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Eu fui para casa sem olhar para trás. Ainda tinha aquela pontinha de esperança que Jungkook iria atrás de mim dizer que me amava e que não era apenas desejo o que sentia por mim, mas logo volto a realidade. Jungkook, apesar de ser bem maduro para a sua idade, ainda é um adolescente, e como qualquer adolescente, quer sentir prazer. Eu já deveria esperar isso. Eu sou um ômega, meu cheiro o atiça.

Entro no meu carro segurando as lágrimas. Eu sempre sonhei em construir uma família ao lado do alfa que amava, e de um tempo para cá eu posso dizer com todas as letras que eu amo Jungkook.

Meu lobo se apaixonou perdidamente por seu lobo e eu por ele. Mas eu não sou um simples brinquedo que ele pode usar e depois jogar fora! Eu sou o que? Camisinha, que é usada e depois jogada no lixo cheia de porra? Não!

Provavelmente depois desse pensamento eu vou começar a sentir pena das camisinhas.

Eu ligo o carro e dirijo até o meu pequeno apartamento no centro da cidade, deixando as lágrimas grossas rolarem pelo meu rosto. Eu odeio ser ômega por ser tão sensível.

Subo para o meu andar e jogo a pasta em cima da mesa de jantar. Eu já tinha adiantado todos os trabalhos, então eu podia ficar o resto do dia afogando as minhas mágoas em um pote de sorvete. Certamente só comida não bastaria.

Ligo a luz roxa da minha sala e o pequeno abajur que ficava do lado do sofá. Ambos iluminavam muito pouco, mas o suficiente para eu poder ler um livro sem a minha visão ser danificada. Pego um pote de sorvete na cozinha e um livro de terror na minha estante antes de voltar a me sentar no meu sofá espaçoso. Ligo a Tv e coloco no volume mínimo, apenas para enganar a minha mente que tem alguém em casa. Logo enfio a cara no livro "O médico e o monstro" que eu tinha pegado.

Eu passei a tarde toda assim: lendo, comendo sorvete, que parecia ser infinito já que o pote ainda não estava vazio, e lamentando pelos meus sentimentos feridos por um adolescente de 18 anos. Cada vez parece mais ridículo. Um adulto de 23 anos estar deprimido por um adolescente alfa seguir os seus instintos. Por isso eu sempre preferi betas! Eles são mais pela razão do que pelo impulso animal.

Já eram 20:00 h quando ouço alguém bater na minha porta. É inacreditável como nem sofrer por um dia eu posso, eu tenho que sentir raiva o tempo todo!

Passo as mãos no meu cabelo loiro e limpo os risquicios de lágrimas que ficaram no meu rosto. Eu continuo vermelho e com os olhos inchados pelo choro, mas nenhum vizinho iria se importar.

Abro a porta e dou de cara com Yoongi, que já estava impaciente.

- Jungkook?- ele pergunta meio debochado.- sempre soube que não era tão certinho quanto aparenta!

- Cala a boca Yoongi!- eu mandei.- Já deu por hoje, não?

- Calma, eu não vim aqui colocar sal na ferida.- ele ergue as mãos em rendição. - só queria saber o que aconteceu direito.

- Nada demais!-eu tento fechar a porta na sua cara, mas ele entra antes que a porta pudesse fechar.

- Jimin, não me irrita!- ele manda- Conta logo o que aconteceu.

- Ele me deu um selinho e falou que me desejava.- eu falei com raiva, voltando a me sentar no sofá.

- Meu querido amigo ômega temperamental, quando o crush diz isso a gente fica feliz e não triste!- ele fala com graça.

- Desejo podemos sentir por qualquer um! Eu quero ser amado, entende? Sou ômega para casar e não...e eu tambem sou professor dele! Nao uma prostituta barata! -eu me justifiquei.

- Se fosse teria uma fila enorme para atender.- Yoongi ri.

- Eu não vou considerar isso como elogio.

- Como quiser! Sabe que vai ter que dar aula para ele amanhã, não sabe?- ele pergunta com deboche.

-sei, e vou fingir que nada aconteceu entre nós.- eu respondo com um pouco de grosseria.

