A Incrível Banana

A banana fechada

Estávamos eu e minha consagrada amiga, Giulia, caminhando tranquilamente em direção ao Carrefour ao lado de nosso odiado colégio. Como de costume, nos almoços aleatórios que marcamos de sexta, fomos comprar comidas cancerígenas que, por mais que parecessem ter sido escolhidas de última hora, levavam cerca de 30 minutos para serem selecionadas.
Entre uma risada e outra, começamos a prestar atenção ao que havia em nossa volta. Sempre tentamos encontrar motivos de piada para nos divertimos, até porque, no fundo do poço, qualquer besteira parece engraçada.
Tudo ocorria comumente: as crianças do sexto ano falando sobre selinho como se fossem engravidar, as pessoas gatas do ensino médio (que mesmo destruídas conseguem ser bonitas) e os adultos ricos conversando sobre despedir funcionários e o churrascão de domingo da firma.
Contudo, algo parecia mudar no ar respirado. Era como se uma coisa inesperada estivesse por vir. Claro, poderia ser tudo da minha cabeça, mas eu e Giulia sentíamos a pressão atmosférica subir. Nossas respirações sincronizaram, junto com as batidas do coração. Eu senti minhas mãos suarem e, ao olhar para minha amiga, via seus olhos brilharem. Ao nos encararmos, entendemos que uma história importante estava por vir, uma que ficaria guardada em nossas memórias e nos faria ter vontade de viver novamente. Talvez aquilo fosse nossa salvação para saírmos do fundo do poço.
Segundos depois, ouvimos, em nossa frente, um garoto correndo. Seus passos ecoavam pela rua. Mas havia uma coisa especial nele: ele segurava sua banana com as mãos, com uma força e, ao mesmo tempo, leveza para não esmaga-lá, que nos deixaram intrigadas. O menino só possuía um problema, o qual não sei se poderia chamar de defeito: A fruta estava aberta pela metade.