O clima em Londres naquele dia era nublado e possuía uma ameaça de chuva, fazendo que com as poucas pessoas que se arriscavam a sair de casa, se apressarem em procurar um lugar para se abrigar e se aquecer. Dentro do apartamento na Rua Baker, o ambiente era confortavelmente aquecido por uma lareira.
John estava sentado na poltrona de seu companheiro com seus pés sendo aquecidos pelo calor e escrevendo uma de suas ultimas aventuras em seu blog. Ao terminar, ele colocou seu notebook em cima da mesa e se aconchegou na poltrona, deixando sua mente vagar para todas as venturas, perigosas e intrigantes que ele já teve desde que conheceu o detetive
"O que você está pensando?"
"Desculpe, o que você disse?" John acorda de seus pensamentos.
"Você está fazendo aquela cara de quando está pensando muito em uma coisa. O que é?" Sherlock diz, sentado na cadeira da cozinha anotando os resultados de mais uma de suas experiências.
"Ah, nada demais. Apenas comecei a lembrar de alguns de nossos casos. Você se lembra de quando namorou a Janine para chegar ao Magnussem?".
"Uhum" ele concorda sem prestar muita atenção e volta a olhar para o telescópio.
"Como você conseguiu fazer aquilo?" Pergunto curiosamente.
"Fiz o que exatamente?".
"Com que a Janine namorasse você. Quer dizer, você não é exatamente uma pessoa romântica, ou carinhosa." John ri levemente. "Então como você conseguiu com que ela te namorasse sem suspeitar de nada?"
"Era para um caso John, um dos mais importantes sem dúvida, é claro que eu iria fazer de tudo para que o meu plano desse certo. Você deveria saber disso a essa altura" Zombou tentando disfarçar a ligeira ofensa em sua voz.
"Sim, eu sei, mas são sentimentos, Sherlock" Ele diz se arrumando na poltrona, ficando mais interessado no assunto. "Você não entende muito disso, e ainda dificilmente os expressa" Sherlock, como há muito tempo o médico já havia aprendido, não era uma máquina de trabalho sem sentimentos, ele era na verdade uma pessoa bem sentimental, mas o fato era que ele quase nunca os demonstrava e preferira deixá-los de lado para que não prejudicassem suas análises e deduções.
"Por que não fazemos uma aposta então?" Disse se afastando de seus experimentos e andando vagarosamente em direção à sua poltrona. "Por uma semana, eu devo agir como o seu namorado. Nós podemos determinar os termos depois, mas essa aposta deve conter demonstrações afetivas para que você possa avaliar minha capacidade de expressar meus sentimentos. Se eu ganhar, você deverá parar de reclamar dos meus experimentos na geladeira e de joga-los fora. Se você ganhar, eu comprarei uma geladeira nova para colocar a comida e colocarei meus experimentos na outra." sorriu. "O que você acha?"
"Quais são os termos?"
"Isso significa que você aceita?" Sherlock sorri maliciosamente.
John não podia negar que estava curioso, ele gostaria de saber como Sherlock iria agir nessas semanas, queria conhecer um lado novo dele que tanto o intrigava. E mesmo tentando negar durante todo esse tempo, ele sabia que seus sentimentos por seu amigo não eram apenas amizade, havia algo há mais, e isso o deixa com um desconforto dentro de si, apenas pensando no que poderia ser. O deixava com medo do que essa aposta poderia resultar, assustado com o que ela poderia mudar entre os dois. Mas ainda assim, por algum motivo, a oportunidade era tão tentadora...
Além disso, havia o fato de que se ele ganhasse, Sherlock finalmente pararia de contaminar os alimentos e ele não iria precisar mais se preocupar em ganhar uma intoxicação alimentar.
"Se eu me sentir desconfortável durante essa semana, posso parar?" Pergunta receoso.
"É claro." Ele da de ombros. "É por isso que devemos estabelecer alguns termos antes, para que nenhum de nós fique incomodado com isso"
"Então sim, eu aceito." Ele diz e não consegue acreditar no absurdo de suas próprias palavras.
Seria isso uma boa ideia? Ele sabia dentro de si que havia sentimentos não resolvidos de sua parte por Sherlock, sentimentos que por muito tempo foram ignorados e varridos para debaixo do tapete com o intuído de não prejudicar sua amizade. Então sim, John Watson sabia que havia se envolvido em uma furada, uma que talvez o fizesse se arrepender depois quem sabe. Mas assim que a oportunidade surgiu, ele não conseguiu parar suas próprias palavras e a enorme vontade de apenas... Querer. Ele queria participar dessa aposta, queria ver no que iria acontecer no decorrer da semana, no que Sherlock iria fazer... John apenas queria, precisava. E então aceitou a aposta, ignorando qualquer voz no seu interior que lhe dissesse às consequências que isso poderia trazer.
John olha receoso para o rosto de Sherlock e vê os seus olhos brilharem com animação, como se fosse uma criança que acabou de receber o tão esperado presente de natal. Eles eram intensos e penetrantes, e pareciam exibir uma emoção nova, uma que ele nunca antes viu em seus olhos, muito menos quando eram dirigidos para si: carinho e adoração. Mas não, sua mente rapidamente apagava essas divagações, o detetive não possuía esses sentimentos por ele. Ser o foco de atenção dessas íris iguais uma nebulosa deve ter lhe deixado confuso.
"Então..." Começa John novamente com nervosismo ao perceber a quanto tempo eles estavam se encarando. "Quais são os termos?"
Sua pergunta quebra o feitiço entre seus olhares e aquela emoção em seus olhos desaparece, como se nunca estivesse lá, dando lugar ao seu olhar analítico habitual.
"Hum, okay." Diz ele clareando a garganta e olhando para o lado "Como você se sente sobre abraços?
"Estou confortável com isso."
"Beijos?" Cora levemente.
"Sim, mas... não nos lábios."
"Okay. Demonstração em público?"
"Melhor não, não precisamos ter as pessoas falando mais do que elas já fazem." Brinca.
"Mas encontros são permitidos?" Ele sorri timidamente.
"Sim, sim."
"Está bem, eu acho que isso é o suficiente por agora. Nós podemos acrescentar qualquer coisa durante a aposta se sentirmos que é necessário."
O médico acena com a cabeça, até agora estava tudo bem.
"Quando começamos?"
Sherlock olha para o chão pensando por um tempo, antes de se abaixar, colocando uma mão em seu rosto e sussurrando em sua testa "Agora." antes de depositar um beijo suave.
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Eu quero que seja real
Romance"Por que não fazemos uma aposta então?" Sherlock diz se afastando de seus experimentos e andando vagarosamente em direção à sua poltrona. "Por uma semana, eu devo agir como o seu namorado. Nós podemos determinar os termos depois, mas essa aposta dev...