𝐰𝐚𝐬 𝐧𝐞𝐯𝐞𝐫

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a lua está vermelha ou será que são apenas os meus olhos?

quer dizer, as coisas nunca mais foram as mesmas desde que você se apresentou como chanyeol. eu tento colocar feltros e mudar um pouco a iluminação, mas parece errado demais para tentar. gostaria de ser um pouco mais cuidadoso e objetivo com as palavras, mas você sabe que isso nunca vai funcionar.

nada nunca funciona pra você.

digamos que estou passando por uma fase muito delicada da minha vida e é péssimo admitir que parte disso reside na sua culpa por ter perguntado se eu queria um pouco mais de sal em 2015, quando eu estava fazendo cara feia pro prato principal. acho que você ganhou em cheio um sorriso cheio de dentes moles e podres o suficiente para preencher uma exposição mórbida de arte riscada à risca de giz branco. quantos bonecos palitos você tem desenhado sob a cabeceira da cama a cada vez que morde a minha boca?

costumava ser extremamente bom poder falar que todas as minhas preces eram pra você e por você. que você era meu e eu era seu, como um troféu bem polido por ser um ótimo garoto na sétima série, boas notas em português e matemática. caso você não saiba, eu sempre tive um ódio enorme por erros de português e isso soava mais insano e atrativo para seus dentes brancos nada podres, raiados de força cósmica e vontade de beijar excessiva. sei que não sou alguém de se jogar fora, mas é muito preciso da sua parte bordar pelo resto da cabeceira o meu nome completo com um pouco de confete cintilante por cima, porque esse foi seu bem maior, seu ano ganho.

você dizia que sem mim estaria perdido, o que me faz sentir bem por ser uma pessoa tão convencida assim. eu poderia me alimentar só disso pelo resto dos meus dias contados na terra por desobedecer mamãe e papai demais.

as horas vagas já estavam abdicadas por conversa jogada fora e algum cigarro super caro que você trouxe de taiwan, não que isso importasse muito, porque você acabaria me fodendo de qualquer jeito e a única coisa que eu iria chorar por seria por feder tanto à fumaça. acho que a minha passividade me faz mais morto antes do que a sua própria dominância sofisticada.

2015 é um ano ganho, é claro. muitas festividades pelos seus programas e os planos assinados de caneta permanente deixaram um traço bem claro e marcado de que eu sou propriedade de alguém (privada, pra quem quer defender a democracia com dentes e facas brilhantes) e nada disso, absolutamente nada disso importa enquanto leio o jornal do dia no banheiro, cabelos com cheiro de alguém que veio de taiwan e uma sensação esquisita de não pertencer a lugar algum.

a lua está vermelha DEMAIS ou são só os meus olhos? eu não nadei pelo sal do mar até mais tarde, porque faz tempo que eu não penso no fato de que os talheres que você usava no primeiro encontro eram de plástico.

é, 2015.

ano ganho.

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