-Mas você não é apaixonado por ele?- Yoongi pergunta confuso.

-Sou, mas eu sou professor dele e isso não seria ético!

-Ui ui, olha ele! Park Jimin tá apaixonado! Tá amando!- ele ri e eu dou um sorriso.

-talvez..- respondo atingindo a indiferença desejada no meu tom de voz.

-Que seja, eu já vou indo...-ele me abraça.- Boa noite pequeno ômega temperamental!- ele sai correndo do meu apartamento antes que eu pudesse bater nele.

Eu volto a comer meu sorvete enquanto terminava o livro até ouvir alguém batendo na porta, e como o yoongi não saiu nem há 5 minutos, só pode ser ele.

Levanto e abro a porta, me deparando com o alfa que fazia meu coração acelerar mesmo estando magoado consigo. Será possível que o universo quer tanto o meu cu assim?

- J-Jungkook?-eu pergunto assustado.

- Jimin, podemos conversar?- ele pergunta.

Não! Não! Não! De jeito nenhum! Nem morto! Nananinanão!

- Pode ser...- QUE? Eu só posso ser idiota.

Ele entra no meu apartamento.

- Sempre imaginei como deveria ser a sua casa.- Jungkook fala olhando para todos os cantos da sala.- ela é fofa como você.

-Vamos direto ao ponto Jungkook!- eu mando sentindo as minhas bochechas corarem.

-Jimin, eu... eu não consigo explicar. Desde que eu te vi meu lobo se agitou. Eu... eu preciso de você ao meu lado. Eu não quero apenas um noite contigo, eu quero que a minha vida inteira seja ao seu lado. Doeu quando você foi embora porque eu sabia que tinha te magoado e ardeu, bem aqui.- ele coloca a sua mão sobre o seu peito, onde fica o seu coração.- no lugar que sempre foi aquecido pelo seu sorriso.- Eu podia sentir sinceridade e carinho em cada palavra.

-Jungkook eu...

-Jimin, eu te amo!- ele falou baixo com a mão ainda em cima do peito e eu arregalo os olhos.- Eu quero ser o príncipe encantado que você merece.

Eu continuava estático. Só podia ser mentira.

- Você me ama?-eu pergunto novamente.

- eu te amo como eu nunca amei ninguém.- Jungkook se aproxima, colocando a minha mão sobre o seu coração acelerado. - e você... me ama?

- Eu te amo!- ele iria me beijar, mas eu coloco a minha mão entre nossas bocas.- Mas não seria ético um professor se relacionar com um aluno.

-Sabe o que é pior? Nós separados. Ano que vem eu ja vou para a faculdade e estamos no fim desse ano! Por favor, não me faz esperar mais do que eu ja esperei.- ele pediu e eu fiz um expressão pensativa.

Fiz um breve carinho em seu pescoço com o meu polegar e o beijei. Jungkook correspondeu quase imediatamente o beijo e enlaçou os seus braços musculosos na minha cintura. Eu desci um pouco as minhas mãos, segurando em seus ombros. Jeon pediu passagem com a língua e eu sedi, explorando com luxúria toda a boca dele igual ele fazia com a minha.

Meu lobo uivava dentro do meu peito de tamanha felicidade. Mas tivemos que nos afastar pela falta de ar.

- O seu príncipe encantado poderia passar a noite aqui para cuidar e mimar o seu amado?- ele pergunta com um sorriso de lado.

- Claro!- eu sorrio e novamente nos beijamos.- mas se você é o príncipe encantado, quem eu sou?

- O meu princeso!- nós dois rimos fracos enquanto trocávamos um olhar apaixonado.

- Eu sou mais velho, então eu acho que eu deveria ser o rei.- eu brinco.

- Vamos lembrar que um rei só pode ser considerado rei se ele tiver alguém para compartilhar o trono.- Jungkook sorri.

- Então enquanto eu não me caso, eu vou continuar sendo o princeso.- nós dois rimos e fomos para o sofa, onde ficamos de conchinha trocando carícias e beijos.

A final, eu mereço ter o meu "felizes para sempre" nem tão ético assim.

Ética - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora