Neste mundo tudo tem um preço,
E a linguagem de palácio
Aborrece o nécio
Que prefere não pensar
E não se esforça.
Aqui aquele que menos
Sabe é o que mais grita,
Quem lhe tira a razão
Ao que a impõe à força?
Se procuras trabalho, terás a tua oportunidade,
Mas a vaga é para
O sobrinho do chefe...
Olha que casualidade!A habilidade de ser inútil
Sempre beneficia
O manhoso, faz em dobro,
Mas será um medíocre
Se ninguém aprecia.
As notícias querem audiências
E neste mundo há organismos
Que ainda fomentam a violência;
Eis a televisão e as suas contradições;
Ela diz -"Consome!". E o governo;
-"Aperta o teu cinto em condições!"
São sempre as mesmas situações;Aqui a profissão mais bem paga
É dar pontapés a uma bola.
Se neste país, um pobre rouba,
Vai para a prisão,
Declarado ladrão infame
Mas no caso dos ricos há
Quem lhes chame
Magnata e até lhe pagam o psicólogo.
Olha ao teu redor!
Quem é tão hipócrita ao ponto
De chamar a um negro;
"Homem de cor"?É o valor de uma sociedade decadente
Onde a potência mundial
Que zela por paz entre a gente
É o que mais armas vende.
Ninguém se entende
Mas todos se resignam,
São presos do sobrepeso
E do sabor de um Big Mac,
E isso indigna.
O paradigma deste processo
Não é um enigma
E o meu Deus é
Um relógio que me stressa
Com cada "tic-tac".Neste mundo manda o marketing
E vale tudo,
Poderás vender uma meia
A preço de ouro,
Se encontras o modo
Tão só mostra a tua
Imagem de vencedor.
Porque aqui o que importa
É a fachada
E não o que existe no interior.
Verás um dedo acusador
Se fumas plantas naturais
Pois legal é vender droga etílica
A menores em todos os bares.Tu sabes que sim, que não podes
Viver sem essa dose
De tecnologia nestes dias
De medo e psicose.
Um mentiroso aqui
É famoso pelo seu encanto
E um advogado fará
Com que o pecador
Se transforme num santo.
Neste país o engano
É um grande negócio
E torturar um animal
Em praça pública
Uma definição de ócio.
O ofício é privilégio
Se fores proletário,
Ergue o peito ante o calvário
Do empréstimo hipotecário.
Por um carro trabalharás a tua vida
Inteira a fio,
Depois na reforma,
Viverás num bairro
Degradado sem nunca
Ter sido o proprietário.Respira tranquilo,
Achas que isto é injusto? Vá,
Reclama, não és o único!
Protestas como um cidadão
Ou calas como um súbdito?
É típico ver como políticos
Se insultam,
Também como fabricam
Armas nucleares
Para não usá-las nunca.
Não acredito neles,
Acredito na taxa de desemprego
Sofremos é com a verdadeira crise;
A cruel Globalização
DIZ-ME; PORQUE RECLAMAS
DA POLUIÇÃO,
SE NO MESMO DIA
DEIXARÁS LIXO PELO CHÃO?!_______
🖋️ Salgueiro
📷 Lucas Barreto Salgueiro