• Prólogo

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Preto

Adjetivo

1.

Que tem a cor do piche, do carvão; negro.

2.

Diz-se dessa cor.

A cor preta consiste na cor mais escura de todo o espectro das cores, simboliza respeito,morte, isolamento, medo, solidão e luto.

Brindgstone, Califórnia - 17 de Outubro de 2019.

O clima ali era o correto da cidade de extremo luto. Os amigos e familiares estavam inconsoláveis. Muitas pessoas se perguntavam o que aconteceu, ou por que aconteceu. As fichas ainda não haviam caído e a dor era um palpitar constante em seus peitos.

- E-eu não entendo. - A jovem falou aos prantos enquanto era consolada pelos braços do até então, amigo.

- Por favor, se acalma. Te ver assim está me machucando muito mais! - O homem falou enquanto apertava seus braços em torno da menina tentando consola-lá. Sua camisa já estava totalmente molhada pelas lágrimas da moça que soltava gemidos de dor e suspiros trêmulos em seu peito.

Ninguém ali conseguia se conformar com o que havia acontecido. Tudo parecia confuso e fora do lugar. A única coisa que se conseguia escutar ali eram os choros copiosos e as lamentações clamadas em voz alta sobre o caixão tampado no meio no coreto.

Uma sensação de desespero havia tomado o peito de cada um presente ali, e quando os homens conseguiram se recompor e levantar o caixão pelas alças uma jovem gritou. Gritou em desespero e conseguiam sentir a dor pelo seu tom de voz. Todos sabiam que ela era a pessoa que mais sofria com aquela perda.

- Por quê? POR QUE ISSO FOI ACONTECER? - Gritou se debatendo nos braços que a prendiam - EU SÓ QUERO ELE DE VOLTA, POR FAVOR... - As pessoas ao redor a olharam com pena, como se também pudessem sentir sua dor. - Por favor... - Seu tom de voz foi ficando mais baixo e suplicante - Eu não vou aguentar cover sem ele... Por favor, eu preciso dele... Preciso... - Seu rosto agora estava escondido no peito do homem que a acompanhava, e o seu corpo pulava em soluços violentos e decorrentes do choro.

Todos continuaram seguindo atrás do caixão que era carregado até pararem na porta do cemitério que após alguns segundos foi aberta pelo caseiro do lugar.

Caminhavam vagarosamente pelo local, alguns observavam as lápides dos outros finados, já outros apenas olhavam a grama rasteira passando por seus pés, a grama que estava em  um tom quase marrom por conta da seca que os atingia.

O lugar era um ambiente pesado pra qualquer tipo de pessoa ficar. Quem gostava de andar pelo cemitério como se fosse um mero parque de diversões? Pensar naquilo era no mínimo mórbido demais.

Quando pararam com o caixão perto da cova aberta, dois coveiros apareceram e pediram para as pessoas se afastarem um pouco e assim fizeram mesmo em relutância.

Abriram o caixão uma última vez e os choros que estavam baixinhos e contidos se tornaram altos e compulsivos, aquela seria a última vez em que o veriam em carne e osso, em que poderiam lhe tocar, mesmo que sua pele fosse fria e pálida.

Quando voltaram a fechar o caixão, desceram o mesmo com cuidado para dentro da cova, e as pessoas ao redor começaram a jogar algumas flores sobre a tampa, e quando todo esse ritual foi cessado, um dos coveiros pegou uma pá e começou a jogar terra, soterrando o caixão a sete palmos do chão.

"Não há explicação para a alegria, nem nos interessa explica-lá. Porém, a doença, o sofrimento, a velhice e a morte inevitável nos faz pensar que a vida tem explicação."

Melhor amiga do meu irmão - Romance Lésbico Onde histórias criam vida. Descubra agora