Capítulo 1

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"Como ajudar alguém que
Não quer ser ajudado?"


Sinto como se uns 10 elefantes estivessem treinando sapateado em meus ombros, e toda vez que me mexia, mais dois apareciam.
Sinto que minha cabeça vai explodir, como se um furacão tivesse acabado de passar e bagunçado tudo.
E o meu coração? A meu coração, está em pedaços, e eu estou destruída, sem força para juntar os cacos.

Já estava tudo ruim, mas quando vi, minha mãe naquela cama de hospital, sem se mexer, com todo o seu corpo mutilado, e o médico dizendo que ela não havia suportado, foi como se eu perde-se meu chão, como se estivesse no oceano com correntes pesadas em meus pés, me puxando cada vez mais para o escuro fundo do mar. Acordei um dia depois em minha cama, não perguntei o que havia acontecido, como eu tinha chegado ali, e também ninguém me contou.

[...]

O dia do velório chegou, e eu juro que tentei não chorar, precisava ser forte pelo Ruan meu irmão mais novo, sei que ele era muito apegado a mamãe, as vezes eu invejava a relação dos dois, faziam bolo de cenoura com cobertura de chocolate quase todo fim de semana, e sempre que podiam iam comprar churros na barraquinha da praça, apenas pra ficar lá observando as crianças brincarem, eu queria que aquilo tivesse sido comigo, queria que nos fossemos mais próximas, e agora ela morreu, eu não posso mudar as coisas, não posso mais comprar churros e olhar as crianças no parquinho com ela, porque ela morreu. Eu quero a minha mãe de volta.

Fechei os olhos com força, imaginando que quando os abrisse tudo aquilo fosse mentira, e que na verdade estivéssemos em casa em um domingo chuvoso comendo bolo de cenoura. Mas quando os abri, ela ainda estava ali, com aquele vestidinho florido que ela tanto amava.O enterro terminou por volta das 18:00 horas, foi difícil ver eles a colocando em um buraco no chão, foi difícil quando o túmulo se fechou, foi difícil dizer minhas últimas palavras para ela, foi muito difícil, eu estava tão exausta, tão esgotada, queria apenas minha cama quentinha e meus fones de ouvido.

[...]

Quando cheguei em casa, vi meu pai ir direto na geladeira pegar uma latinha de cerveja, sei que era difícil pra ele, acho que até um babaca egocêntrico pode ficar triste na morte da mulher.

Não vi meu irmão desde que cheguei, subi os degraus da escada e logo senti uma brisa fria vindo da janela, mas era tão alta pra mim fechar, isso normalmente acontecia, e eu xingava mentalmente o arquiteto que não viu a possibilidade de uma anã morar nesta casa. Fui em direção ao quarto do Ruan, que era reconhecida pelas placas de não perturbe. Logo ouvi um som baixinho, quase inaudível de soluços, ele estava sofrendo, como não estaria? A mãe dele, melhor amiga acabava de ser enterrada no meio de terra e insetos nojentos, ele estava sofrendo e eu não sabia o que fazer, como ajudar alguém que não quer ser ajudado?

- Angie, eu sei que quer ajudar, mas sai daqui. - ele diz em meio aos berros. Juro que vê-lo assim me despedaçava ainda mais.

- Apenas quero ajudar...

- Não quero você aqui, sai! - Ele diz se exaltando. Resolvo não dizer nada , mesmo querendo ajuda -lo eu não poderia fazer nada naquele momento. Eu queria a companhia dele, e achei que ele previsava da minha, mas não queria. E se eu continuasse ali, nos dois iríamos começar a discutir e não seria nada legal.

[...]

Vou até meu quarto, na intenção de deitar um pouco. Mas assim que avisto minha cama um sentimento de vazio me preenche e eu me jogo ali mesmo no chão.

Eu queria ter dito mais a ela que a amo, queria não ter perdido toda minha lucidez para as drogas. Enquanto ela estava sofrendo, eu só estava pensando na minha própria dor... e pensar nisso me doía muito.

Não sei como, mas eu adormeci ali mesmo. Talvez eu estivesse cansada demais.

[...]

Acordei com um barulho de coisas caindo no chão. Me levantei meio confusa e com uma dor gigantesca na cabeça. Com meus olhos meio abertos, uma luz invadiu sobre eles, já era manhã, outra vez.

- Que droga - resmungo enquanto ponho a mão sobre as costas que doía.

Já em pé, vou até o banheiro e passo uma água sobre o rosto. Me olho no espelho e me sinto fraca. Estava com fome mas não queria comer nada.

Me dirijo até o quarto do meu irmão, que parecia ser a fonte do barulho. Chegando lá, tudo está revirado, jogado no chão, de ponta a cabeça.

- O que aconteceu aqui? Ruan, Ruaaaaan - grito pelo nome do meu irmão mas não obtive sucesso.

Adentro o quarto e corro até a janela. Olhando lá de cima avisto meu irmão conversando com uns caras estranhos. Observei por um tempo e um deles mostra uma arma na sua cintura.

Me desesperei mais continuei imóvel.

Pela tatuagem em um dos braços do mais alto, eles eram do maior quartel dali, Los demonios asesinos. O que meu irmão estava fazendo metido com essa gente?

Ele diz algumas coisas para eles, em seguida eles entram no carro e faz sinal de 4 com a mão.

Meu irmão entra em casa novamente então eu corro para o andar de baixo, chegando lá ele parecia nervoso, atordoado.

- Ruan? O que você estava fazendo com aqueles caras?

- Não é da sua conta Angie. - ele sobe as escadas correndo.

- E claro que e da minha conta. Você é meu irmão.

- É, você acrtou, você é minha irmã, não minha mãe. - Ele entra no quarto e bate a porta na minha cara. Começo a bater na porta desesperadamente.

- Ruan, eu só quero saber se você está bem. - Continuo batendo na porta e tentando entrar. Mas estava trancada e ele não me dava ouvidos.

Escutei barulhos vindo de lá e fiquei preocupada.

- Ruan, abra já essa porta! Eu sei que está difícil para você, eu só quero conversa. Vai por mim, aqueles caras não vão trazer a mamãe de volta, as drogas também não... - Disse agora um pouco alterada. Um baralho vindo da janela foi escutado, corri pro meu quarto e olhei da minha janela para a dele.

As cortinas estavam voando pelo vento e, estava toda aberta. Olhei para o quintal e lá estava ele, dessa vez, outro carro. Outras pessoas. A mesma gangue.

Eu jamais teria visto meu irmão assim , eu realmente precisaria fazer alguma coisa.

O que eles queriam?

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