Segundo capítulo, depois vão ser as outras fic's dessa saga.
Quando retornou ao quarto que ambos dividiam, Katsuki se deu conta de que ele realmente havia partido como havia planejado.
Suspirou pesadamente enquanto ajeitava o terno manchado de sangue que, com um estalar de dedos, o trocou pela túnica de seda alva. Não seria a primeira vez que isso acontecia, e ele realmente não se importava com a fuga de seus humanos depois que o contrato havia sido finalizado. Normalmente quando acontecia, dependendo do nível de empenho que tinha dedicado a colher aquela alma, Katsuki apenas partia para a próxima presa que a aguardava nas diversas camadas de tempo.
Poderia se aventurar a encontrar algum novo candidato à perdição na Idade das Trevas, quem sabe. Sempre haviam almas disposta a se dobrarem aos seus desejos naquela época, suscetíveis a qualquer acordo, fracos e necessitados de salvação, mesmo que essa não viesse das mãos do seu divino salvador.
Todavia, dessa vez se sentia incomodado com a falta que aquele mortal lhe fazia. Tudo parecia tão solitário e tedioso sem a presença sorridente e animada de Eijiro.
Pensativo, caminhou pelo quarto, resvalando a túnica pelo chão de mármore branco, antes de se sentar na cama e observar o templo dedicado ao deus Marduque, absorto em seus pensamentos.
Por ser uma criatura das trevas ele não conhecia a natureza de certos sentimentos, tampouco os compreendia. Era um demônio de luxúria, mas não um íncubo ou súcubo qualquer, e sim o rei de todos eles. Não possuía uma identidade, nome ou gênero único, e deleitava-se com o escárnio que era poder se deitar com qualquer criatura, em qualquer lugar, momento ou tempo, aproveitando de sua imortalidade e poder. Estivera em tantos relacionamentos, engendrara tantos filhos, experimentando das mais perversas e inimagináveis possibilidades. Sua existência por si só exalava luxúria, poder, desejo e sedução. Não havia necessidade de continuar um mortal por tanto tempo, sendo eles substituíveis.
Contudo, ao conhecer Eijiro, algo em si havia mudado. Não em sua essência, obviamente, mas em seu desejo. Não classificaria o que sentia por ele como amor, mas sim desejo e, mesmo sem compreender como um humano conseguiu despertar em si aquela necessidade pungente de tê-lo ao seu lado, dominando-o para toda a eternidade, Katsuki, também conhecido como Asmodeus, o demônio absoluto da luxúria, não teve dúvidas sobre o que desejava.
Eijiro despertava sem si a vontade de pertencer. Por mais que o usasse, não conseguia ver um fim para aquele desejo. Sempre que o tinha em suas mãos, submisso e cativo de seus encantos, queria mais. Ele era permissivo, mas não de um jeito entediante. Era instigante, acolhedor e selvagem, como se seu corpo aprisionasse a alma de um demônio, sempre em busca de mais, lascivo e ambicioso.
Observar aquele lado obscuro de sua personalidade era cativante. E perigoso. Como uma armadilha, pronto a fisgar o réu da luxúria absoluta.
Poderia se desprender daquela efêmera necessidade, viajar pelo véu do tempo e tentar entender aquele desejo, seria uma ação simples.
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Babilônia (concluída)
FanfictionEijiro é um ambicioso aventureiro que deseja ser mais do que o destino havia traçado para si. Em sua ânsia de prosperar ele encontra - em meio as dunas - uma bela e misteriosa criatura de olhos rubros e cabelos dourados que o convida a conhecer a ci...