Parceiro Forçado

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Kate

Três dias depois

Ainda estávamos naquele porão. Eu mal conseguia me manter consciente — fraca, faminta, desidratada. A dor já fazia parte de mim.

— Desculpa... — murmurou Luke, pendurado pelas mãos, o corpo oscilando levemente com a respiração fraca.

— Quem devia pedir desculpas sou eu... — sussurrei. Minhas palavras saíam baixas, quase sem força. — Fui eu quem te entregou, Luke...

— Que isso, maninha... — Ele tentou esboçar um sorriso. — Eu devia ter te libertado quando tive a chance.

Luke era o único em quem confiava naquela delegacia. O único que me via além das cicatrizes, das mentiras. Ver ele ali, machucado por minha causa, me dilacerava.

— Me perdoa... — sussurrei, e uma lágrima solitária caiu pelo meu rosto.

— Tá tudo bem, maninha... Mas posso te pedir uma coisa?

Assenti com dificuldade.

— Se vinga por mim.

Pela primeira vez em dias, meus lábios se curvaram num sorriso sincero.

— Pode deixar... eu vou.

O som da tranca girando interrompeu aquele pequeno instante de paz. Nathan entrou, acompanhado de um garoto que parecia não ter mais que 17 anos.

— Que cena comovente... — disse Nathan com sarcasmo. — A vadia e o traidor batendo papo.

Fiquei em silêncio.

— Já que vocês se despediram, acho que posso matar o Luke agora. — sorriu, cruel.

Sem hesitar, ele cobriu a cabeça de Luke com um saco. Não tive forças para reagir — fechei os olhos. Um segundo depois, o barulho dos tiros ecoou no porão. Meu corpo estremeceu.

— Você, por outro lado... ainda é útil pra mim. — disse, vindo na minha direção.

— Acha mesmo que vou te ajudar? — rebati, sarcástica. — Continua sonhando.

— Eu conheci a Melissa... — Ele sorriu, cínico.

Na hora, meu sangue gelou. Como ele sabia da Melissa? Ninguém, além do meu pai, conhecia sua existência.

— Se tocar nela, eu te mato. — minha voz tremeu, o desespero transparecendo.

Melissa era meu porto seguro. Minha irmãzinha. Protegida por anos, escondida do mundo. E agora estava nas mãos dele?

— Criança linda, por sinal. — provocou.

— Onde ela está? — perguntei, tentando manter a calma.

— Com uma tal de Maria. Te diz algo? — ele zombou.

Senti meu coração apertar. Ela era só uma criança. Ela não merecia isso.

— Ela é só uma criança, seu monstro... — minha voz falhou.

— Nós não somos tão diferentes assim, Cooper. — disse sério.

— EU NUNCA MATEI CRIANÇAS! — gritei, sem conseguir conter a raiva.

— Não matei sua irmã. Ainda. Mas se não colaborar, talvez o destino dela mude rapidinho.

Fiquei em silêncio. Não tinha forças pra lutar, nem pra discutir. Mas, céus, por que ele precisava ser tão gostoso mesmo sendo um maldito psicopata?

— Ryan, pega ela. — ordenou, virando-se para o garoto.

Ryan veio até mim e me desamarrou. Se não fosse por ele me segurar, teria desabado no chão. Logo, dois seguranças se aproximaram, agarrando-me pelos braços. Meus olhos ardiam. Estavam me arrastando para fora do porão.

Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora