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Ele me agarrou com força naquele momento, e com os olhos molhados, ele olhava fixamente pra minha boca prestes a beija-la. Eu sentia-o brigando contra seus próprios demônios, queimando em sua culpa (embora injusta), por mim.
As notificações já não faziam diferença para Adam, muito menos as milhares de ligações que em uma sequência incessante. Se movimentava rapidamente, era como se estivesse sendo ele mesmo pela primeira vez em anos. Com nossos rostos próximos eu percebi seu cheiro único e que eu tanto amo, enquanto acariciava minha nuca.
Naquele momento, eu juro, eu senti, éramos apenas eu e ele.
Vivendo nosso momento.
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Conversava com meu amigo Harveypelo celular enquanto espera a Alessa voltar da cantina. Nós não nos conhecemos pessoalmente então não sabemos como realmente somos, já que vemos apenas nossos ícones no aplicativo. Estávamos falando sobre um vídeo clipe da nossa música, e o por que ele é tão icônico. Nossas conversas eram assim, totalmente sem sentidos e nem um pouco maduras. Já discutimos sobre qual filme da Barbie é melhor. Sem contar que ele fica a todo momento dando em cima de mim com umas figurinhas bobas. Uma vibe amada...
_Joshua, sai do celular e vem ver isso - Alessa falava quase gritando.
_Perae...
_Que saco, vem logo porra - me puxou pelo braço e me levou até a porta da sala onde temos aula. Alessa tem o péssimo costume de não saber esperar.
_Nossa que legal, a sala de aula. - olhei rindo para a cara dela, que me olhava com uma expressão notoriamente brava.
_Não é isso. - Alessa apontou, em direção à janela da sala - Aquele garoto gato veio da sua antiga escola, você deve conhecê-lo né? Ele é um gatinho.
Parei por um momento e observei a figura que se tornava uma silhueta em contraste com a luz vinda da janela exterior, ao outro lado da sala, tentando identificar quem era. Arrumava seu material sob a mesa e a mochila sob o apoio da cadeira. Observando atentamente percebi ser um garoto alto, de boa postura, pele clara, cabelos curtos e bem escuros e sardas espalhadas pelo rosto. Era Adam.
Fui tomado por um calafrio, seguido de um suor frio e tremidão nas pernas, ficando completamente estático enquanto Alessa olhava pra mim. Adam percebeu a movimentação em frente a janela e olhou em minha direção.
_Joshua você... - tentou pronunciar Alessa.
_Meu deus. - soltei em um tom de medo e espanto, deixando Alessa apreensiva e preocupada.
_O que foi Joshua? - ela me puxava para o outro lado do corredor onde sentamos. - você o conhece?.
_É uma longa historia Alessa. Eu e ele éramos melhores amigos, daquele tipo que nunca se separava, sabe? Desde que eu o conheci no fundamental foi assim - expliquei - porem desde que me assumi ele se afastou de mim por um tempo, só voltamos a nos falar dois anos atrás, quando eu me apaixonei por ele e então se sucedeu uma série de conflitos e problemas - Alessa sempre se impressiona com o fato de eu ter me assumido com apenas doze anos - e agora estamos nessa situação conflituosa. Já faz um ano que eu não falo direito com ele.
Adam saiu da sala olhando para os lados, me procurando. Quando me achou, caminhou em minha direção, e lentamente estendeu sua mão para me cumprimentar. Assenti com a cabeça sem tocar em suas mãos. Ele percebeu e tentou não ser tão intimo após esse tempo todo sem contato.
_É bom te ver Joshua.
_É bom te ver também Adam. - Alessa permaneceu o momento inteiro quieta, apenas fingindo mexer no celular enquanto ouvia tudo. Adam sorriu sem mostrar os dentes para mim. Sorri de volta e me levantei.
_Você mudou muito.
_É...
Adam parecia agonizado por algo, como se precisasse me falar uma coisa que não conseguia.
_ Joshua. - ele interrompeu o silencio.
_ Sim? - disse me erguendo e virando o rosto em sua direção.
_Eu preciso conversar com você, eu tenho tanta coisa pra te falar, me desculpar por tudo. Por favor me escuta. - ele agora colava suas mãos em seu próprio torso em gesto de suplica.
_Depois da aula talvez?
_Pode ser, é, ótimo. - não parecia tão animado com a ideia, porem contentado.
_Ta então.
Denovo não...
Meu passado relacionado a Adam é um tanto controverso, ele fazia questão de mostrar interesse em mim, porem em qualquer situação que afetasse sua "integridade", fazia questão de mostrar desinteresse por ser "hétero".
Isso foi óbvio quando o mesmo veio em minha casa e me beijou, com toda sua maior vontade, alguns meses apos eu me assumir, talvez por inspiração em minha coragem, ou pelo bel prazer de saber se o que sentia era real ou apenas "vontade adolescente". No outro dia? fingiu que nada tinha acontecido e me ignorou por semanas.
Eu sei que ele deve ter seus próprios conflitos com seus próprios desejos e sentimentos. Embora orgulhoso ele sempre foi uma pessoa muito solitária, e eu provavelmente era uma de suas poucas companhias. Por um breve tempo me senti culpado por abandona-lo sozinho em outra escola, mesmo não tendo quaisquer responsabilidade sobre o mesmo, sempre me preocupei com seu bem.Talvez ele tenha nesse meio tempo, se entendido melhor. Eu realmente não sei se é isso que está acontecendo, mas eu confesso que ainda sinto algo por ele, mesmo com todos seus erros.
Ele é meu maior pecado, meu maior prazer e maior desejo. Ele é vênus em forma de um garoto.
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Todos aqueles sentimentos que por momentos tive, foram de cem a mil por hora queimando em angustia e excitação.
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Venus as a Boy
RandomApós um reencontro no 2º ano do ensino médio, dois garotos que possuem um passado controverso, Joshua e Adam se veem em um romance, constituído de amor, desejos, instintos e medo.