Um

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O primeiro dia de volta ao trabalho depois de tanto tempo, tanta tensão e minha licença médica por um fio, eu mal posso conter minha empolgação e me sinto como um residente que conseguiu uma cirurgia, a alegria quase não cabe em mim, ser cirurgiã novamente, poder operar, salvar vidas e ainda fazer isso no Grey-Sloan é como um sonho se tornando realidade bem na minha frente, a conversa não resolvida com o Andrew vez ou outra volta na minha cabeça e eu tento afastar o pensamento, não quero deixar nada atrapalhar esse momento que eu esperei tanto, mesmo que eu quisesse muito que ele estivesse comigo agora.
Quando eu entro no hospital quase não consigo conter a emoção, colocar o jaleco novamente foi tão emocionante quanto recebê-lo pela primeira vez, quando as portas se abrem e os residentes me recebem, é impossível não sorrir junto e então eu o vejo, meu coração erra uma batida e dispara, ele sempre tem esse efeito sobre mim, a Helm me abraça e eu tento não olhar diretamente pra ele, não contenho a ironia quando ele fala comigo mas também não fico ali, não dá, saio e vou, finalmente pro atendimento.

Não dá pra descrever o sentimento depois que eu saí da cirurgia, mas aqui é um hospital e não dá pra ficar curtindo essa sensação, logo eu sou chamada na emergência, chego ao leito e ele que me chamou, eu mantenho a seriedade
- Qual o caso, Dr Deluca?
Ele se aproxima de mim, muito perto e me entrega o tablet, então começa a falar sobre o paciente
- Quando os outros exames ficarem prontos, me avise
- Não se preocupe, eu vou lembrar de te avisar quando as coisas acontecerem
Ele sai e eu fico parada sem acreditar no que eu ouvi, respondo mais alguns chamados na emergência, vejo quando uma residente o chama, meu olhar é atraído pra lá, observo ela tocar no braço dele enquanto pergunta alguma coisa, sorri enquanto ele responde, pega na mão dele pra passar o tablet, o que será que houve aqui enquanto eu não estava?
Depois de algum tempo, estou parada no posto das enfermeiras, conferindo alguns papéis e ele se aproxima
- Os resultados estão aqui, doutora
Ele me entrega o tablet
- Sem indireta dessa vez?
- Tô ocupado sendo residente
- Achei que tava ocupado com uma amiga nova
Eu continuo vendo os exames
- Tá com ciúme, doutora?
- Eu não tenho ciúmes, doutor, prepare o paciente pra cirurgia
- E eu? Vou entrar?
- Ah, então operar comigo você quer?
- Será uma honra
- Claro que será
Eu saio e ele vai preparar o paciente.

Estou no lavatório e ele entra, a Helm entra em seguida e ele olha pra ela
- Ela vai entrar?
Ele me pergunta
- Algum problema com isso?
- Se você não quer que eu entre, é bom lembrar de me avisar
- Eu não disse que você não ia entrar, Dr Deluca e quando eu não quero uma coisa, eu deixo isso claro
Termino de lavar as mãos e entro na sala, não demora e os dois entram também, começamos a cirurgia em silêncio, só é dito o que é necessário, ele tá muito sério e eu to irritada, percebo a Helm olhar de um pro outro mas não comento nada, a cirurgia de 2 horas parece ter durado 20 de tão tenso que era o ambiente, quando eu termino, agradeço a ajuda e saio da sala, estou no lavatório e ele entra
- Meredith, isso tem que parar
Ele lava as mãos ao meu lado
- Então que tal você parar?
- Não tá sendo nem um pouco adulto, muito menos profissional
- Eu não pretendo atrapalhar sua carreira, sinto muito
- Você pode ter uma conversa sem ser irônica?
- Se me conhecesse, você saberia
Eu seco as mãos e saio do lavatório, agora eu to com muita raiva, eu vou direto pra um dormitório tentar me acalmar, ando de um lado pro outro e respiro fundo, a porta se abre, antes mesmo de ver quem é, eu dispenso
- Eu preciso ficar sozinha
- E eu preciso falar com você
De todo mundo que poderia ser, é exatamente ele, Andrew
- Eu não quero conversar agora
- Mas a gente precisa resolver isso
- E tem mais alguma coisa pra resolver?
Eu pergunto, eu irritada demais pra conversar agora
- Então você tá me dizendo que acabou?
- Você foi embora, Andrew, não me culpe
Eu digo tentando não alterar o tom de voz, mas tá sendo difícil
- Eu não fui embora
Ele responde muito sério, ele continua perto da porta e eu no meio do quarto
- Então aconteceu em um universo paralelo
- Para com essa ironia, você sabe que eu só quero que você pense no que você quer
- Eu sei o que eu quero, mas isso realmente não vai dar certo se você quer se comparar a gente ao meu relacionamento com o Derek, é diferente
- Eu não fiz isso, Meredith, não é uma questão de comparação
- Ficou claro pra mim que é
- Não é sobre ele, é sobre como você se sente
- E como você pode saber como eu me sinto, você acha que eu foi fácil pra mim dizer que eu te amo? Acha que foi fácil admitir pra mim a intensidade do que eu sinto? Tem alguma ideia do quanto isso me assustou?
Eu me aproximo dele enquanto eu falo, meus olhos marejados
- Não, Andrew, você não sabe
Ele fecha os olhos
- Droga, Meredith
Então ele me puxa pela cintura e me beija, eu não faço nenhum esforço pra resistir a isso, o beijo é intenso, desesperado, ele se afasta, tira minha blusa e volta a me beijar, eu puxo a camisa dele pra cima e ele me ajuda a tirar, voltamos a nos beijar, ele me deita na cama, sem parar de me beijar em nenhum momento, eu deslizo minhas mãos pelo corpo dele, o tórax, os braços, as costas, como eu senti falta dessa sensação, as mãos dele passeiam pelo meu corpo, acariciando e apertando, ele conhece meu corpo e minhas reações ao que ele faz, ele se apoia ao meu lado e termina de tirar minha roupa, quando eu vejo ele tirar a dele, mordo o lábio inferior, eu não vou cansar dessa vista, o jeito com que ele me olha parece que vai me fazer entrar em combustão, ele se encaixa entre as minhas pernas e me beija enquanto desliza dentro de mim, é como se nosso corpo se reconhece e sabe o que tem que fazer, quando eu cravo as unhas nas costas dele então ele aumenta o ritmo, ele sabe como eu gosto das coisas e sabe tanto que não demora eu sinto a onda de prazer me invadir e inundar meu corpo, é como se eu fui jogada pro alto e caído de volta numa nuvem, isso foi intenso, prazeroso ao extremo e absolutamente relaxante, ele deita ao meu lado e eu permaneço imóvel, to relaxada demais pra me mexer, então nossos celulares apitam ao mesmo tempo, ele suspira e levanta, eu não perco a oportunidade de admirar a vista, ele pega o celular
- Um acidente enorme no metrô, muitos feridos vindo pra cá
Ele pega minhas roupas, me entrega e começa a se vestir rápido, eu também me visto
- A gente termina essa conversa depois?
Ele pergunta
- Assim que der
Eu respondo e nós saímos rápido pra emergência

CONTINUA

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