UM•••ELA

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"Me sinto tão sozinha nas noites de sexta-feira"-Lana Del Rey

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"Me sinto tão sozinha nas noites de sexta-feira"
-Lana Del Rey

Eu sempre odiei festas, principalmente as da faculdade, mas festas me fazem parecer descolada e ser descolada faz com que as pessoas não me encham o saco.
Eu também sempre odiei estudar, mas meus pais sempre acharam que fazer faculdade me faria ser como eles, rica e bem sucedida.
Na verdade, acho que sempre odiei tudo na minha vida, principalmente eu mesma.
Para alguns minha vida pode parecer perfeita. Família perfeita, vida financeira instável, amigos e boa aparência. Mas para mim, é só mais uma pedra no sapato.
Sempre vivi com a sensação de não pertencer a esse mundo, como se eu fosse destinada a outra dimensão ou planeta, um pensamento meio bobo, porém real para mim. Mas cresci com a responsabilidade de ser perfeita pra tudo e para todos, sempre usando máscaras pra esconder quem realmente sou. Sorrindo por fora enquanto por dentro chorava, mantendo a calma quando na verdade queria gritar, fingindo estar bem quando na verdade pensava em como desaparecer.
Toda essa pressão psicológica me levou cedo demais a ser a garotinha depressiva que sofria bullying na escola.
Com o passar de um certo tempo, percebi que na verdade todos são mentirosos, ninguém é quem diz ser, não de verdade. Todos quebrados tanto quanto eu, caindo em armadilhas regidas por eles mesmos.
Uma triste realidade para alguns, mas normal para mim. Vazia e sobrevivendo todos os dias, já que pelo visto até pra morrer não sou boa o suficiente.

A festa está lotada, como de costume. Me pergunto como essas pessoas não se cansam dessa mesmice todos os finais de semana. Como eu não me canso.
Mais uma vez rodeada por pessoas, mas ainda assim me sentindo tão sozinha.
Também me pergunto se algumas dessas pessoas também se sentem do mesmo jeito quando olham umas para as outras.
Amber sempre diz que tenho que parar de ter pena de mim mesma, mas eu parei de escutar ela faz algum tempo. A coisa mais legal que faço é sentir pena de mim mesma, fazendo de mim o pior ser humano já existido.
Meu problema é fingir que não sinto, quando na verdade estou cheia de sentimentos acumulados, prontos para explodir a qualquer momento.

-Oi vadia, por que está aqui toda sozinha em?-

Amber me tira dos meus pensamentos, aparecendo na minha frente. O cabelo vermelho fogo preso em um rabo de cavalo desleixado, a boca seguindo a mesma cor vermelha do cabelo e o vestido preto curto colocando em evidência suas curvas. Amber é bonita, até abrir a porra da boca. Eu até que gosto bastante dela, mesmo que as vezes ela me irrite. As vezes quase sempre. Só não curto muito seus comentários idiotas, ou o jeito que ela se acha melhor que qualquer outra pessoa. Odeio quando ela me chama de vadia também.

-Oi vagabunda- digo fingindo meu melhor sorriso amigável.
Sou ótima fingindo, me tornei profissional desde pequena.
Ela ri e me puxa em direção à mesa de bebidas. Ótimo, preciso mesmo encher a cara e ignorar esses idiotas bêbados. Risos, risos.

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⏰ Última atualização: Nov 11, 2019 ⏰

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