Meu heroí - capítulo 2

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Já faz dois dias desde que prenderam aquele serial killer, e eu fui visitá-lo na prisão. Digo... não era bem uma prisão. Ele foi encaminhado para o Hospital Pisiquiátrico de Swellview, que fica tipo umas meia hora de distância do colégio. A Rose disse que eu não deveria ir porque iria me trazer lembranças ruins, mas eu fui mesmo assim. Ela ainda estava chocada, e perguntava coisas tipo: Meu Deus! Você viu o Capitão Man e o Kid Danger MESMO! Que demais! Como foi? Você falou com eles?? Isso é muito foda, porra! E ela não para de falar nisso... digo, o que tem demais?? Claro, eu fui salva por dois super heroís! Grande coisa... Enfim, chegando no hospital, me conduziram até uma sala fechada, com paredes brancas e sem nenhuma janela. Através do vidro, do outro lado, estava ele. O homem que quase me sequestrou. Que tentou me sequestrar. Sabe-se lá o que ele poderia ter feito comigo se meus amigos não estivessem ali naquela hora. Ele olhava para mim sem nenhuma expressão em seu rosto, nada. Não havia raiva, não havia tristeza, medo, alegria ou remorço. Nada. Só algo que parecia curiosidade. Ele estava curioso. A respeito de quê? Eu me sentei, o encarando, e esperava estar parecendo séria. Enfim, ele deu um sorriso. Um sorriso leve e curto, mas malicioso.

- Olha só quem está aqui... achei que não fosse me lembrar de você depois da surra que eu levei. Veio me xingar? Por quê está aqui, garotinha?

Eu respirei fundo. O que ia dizer? O Ray estudou toda a ficha criminal desse homem, e descobriu coisas horríveis. Seus crimes eram particularmente hediondos, envolvendo estupro, necrofilia e canibalismo. Ele bateu na cabeça de um rapaz até ele ficar inconsciente, o estrangulou e o matou. Então tirou as roupas do corpo, se masturbou e ejaculou em cima do cadáver. No dia seguinte, o assassino dissecou o corpo e enterrou os restos mortais em uma cova rasa em seu quintal. Eu estremeci. Que tipo de monstro estava olhando para mim agora? Quem faria uma coisa dessas? A Rose tinha razão. Eu não deveria ter vindo vê-lo. Aquele homem que estava sentado à minha frente era uma criatura das trevas, um verdadeiro vilão. Senti as lágrimas inundarem meus olhos pouco antes de falar.

- Você tentou me sequestrar, mas não conseguiu. O que teria feito... se ninguém estivesse lá pra me salvar?

Ele me encarou durante alguns instantes e sorriu. Mas permaneceu em silêncio até que finalmente disse:

- Eu teria lhe trancado num depósito. Depois, usaria de você. E quando estivesse satisfeito, começaria a machucá-la com uma chave de fenda. E então, quando já estivesse implorando para morrer, eu esmagaria o seu crânio e jogaria o seu corpo num riacho.

Aquelas palavras frias, intensas e terríveis penetraram minha imaginação, e todas aquelas imagens vieram à tona. Eu não aguentei. Minhas lágrimas caíram, mas ainda queria parecer forte. Me levantei para ir embora e lhe mostrei o dedo do meio. Só quis ir para casa.
Voltei pro Bugingangas e quando entrei na caverna man, tava só o bagaço. Havia comida por todo lado, fatias de pizza jogadas pelo chão, natchos e batatas, eu nem prestei atenção nessa bagunça toda. Quando vi melhor, lá estava o Ray jogado no meio do sofá, dormindo que nem um animal silvestre. O Henry também, só que no chão, igual um saco de merda. O que diabos aconteceu aqui?? Eu gritei pros dois acordarem.

- EI! Que é isso? Que merda é essa? Gente, esse lugar tá uma porra.

O Henry abriu os olhos, meio sonolento e esfregou o rosto num bocejo animalesco.

- Shhhhh, só mais cinco minutos...
- Henry!
- Tá bom! Tá... - ele se remexeu no chão.
- Que foi que aconteceu aqui?

Não recebi nenhuma resposta. Parecia que duas tempestades tinham feito uma orgia intensa dentro da sala, um surubão de loucura. Peguei um dos travesseiros que estava atirado no chão e joguei na cara do Ray, depois atirei um sushi supremo no Henry. Os dois levantaram repentinamente de susto, ambos meio grogs. O adulto exclamou:

Chenry ~ capitulo 2Onde histórias criam vida. Descubra agora