Bati novamente a campainha da casa de meu avô, ele estava demorando a abrir e isso me deixava preocupada. E se ele estiver tendo uma crise? Não saberia o que fazer se ele não estivesse bem. Olhei para trás e Matteo já estava dentro do carro apenas me esperando entrar, contive o desejo de chama-lo para esperar comigo. Encarei a entrada mais uma vez, vou chamar um chaveiro, pensei então uma mulher abriu a porta e disse com um sorriso simpático:
- Desculpe a demora, você deve ser a Luna, seu avô está te esperando na biblioteca.
- Obrigada. – Falei, indo em direção à biblioteca, enquanto caminhava pelo casarão estilo vitoriano minha mente ficava repleta de lembranças da minha infância e adolescência, eu havia passado os melhores dias da minha vida naquela casa e tudo ali me remetia a algo especial. Andava distraída pelo corredor e isso fez com que eu tropeçasse em um antigo baú que eu conhecia bem.
-Vamos Luna, mais rápido, mais rápido. – Âmbar disse puxando minha mão enquanto corríamos pelo corredor.
- Eu vou pegar vocês. – Ouvimos a voz divertida do meu vovô que chegava ao corredor com um lençol jogado no corpo imitando um fantasma.
- Não consigo, estamos fritas. – Lamentei.
- Não estamos não, entra aqui. – Âmbar ordenou e eu obedeci entrando no baú, ela me acompanhou e depois nos fechou lá dentro. – Agora faça silêncio, ok? – Pediu e eu assenti, porém instantes depois meu corpo passou a tremer sozinho. – Está com medo do escuro?! – Perguntou.
- Só um pouquinho. – Tentei demonstrar coragem, mas minha voz falha me denunciava então Âmbar me puxou para um abraço.
- Não precisa ter medo, eu estou aqui, sempre estarei. – Minha irmã prometeu.
- Gostaria que fosse verdade. – Disse para mim mesma ainda recordando a promessa feita a mim na infância. Parei de encarar o baú antes que as lágrimas me consumissem e voltei ao meu curso inicial, quando cheguei à biblioteca vovô parecia travar uma briga com seu celular.
- O que ele gosta comer? – Perguntou meu avô sem olhar para mim.
- Hã?! O que o senhor está dizendo vô? – Questionei confusa e já com um pouco de medo.
- Estou pedindo nosso jantar e quero saber o que ele gosta de comer. – Vovô explicou. – Aliás, onde ele está?! – Perguntou procurando por alguém atrás de mim.
- Ele quem?! – Interroguei tentando entender.
- O carcamano italiano com quem está namorando. Não tente me enganar eu vi quando chegaram. – Falou atento.
- Matteo?! Como sabe dele?! – Perguntei curiosa
- Você e sua mania de responder tudo com perguntas. – Ele disse e sua mente pareceu estar repleta de recordações. – Acho que não é surpresa se disser que nossa Delfi contou para todos que você está namorando o chefe dela. – Ele disse e eu ri. Delfi não tem jeito mesmo.
- Matteo não está aqui, ele apenas me trouxe. – Comecei a explicar. – E nós dois não estamos namorando, estamos nos conhecendo. – Conclui e vovô fez uma careta.
- Pareciam namorados lá fora. – Vovô jogou na minha cara. – Seja como for eu quero conhece-lo, ao que tudo indica ele é o responsável por esse brilho nos olhos. – Falou e apertou meu nariz, como fazia quando era criança.
- Vamos com calma vô. – Pedi enquanto sentava ao seu lado. – Não quero apressar as coisas, quando estiver pronta o trarei aqui.
- Querida a ultima coisa que você tem sido é apressada, já faz três anos e só agora voltei a acreditar que terei bisnetos novamente. – Confessou e eu arregalei os olhos. – Não faça essa cara, sabe que eu quero bisnetos e espero que esse carcamano tenha bons genes para passar para eles.
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Laços - Sou Luna
Fiksi PenggemarApós um término desastroso, Luna Valente, uma arquiteta recém formada, refugia-se em Barcelona para iniciar seu mestrado e esquecer o seu passado. No entanto, quando retorna à Buenos Aires, três anos depois, é obrigada a enfrentar seu passado, suas...