Decaída

Capítulo Extra

A vista estava bastante agradável. Os carros passavam depressa como todos os dias. O sol deu o ar da sua graça depois de dias seguidos de bastante chuva na cidade. Não que eu esteja reclamando, afinal, quanto mais chuva, mais café seria feito. 

A vista da vidraçaria realmente era ótima. Jmin gostava bastante dela quando costumávamos vir, e estava ansioso para vê-la novamente.

 Eu ainda não trabalhava naquela cafeteria naquele tempo, por coincidência, soube que havia uma vaga disponível em um dos encontros românticos que tinha com o antigo loiro naquele lugar, a uns anos atrás.

Um local simples; um café simples e troca de palavras simples. Eram assim, os nossos encontros.

Na verdade, se eu pudesse resumir nossa relação em uma palavra, com certeza essa seria "Simples".

Deve ser por isso que me apaixonei.

Me apaixonei pela sua simplicidade, que combinava com a minha. 

A primeira coisa que fizemos quando saímos do hospital -depois de um tempo em repouso e observação- também foi simples. Arrastando a cadeira de rodas pelas ruas, o sorriso de canto a canto com o coração a mil. 

A cafeteria onde sou barista não fica muito longe do hospital, então ainda sim, podíamos ir andando até lá. 

Sua animação era muito visível, Jimin não parava de olhar para os lados como se estivesse vendo tudo pela primeira vez. O tempo todo apontando para as coisas no meio da rua, vendo os donos passeando com seus animais e se sentindo totalmente feliz em acariciá-los quando podia.

Longos meses preso dentro de um quarto branco...Acho que até eu ficaria assim.

-Amor, você 'tá parecendo um ET. - Soltei um risinho quando o baixinho riu também, dando-me um tapa na mão que segurava sua cadeira de rodas.

-Idiota, estou só empolgado por finalmente tomar o café que você me prometeu a um tempão. - Deu ênfase no "tempão". 

-Hey, foi mal. Não reclame tanto, estou levando agora, não estou? - Arqueei a sobrancelha, mesmo que ele não pudesse ver. 

-Hm, tá. 

Já falei que ele parecia um gatinho raivoso que não dava medo nenhum mesmo querendo que fizesse algum medo?

Não? Estou falando agora. 

-Chegamos, gatinho. - Ri do próprio apelido que eu inventei, condizia totalmente com o que ele é.

Ao adentrar o local - que graças aos Deuses não estava tão cheio.- levei a cadeira de rodas até uma das mesas do canto, onde ficavam as vidraçarias enormes que mostravam as ruas movimentadas. Deixei ele sentadinho e perguntando mil vezes se ele estava confortável, quando recebi as mil respostas de um "sim" arrastado, eu pude relaxar e correr para detrás do balcão, começando a fazer dois cafés do jeito que ele gostava, por vezes cumprimentando meus amigos de trabalho que sorriam felizes por mim, me dando forças para a surpresa que estava preparando no tempo em que ele estava de observação no hospital.

-Valeu, gente.

Agradeci sorrindo, logo correndo de volta para mesa com dois cafés e dois pedaços de torta de morango. É a preferida dele.

Ao voltar para mesa, seus olhos percorriam por todo café e lá fora olhando os carros passarem em alta velocidade, sua touca cobria sua carequinha. E na minha opinião, é adorável o seu jeitinho, dava para ver o quanto ele estava animado.

-Voltei. -Sentei em sua frente tirando os dois cafés da bandeja, junto dos dois pratinhos com torta. -Torta de morango e o seu café preferido.

-Você sempre atencioso. -Sorriu. Um sorriso vivo, que a muito tempo não via. - Lembra quando você comprava torta de morango e me trazia na época que queria namorar comigo?

Ri, era linda a nossa história. Confesso que eu sempre fui muito babão, mas é impossível não ser. Me sentia na vontade de fazer todos os seus gostos apenas para agradá-lo e ver seu sorriso.

-Lembro, eu era muito...Babão mesmo. 

-Continua babão, amor. - Comentou rindo, começando a comer. Ele segurou minha mão enquanto isso e fazia um carinho singelo que aquecia meu coração.

Um silêncio fez parte na mesa. Não era um silêncio incômodo, foi como se tivéssemos que parar e pensar, nos olhando enquanto comíamos. Eu observava o quanto ele estava feliz. Seus olhos não paravam de me encarar com carinho. Foi quando me surpreendi com suas palavras: 

-Casa comigo? Eu sei que acabei de sair de um hospital e de uma quase morte, mas é o que está me fazendo tomar iniciativa dessa pergunta. Eu não posso mais esperar nem um pouco para casar com você. Eu saí de um período difícil e descobri que eu preciso viver minha vida melhor ao lado de alguém que eu amo verdadeiramente. E você sabe, esse alguém é você. Não irei conseguir encontrar alguém como você. Precisamos casar, precisamos cuidar da nossa casa, precisamos fazer viagens, juntos. Por isso...Casa comigo, Jungkook? -Seus olhos estavam marejados e ele já segurava minhas duas mãos, as fazendo carinho.

Não sei o que sentir, o que fazer. Meus olhos marejaram e a emoção era tanta, que meu coração batia em um ritmo que não era normal. 

Eu nunca imaginei que ele faria isso, que ele tomaria essa iniciativa e fui pego de surpresa.

-Querido, é engraçado o quanto a gente se completa de alguma forma. - Ri baixo, fungando no processo- Céus, como você adivinhou? Eu estava preparando isso desde que você estava no hospital. -Tirei do bolso da calça o objeto com dificuldade e mãos trêmulas. Aposto que estava parecendo um idiota atrapalhado. Abri a caixinha preta, lhe mostrando o anel recém comprado; simples e lindo, como ele. - Eu ia te pedir em casamento hoje, mas você pediu antes e...Deus, claro que eu aceito!

-Você estava preparando isso pra mim? É sério? - Ele chorava feito um bebê com as mãos no rosto. - Vamos casar?

No momento, já tinha muitos telespectadores do café nos olhando com carinho e alguns olhares reprovadores, por sermos dois homens. Mas eu estava pouco me lixando para isso. Sai do meu lugar, me sentando ao seu lado, beijando seu rostinho em todos os cantos e pegando sua mão.

-Sim, meu amor. Vamos casar. - Retirei o anel da caixa e pus com delicadeza e calma no seu dedo anelar. -Ficou lindo em você. O que não fica? Você é perfeito, obrigado por fazer parte da minha vida.

- Eu que agradeço por não ter desistido de mim, por ser meu porto seguro quando mais precisei, por me amar mesmo estando carequinha...Eu te amo, Jungkook.

- Eu te amo, Park Jimin. 

No fim de tudo, realizei seu sonho de tomar um café e eu...Realizei o meu, de casar com ele.

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Sim, eu decidi fazer um capítulo extra e espero que os poucos leitores dessa pequena fanfic que foi feita com muitooo amor, gostem!

Beijos 💕