Propósito

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Naquele mesmo dia, durante a manhã, Yumeko amanheceu sentindo-se muito mais pesada do que o normal. Abriu os olhos ainda confusa com o contato e, mesmo com os olhos embaçados pelo sono, reconheceu o corpo adormecido de Aizawa ali.

De primeiro momento, não esboçou reação por estar tão próxima de alguém, mas passado algum tempo começou a se sentir incomodada, portanto, lentamente, a morena tirou os braços do homem de cima de si, entretanto, mesmo com todo o cuidado que teve, as orbes negras se abriram e a encararam profundamente.

"Não quero falar sobre o que houve." Antes que Aizawa se pronunciasse a fazer qualquer mísera pergunta, a adolescente foi mais rápida.

Shota olhou bem para a garota a sua frente, analisando cada detalhe de sua pessoa e pôde notar que ela não estava mais tão abalada quanto ontem, entretanto, parecia mais distante, mais do que já realmente era.

[...]

Ao chegar na sala de aula, Yumeko foi diretamente para seu acento, ignorando os olhares curiosos sobre si a respeito de suas olheiras profundas e as marcas arroxeadas em sua pele que ela não fez nem questão de tentar cobrir.

"Ei, Yume-chan!" Gritou Uraraka, indo até mais próximo da dito cujo. "O que houve contigo?" Perguntou, da maneira mais educada que podia.

"Não é da sua conta." Respondeu seca, fazendo a garota gravidade se retrair envergonhada pela resposta afiada recebida. 

Esperava afastar todos que haviam, de certa forma, se aproximado dela com seu mau comportamento, mas isso apenas chamou a tenção de Iida para si, de maneira negativa, é claro. 

"Ei Aizawa-san, isso não foi nada legal. Você deveria se desculpar." Pronunciou histérico como de costume mexendo suas mãos para cima e para baixo. 

"Você deveria se desculpar."

A frase ressoou em sua cabeça algumas vezes, já a tinha ouvido há muito tempo atrás, de alguém que não gostava nem um pouco, alguém que a aterrorizava até os ossos. Seu pai. 

Perdida em suas memórias obscuras, nem mesmo prestou atenção em qualquer outra palavra do garoto que vinha para si, somente foi tirada de seu transe quando ele tocou em seu ombro na intenção de chamar sua atenção, mas, como esperado, seu ato não foi muito bem recebido pela morena. 

"Tire as mãos de mim!" Exclamou exaltada, levantando-se de súbito e, sem querer, ativando sua individualidade que arremessou Iida para o outro canto da sala.

Seu ato descontrolado chamou a indesejada atenção e os olhares assustados dos alunos, os mesmo olhares que recebia dos seus companheiros de experimento, o mesmo olhar que recebia em seus testes. 

Sua cabeça rodopiou em pensamentos e ela simplesmente não podia suportar estar naquele ambiente, não com todo aquele julgamento silencioso. Não pensou duas vezes para simplesmente sair correndo daquela sala, assustada. 

Correu o mais rápido que pôde, esbarrando em alguém que nem mesmo fez questão de saber quem no caminho, correu até que seus pulmões implorassem por oxigênio e só então olhou ao redor. Estava na frente do campo de treinamento. Era perfeito, iria descontar sua raiva ali mesmo. 

[...]

A respiração descompassada, o suor escorrendo por sua testa, as bochechas avermelhas e os cabelos parecendo uma bagunça total eram apenas alguns dos indícios de que já estavam em seu limite, o mais gritante era o sangue que escorria por suas narinas e a enxaqueca infernal. Não podia abusar de seu poder por tanto tempo como havia feito, mas simplesmente voltar a pensar em seu pai a deixava em um estado anormal de inquietação, de raiva e entre outras emoções negativas que Yumeko poderia listar de A à Z. 

Seu corpo cansado fraquejou e ela caiu com força de joelhos no chão, cansada elevou o olhar encarando o céu já escuro com aborrecimento. Qual era a finalidade de sua existência? Ser apenas uma peça no plano de seu pai ou ela finalmente havia sido destinada a algo? 

Em meio a seus pensamentos sua adrenalina baixou e seu corpo, exausto, adormeceu sem que ela nem percebesse. Havia desmaiado. 

[...]

Yumeko acordou no meio da madrugada em uma cama na enfermaria, nem ao menos sabia como havia parado lá, a única coisa que tinha certeza é que definitivamente não havia sido por conta própria.

Olhou ao redor procurando vestígios de alguém que poderia ter lhe trazido até ali, uma mínima pista seria o suficiente, mas não havia nada. Apenas uma anotação da enfermeira, Recovery Girl, a avisando para tomar um remédio que havia deixado sobre a cômoda e para que não se esforçasse demais.

Se jogou contra a cama, sentindo-se fadigada de um jeito avassalador, cobriu os olhos com o antebraço e acalmou sua respiração enquanto pensava no que iria fazer daqui para frente.

Ela não estava ali, no meio dos heróis, por acaso. Ela tinha um propósito a cumprir, uma missão de infiltração. Ou os heróis haviam mesmo pensado que era fácil assim conseguir uma das armas de Yūya, seu pai?

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Bem, demorei, mas aqui está.

Espero que tenha atendido as suas expectativas!

Qualquer erro, favor me informar para que eu possa estar corrigindo.



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⏰ Última atualização: Feb 06, 2020 ⏰

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