Kate
— O que ela está fazendo aqui? — Jaden perguntou, me encarando com um olhar enigmático.
— Surpreso em me ver, Jaden? — respondi com frieza, sem desviar o olhar.
— Vocês se conhecem? — perguntou Nathan, a voz tão gelada quanto o olhar.
— Ele trabalha pra você? — questionei, virando-me para encará-lo.
— Trabalha. Agora responde. — ele disse, com a mesma frieza. Respirei fundo, tentando processar. Não podia acreditar que Nathan estava aliado a Jaden.
— Ele é o braço direito do Maicon. — revelei, encarando Jaden com firmeza.
— COMO É QUE É?! — gritou Nathan, visivelmente abalado.
— Cara, ela tá mentindo! Eu jamais te trairia! — disse Jaden, me fulminando com os olhos.
— Por que eu mentiria? — questionei, olhando de um para o outro.
— Sua vadia... eu vou te matar. — rosnou Jaden, avançando em minha direção.
Ele sacou a arma e a apontou para mim.
— JADEN, PARA AGORA! — Nathan gritou entre os dentes.
— Vai acreditar nessa vagabunda? Eu nunca te trai, patrão! — Jaden respondeu, sem tirar os olhos de mim.
— Que cara cínico... O Maicon tá te pagando quanto, hein? Ou melhor... o que ele te prometeu, Jaden? — perguntei com raiva transbordando na voz.
— Eu juro que vou te matar... e a você também, Miller! — gritou ele antes de correr em direção à porta.
Me abaixei rapidamente ao ouvir os disparos. O som dos tiros ecoou pela sala. Me protegi atrás de um móvel qualquer, tentando evitar ser atingida. Quando o silêncio finalmente tomou conta do ambiente, levantei devagar. Os garotos estavam ao redor de Nathan. Fui até eles, o coração ainda acelerado.
— O que aconteceu? — perguntei, ao ver Nathan caído no chão, com a mão cobrindo os olhos.
— Jaden fugiu. Nathan levou um tiro de raspão na perna. Nada grave. — respondeu Ryan, com a voz firme.
— Deixa eu ver. — falei, me abaixando, levando a mão até a mancha de sangue em sua calça.
— Não. — disse Nathan, segurando meu pulso com força. O encarei, confusa.
— De onde você conhece ele? Vai me dizer que já trabalhou pro Maicon também? — perguntou com um tom debochado, quase venenoso.
— Claro que não. — respondi, recuando, sentindo a tensão aumentar no ar.
— Então fala. — ele insistiu, frio como gelo. Um arrepio percorreu minha espinha.
— Nathan... — tentei explicar, mas ele me cortou.
— FALA LOGO, SUA VADIA! — ele gritou, apertando minha mão com tanta força que senti meus ossos quase cederem.
— Me solta! — sibilei, entre dentes.
— Ryan. Chaz. — ordenou ele.
Os dois me seguraram pelos braços, me prendendo ali.
— Manda eles me soltarem, agora, Nathan! — exigi, minha voz carregada de raiva.
— Acho que aquele castigo não foi o suficiente. — ele disse com desdém, e o sangue ferveu nas minhas veias.
— ME SOLTA! — gritei, lutando contra os dois.
— Cala a boca, vadia. — ele disse seco, antes de me dar um tapa violento no rosto.
— ELE MATOU A MINHA IRMÃ! TÁ FELIZ AGORA?! — gritei, com toda a dor e raiva que estavam presas dentro de mim.
Nathan ficou em silêncio, apenas me observando com um olhar estranho... curioso.
Depois de alguns segundos, ele finalmente falou:
— Sua irmã está viva. Eu a vi.
— Outra. — murmurei, e os meninos me soltaram. — Me leva embora... por favor. — pedi, saindo do galpão sem olhar para trás.
Relembrar aquela história rasgava meu peito mais uma vez. Ver como ele a matou... era como se a dor tivesse se entranhado em mim. Cresci com essa lembrança queimando na memória. Nunca consegui esquecer. E, no fundo, sabia que nunca esqueceria.
Nathan passou por mim em silêncio e entrou no carro. Eu o segui, sem dizer uma única palavra. O caminho foi quieto, pesado. Nenhum de nós se olhou — só o som da chuva começando a cair quebrava o silêncio incômodo.
Assim que chegamos na casa, saí correndo do carro, entrei e subi direto para o quarto onde eu estava hospedada. Tranquei a porta. Fui até o banheiro, tirei a roupa e entrei debaixo do chuveiro. A água quente escorria pelo meu corpo, mas não era suficiente pra lavar a dor. Sentei no chão frio e comecei a chorar, como uma criança. As imagens da minha irmã sendo torturada tomaram conta da minha mente como se estivessem gravadas a fogo.
Fiquei ali por quase uma hora, até minhas lágrimas se misturarem com a água. Depois, vesti uma calça de moletom e um casaco. A chuva lá fora já caía forte, e eu nem tinha percebido. Fechei a janela, deitei na cama e me encolhi, buscando algum conforto no silêncio.
Três batidas na porta me tiraram do torpor.
— Entra. — falei com a voz rouca, quase sem força.
Nathan entrou.
— Você tá bem? — ele perguntou, a voz baixa.
— E você se importa? — retruquei, sem encará-lo.
— Kate... — ele começou, mas eu o cortei.
— Sai daqui. — disse, finalmente olhando para ele. Meus olhos estavam vermelhos, o rosto ainda molhado do choro.
— Não antes de você me contar sobre sua irmã. — disse, fechando a porta atrás de si. Caminhou até a cama e se sentou ao meu lado. — Pode começar.
Me sentei, devagar. Nossos olhos se encontraram. E naquele momento, o peso do passado caiu entre nós dois como uma avalanche.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]
Ficção AdolescenteDuas almas marcadas. Dois caminhos opostos. Um mesmo alvo. Kate Cooper, agente do FBI. Nathan Miller, traficante cruel. Ambos jovens. Ambos perigosos. Ambos com um passado que grita por vingança. Quando o destino cruza seus caminhos, o caos se insta...