Você? Parte 2

2.5K 155 9
                                        

Kate

— O que ela está fazendo aqui? — Jaden perguntou, me encarando com um olhar enigmático.

— Surpreso em me ver, Jaden? — respondi com frieza, sem desviar o olhar.

— Vocês se conhecem? — perguntou Nathan, a voz tão gelada quanto o olhar.

— Ele trabalha pra você? — questionei, virando-me para encará-lo.

— Trabalha. Agora responde. — ele disse, com a mesma frieza. Respirei fundo, tentando processar. Não podia acreditar que Nathan estava aliado a Jaden.

— Ele é o braço direito do Maicon. — revelei, encarando Jaden com firmeza.

— COMO É QUE É?! — gritou Nathan, visivelmente abalado.

— Cara, ela tá mentindo! Eu jamais te trairia! — disse Jaden, me fulminando com os olhos.

— Por que eu mentiria? — questionei, olhando de um para o outro.

— Sua vadia... eu vou te matar. — rosnou Jaden, avançando em minha direção.

Ele sacou a arma e a apontou para mim.

— JADEN, PARA AGORA! — Nathan gritou entre os dentes.

— Vai acreditar nessa vagabunda? Eu nunca te trai, patrão! — Jaden respondeu, sem tirar os olhos de mim.

— Que cara cínico... O Maicon tá te pagando quanto, hein? Ou melhor... o que ele te prometeu, Jaden? — perguntei com raiva transbordando na voz.

— Eu juro que vou te matar... e a você também, Miller! — gritou ele antes de correr em direção à porta.

Me abaixei rapidamente ao ouvir os disparos. O som dos tiros ecoou pela sala. Me protegi atrás de um móvel qualquer, tentando evitar ser atingida. Quando o silêncio finalmente tomou conta do ambiente, levantei devagar. Os garotos estavam ao redor de Nathan. Fui até eles, o coração ainda acelerado.

— O que aconteceu? — perguntei, ao ver Nathan caído no chão, com a mão cobrindo os olhos.

— Jaden fugiu. Nathan levou um tiro de raspão na perna. Nada grave. — respondeu Ryan, com a voz firme.

— Deixa eu ver. — falei, me abaixando, levando a mão até a mancha de sangue em sua calça.

— Não. — disse Nathan, segurando meu pulso com força. O encarei, confusa.

— De onde você conhece ele? Vai me dizer que já trabalhou pro Maicon também? — perguntou com um tom debochado, quase venenoso.

— Claro que não. — respondi, recuando, sentindo a tensão aumentar no ar.

— Então fala. — ele insistiu, frio como gelo. Um arrepio percorreu minha espinha.

— Nathan... — tentei explicar, mas ele me cortou.

— FALA LOGO, SUA VADIA! — ele gritou, apertando minha mão com tanta força que senti meus ossos quase cederem.

— Me solta! — sibilei, entre dentes.

— Ryan. Chaz. — ordenou ele.

Os dois me seguraram pelos braços, me prendendo ali.

— Manda eles me soltarem, agora, Nathan! — exigi, minha voz carregada de raiva.

— Acho que aquele castigo não foi o suficiente. — ele disse com desdém, e o sangue ferveu nas minhas veias.

— ME SOLTA! — gritei, lutando contra os dois.

— Cala a boca, vadia. — ele disse seco, antes de me dar um tapa violento no rosto.

— ELE MATOU A MINHA IRMÃ! TÁ FELIZ AGORA?! — gritei, com toda a dor e raiva que estavam presas dentro de mim.

Nathan ficou em silêncio, apenas me observando com um olhar estranho... curioso.

Depois de alguns segundos, ele finalmente falou:

— Sua irmã está viva. Eu a vi.

— Outra. — murmurei, e os meninos me soltaram. — Me leva embora... por favor. — pedi, saindo do galpão sem olhar para trás.

Relembrar aquela história rasgava meu peito mais uma vez. Ver como ele a matou... era como se a dor tivesse se entranhado em mim. Cresci com essa lembrança queimando na memória. Nunca consegui esquecer. E, no fundo, sabia que nunca esqueceria.

Nathan passou por mim em silêncio e entrou no carro. Eu o segui, sem dizer uma única palavra. O caminho foi quieto, pesado. Nenhum de nós se olhou — só o som da chuva começando a cair quebrava o silêncio incômodo.

Assim que chegamos na casa, saí correndo do carro, entrei e subi direto para o quarto onde eu estava hospedada. Tranquei a porta. Fui até o banheiro, tirei a roupa e entrei debaixo do chuveiro. A água quente escorria pelo meu corpo, mas não era suficiente pra lavar a dor. Sentei no chão frio e comecei a chorar, como uma criança. As imagens da minha irmã sendo torturada tomaram conta da minha mente como se estivessem gravadas a fogo.

Fiquei ali por quase uma hora, até minhas lágrimas se misturarem com a água. Depois, vesti uma calça de moletom e um casaco. A chuva lá fora já caía forte, e eu nem tinha percebido. Fechei a janela, deitei na cama e me encolhi, buscando algum conforto no silêncio.

Três batidas na porta me tiraram do torpor.

— Entra. — falei com a voz rouca, quase sem força.

Nathan entrou.

— Você tá bem? — ele perguntou, a voz baixa.

— E você se importa? — retruquei, sem encará-lo.

— Kate... — ele começou, mas eu o cortei.

— Sai daqui. — disse, finalmente olhando para ele. Meus olhos estavam vermelhos, o rosto ainda molhado do choro.

— Não antes de você me contar sobre sua irmã. — disse, fechando a porta atrás de si. Caminhou até a cama e se sentou ao meu lado. — Pode começar.

Me sentei, devagar. Nossos olhos se encontraram. E naquele momento, o peso do passado caiu entre nós dois como uma avalanche.

Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora