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    Eu olhava para a janela e via os pingos de chuva caindo e aterrissando no chão de cimento ao lado de fora da minha sala de aula. Professora Stanford escrevia na lousa sobre algum livro que deveríamos ler para o final do mês, o restante da classe parece tão desinteressado quanto eu.
    E foi naquele momento de distração que o vi: o garoto novo de cabelos castanhos escuros despenteados, pele clara e olhos azuis quase tão cinzentos quanto o céu lá fora. Ele rabiscava a contracapa do seu caderno de Filosofia, com os pensamentos longe. Quando, de repente, seus olhos desviaram do caderno para os meus senti como se uma forte onda de eletricidade passasse por minhas veias, me acendendo por dentro. Nos encaramos por alguns instantes, surpreendentemente não desconfortáveis, até eu decidir que aquele contato já havia passado de um limite aceitável e o desfiz.
     Alguma coisa a partir daquele momento mudara. É como se eu pudesse sentir sua presença na sala, como se enchesse o lugar com sua energia. Algo nele fazia meu corpo reagir de um jeito estranho à sua presença. E de repente me vi numa frenesi de querer tocá-lo e descobrir se a pele dele era tão macia quanto aparentava.
    E o garoto com olhos de céu não saiu de meus pensamentos até o final do almoço. Como alguém que nem conheço pode ter me feito esquecer de toda a bagunça que está minha vida tão facilmente, só com um simples olhar? Já sei que estou encrencada.

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