PARTE I
O filho de Hannah e Guilhermo Dominique, Lázaro, era uma criança de dez anos com uma animação e saúde típicas de alguém de tal idade, mas não naquela semana. Já completavam cinco dias de uma febre persistente e uma falta de apetite que não lhe era característica.
O garoto detentor de uma saúde comum, com algumas alergias e uma ou outra enfermidade passageira, nunca preocupou os pais como em sua enfermidade. Era como se um peso incomum ocupasse a vida da família, não importavam os remédios, banhos gelados e sopas que fizessem para o filho, nada surtia o efeito desejado.
Contudo, naquela quarta-feira nublada, ele estranhamente disse que queria brincar no parque e Hannah, ainda que preocupada, resolveu não negar o pedido do pequeno. Tirou sua temperatura e constatou que a febre diminuíra, agradeceu aos céus e foi contagiada pelo ânimo do pequeno. Telefonou para sua empresa e pediu a secretária que cancelasse todos os compromissos daquele dia. Agasalhou bem o menino, com sua jaqueta laranja favorita, e partiram em direção ao parque Municipal.
Durante o percurso ela ficou ainda mais tranquila quando percebeu a animação de Lázaro, era nítido sua melhora, talvez finalmente as palavras do pediatra estivessem se realizando: crianças ficam doentes, ele só precisa descansar e logo estará correndo por aí.
Crianças ficam doentes, repetiu a frase com o tom amenizador do médico e se sentiu uma tola por sua preocupação de mãe coruja.
Encontrou no parque sua vizinha, Catarina, que levara o filho Roberto para brincar, naquela manhã, tudo se encaixava perfeitamente, já que Lázaro e Roberto se davam muito bem.
Tinha um parque, tinha uma amiga para conversar e um ótimo ponto de observação de seu querido e alegre filho.
— Mamãe! Posso brincar na gangorra com o Roberto? — Perguntava entusiasmado para Hannah.
— Claro, querido! Vou ficar aqui com a Catarina te olhando. Só toma cuidado porque você ainda está doente.
O garoto sorrindo, balançou a cabeça positivamente e correu com o amigo para o brinquedo. Roberto empurrava a gangorra, aos gritos de felicidade de Lázaro.
— Parece que o Lázaro, melhorou, heim? — Disse Catarina com um sorriso receptivo.
— Nossa, nem me fala. Ele ficou mal de um dia para o outro, não sabia me dizer o que sentia, os exames médicos não encontraram nada de anormal, fiquei tão preocupada à toa. Parece que era só uma febre mesmo.
— Imaginei a preocupação de vocês, mesmo trabalhando em um hospital e lidando com isso diariamente, quando algo acontece com o Roberto eu fico morrendo de preocupação.
— Claro, somos mães, mas acho que essa noite vou finalmente conseguir dormir em paz — Hannah observava com alívio.
Ela olhava bem para o filho que se movia para cima e descia gargalhando, tudo estava ótimo e isso era bom, a última coisa que Hannah precisava agora era um problema familiar.
A verdade que a atormentava era que Lázaro sempre foi muito querido pelo casal, Guilhermo amava o filho tanto quanto ela, e o nascimento dele simbolizou a união daquela família exemplar —, ambos tinham bons empregos, Hannah era proprietária de uma bem sucedida corretora e Guilhermo de uma construtora em ascensão. Moravam em um belo condomínio residencial e tinham tudo que uma jovem família poderia querer: conforto, paz e um herdeiro.
A gravidez possivelmente foi o momento mais complicado de suas vidas, Hannah teve um trabalho de parto complicado, tudo indicava que perderia o bebê, mas como em um milagre ele nasceu bonito e forte.
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Materno (Conto/Terror/Sobrenatural)
HorrorO que você estaria disposto a fazer para não perder um filho? Hannah se depara com esse dilema ao perder seu pequeno Lázaro. Uma estranha criatura, conhecida por folclores, antigos e proibidos, oferece uma chance de Hannah ter sua família completa...