Tem gente que tem medo de altura, medo de cobra, barata, aranha, medo de ser assaltado, de morrer. Tem gente que tem medo de água, de fogo, medo de temporal, medo de dirigir, medo de se apaixonar, de sofrer. Tem gente que tem medo de fracassar, de errar, de não conseguir fazer as coisas, de não ser aceito. Tem gente que consegue lidar com tudo isso muito bem obrigada, que passa por cima dos medos. Supera. Dá a volta por cima. Tem gente que vai levando. Até enfrenta alguns medos, mas outros coloca debaixo do tapete e finge que nunca existiram. Isola-se. Aos poucos os que estavam embaixo do tapete se multiplicam e saem, mais fortes e intensos que antes. Isso sufoca. Machuca. Mas para as pessoas ao redor deve parecer forte, alegre.
Tem gente que consegue colocar uma máscara e simplesmente ir levando, tem gente que tira a máscara e enfrenta. Vive. Mas tem gente que não consegue. A máscara fica na pele como se fosse parte de seu corpo. Isola-se mais. Cada vez mais. Sufoca cada vez mais.
Tem gente que não se importa com a opinião alheia, com o que vão dizer, o que vão achar. Tem gente que liga, pergunta, muda o estilo, roupa, gosto musical, deixa de fazer aquela tatuagem, pintar o cabelo, porque as pessoas vão olhar estranho. Porque a sociedade não vai aceitar, não vou conseguir emprego, relacionamento. Isso entristece.
Você vive uma vida que não é sua, você não se reconhece. Até que ponto vale a pena viver para agradar aos outros? Tem gente que vai te julgar. Sempre vai. Você pode estar no auge da sua vida, como sempre sonhou. Casa no mato, vivendo do que a natureza oferece, sem água encanada, luz, internet. E ser extremamente feliz. Tem gente que vai achar defeito. Você pode ser multimilionário, ter mansão, carro importado, ter empregados, não se preocupar com nada, apenas em que estação vai viajar para aproveitar melhor a Europa pela milésima vez. Tem gente que vai achar defeito.
Se você viver pensando nos outros, no que as pessoas vão achar, você não vive. Não pra você. A sua vida pode ter tomado rumo diferente do que você imaginou quando tinha dez anos e pediam o que você queria ser quando crescer. É assim mesmo. Aproveite o que a vida te oferece agora. Hoje. O ontem já passou e o amanhã pode não vir. As oportunidades vão e vem, o que era bom quando você tinha dez anos, pode ser péssimo hoje. Separe. Classifique pelo que vale a pena se preocupar, o que vale sua noite de sono. Tem gente que vai achar esse texto uma besteira. Tem gente que vai gostar...
