Parte Dois

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Era o dia, tinha que ser o dia. Não poderia mais aguentar Yongsun encher sua cabeça dizendo que estava apenas perdendo tempo e que era óbvio que Wheein retribuía seus sentimentos. Para Hyejin não era nada óbvio, morria de medo de se declarar e acabar estragando a amizade de anos que construiu com Wheein.

Estava em frente à casa da garota. Convidou-a para um passeio e esperava que, enquanto caminhassem, conseguisse reunir coragem o suficiente para dizer tudo à Wheein.

- Hey! Já podemos ir. - disse Wheein chamando a atenção de Hyejin.

Seus olhos focaram em Wheein e um sorriso surgiu instantaneamente em seus lábios. Ela vestia uma camiseta de alguma banda de rock, blazer, uma calça preta e all star vermelho. Adorava o estilo despojado de Wheein.

Começaram a caminhar. O sol se escondia por detrás das nuvens, mas ainda era um dia quente, então Hyejin sugeriu que fossem até a praça comprar um picolé dos senhorzinhos que ficavam por lá. Como Hyejin já sabia qual sabor deveria comprar para sua amiga, Wheein se sentou em um banco, observando ao seu redor. Passaram-se alguns minutos até ela ouvir Hyejin.

- Um picolé de limão para a senhorita Jung Wheein. - Ofereceu educadamente, sentando-se ao seu lado.

Wheein agradeceu e ambas começaram a comer silenciosamente. Hyejin resolveu puxar assunto:

- Como está a situação entre você e seus pais?

Wheein havia se assumido para a família há pouco tempo e Hyejin sabia que eles não tinham aceitado muito bem.

- Do mesmo jeito, você sabe - disse ela olhando para seus tênis. Seus pés não tocavam o chão, fazendo com que parecesse uma criança. "Fofa", pensou Hyejin.

- Eu sinto muito.

Embora Wheein afirmasse estar bem, Hyejin sabia que isso a machucava. Queria fazer os pais de Wheein entenderem que aquilo não mudava absolutamente nada. Wheein continuava sendo a mesma garota brilhante, talentosa, linda, esforçada e que, principalmente, os amava.

- Não, tudo bem. - As covinhas surgiram em seu rosto em um sorriso triste.

De repente, Wheein sentiu uma gota cair sobre sua cabeça e, um pouco confusa, olhou para o céu. Hyejin percebendo a chuva que estava prestes a cair puxou Wheein pelas mãos e começou a correr, procurando por um lugar coberto. Wheein ria atrás de si e foi impossível não rir também. O riso de sua amiga era tão gostoso e contagiante que era um dos sons preferidos de Hyejin.

Quando encontraram uma loja com a fachada coberta, a chuva já havia engrossado. Por sorte, conseguiram chegar antes de se encharcarem.

Wheein estava com a cabeça encostada na parede da loja, descansando da pequena corrida que fizeram. Hyejin revirou os olhos ao olhar a cena, reclamando do sedentarismo da amiga.

- Hey, Hyejin! - Wheein apontou para a vitrine da loja. - Esses ursinhos não são fof... - Sua fala foi cortada quando Hyejin lhe puxou pela mão, evitando que um carro que passava em alta velocidade jogasse água sobre ela.

Agora, elas estavam perigosamente perto. Os olhos de Hyejin se direcionaram para os lábios de Wheein de forma automática e sua respiração, aos poucos, ficou ofegante.

"VAMOS! BEIJA ELA!" a Yongsun em sua mente lhe dizia. Mandou-a calar a boca.

- Wheein, eu... preciso te dizer uma coisa. - disse ela, claramente nervosa.

- Diga. - Wheein olhava em seus olhos. Sua respiração estava tão ofegante quanto a de Hyejin. Mordeu seu lábio inferior, na tentativa de conter a ansiedade e vontade de beijar Hyejin.

- Desde o momento em que te conheci - Ela iniciou calmamente -, me deixei cativar pela sua energia, seu jeito e suas manias. Quando dei por mim, todos os meus dias eram preenchidos por você. Não importa qual seja o problema, teu sorriso sempre teve a capacidade de fazer com que eu me sentisse segura e confiante para fazer qualquer coisa. - disse colocando o cabelo de Wheein atrás da orelha. - Com o passar do tempo, nossos momentos se tornaram cada vez mais importantes para mim. Esse sentimento foi crescendo e tomando conta de tudo. Me invadiu e eu não fiz nada para evitá-lo. Eu estou apaixonada por você, Wheein. Perdidamente apaixonada.

Hyejin não fazia ideia do turbilhão de sentimentos que causara em Wheein. Seu peito palpitava como um louco, tamanha felicidade. Esperou tanto por esse dia que nem ao menos sabia como reagir. Não disse nada, no momento apenas fez o que já queria ter feito há muito tempo.

Fechou os olhos ao sentir a boca macia de Hyejin na sua. Seus movimentos eram lentos e delicados, como se quisesse aproveitar cada segundo. Sua mão percorreu o braço de Hyejin até chegar em sua nuca, enquanto a dela agarrava firmemente seu blazer, vez ou outra puxando-a para si. Aprofundou o beijo. Não era algo afobado, queria transmitir todo o seu amor por meio daquele beijo. Quando o ar faltou, ambas se afastaram lentamente e se entreolharam, sorrindo.

Ah... O sentimento de amar e ser amado que ambas tanto ansiavam, enfim, havia lhes sorrido de volta.

(...)

Já era noite. Hyejin e Wheein se encontravam no meio da sala dançando calmamente.

Não havia música, apenas o som da chuva que ainda persistia em cair e a respiração uma da outra.

Wheein estava com a cabeça deitada no peito de Hyejin enquanto a mesma fazia carinho em seus cabelos. Hyejin poderia passar o resto de sua vida assim e jamais reclamaria. Sem preocupações ou medo. Sentia-se leve e em paz ao lado de Wheein.

Já não conseguia se imaginar não compartilhando o mesmo apartamento com a garota em seus braços, ou chegar em casa, depois de um dia cansativo de trabalho, e não ser recebida com um abraço reconfortante e um doce beijo seu. Queria casar com Wheein. Comprar uma casa, enchê-la de gatos e, quem sabe, filhos.

Seus pensamentos foram interrompidos pelas palavras abafadas de sua namorada:

- Eu te amo, Hyejin.

E com os olhos fechados, sorriu.

- Eu também te amo, Wheein. 

Rain • WheesaOnde histórias criam vida. Descubra agora