- Não! – Exclamou.

Âmbar sempre foi mentirosa e das boas, porém convivemos o suficiente para eu me tornasse um poligrafo.

- Pare de mentir eu sei que sabe! – Fui inquisitiva, no entanto quando olhei em seu rosto além do pavor, contemplei uma dor similar a de Simón durante sua confissão.

"Tudo que é sólido pode derreter", passei a vida repetindo para mim mesma essa frase a fim de jamais se pega desprevenida em qualquer situação, mas como a Lei de Murphy é real no único instante no qual, me permiti acreditar no final feliz tudo derreteu e da pior maneira possível.

- Foi você? - Indaguei, já entre soluços.

- Desculpa. – Âmbar sussurrou.

- É o melhor que consegue dizer! – Gritei.

- O que está acontecendo? – Papai disse tentando entrar em nosso duelo.

- Eu sinto muito, aconteceu. – Âmbar procurou justificar-se, mas era tarde, tudo derreteu.

- FORA! – Ordenei.

- Filha, vamos conversar, vamos resolver tudo. – Minha mãe falou.

- NÃO! NÃO HÁ NADA PARA RESOLVER! AGORA FORA! TODOS! – Esbravejei jogando meu abajur no guarda-roupa.

Laços - Sou LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora