Único;

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é provável que seja necessária a leitura prévia de DIRTY e você pode encontrá-la no meu perfil :)

🌻

Taehyung hesitou. Era tarde da noite, talvez ela não atendesse ou sequer estivesse acordada. Pela terceira vez, desligou a tela do seu celular e respirou fundo observando o teto branco de seu quarto, sem ao menos iniciar a chamada.

— Covarde do caralho! — xingou a si mesmo.

Digitou a senha curta e desbloqueou novamente o aparelho. Sem pensar muito, apertou e o barulho típico de chamada repetiu-se três vezes até que ouvisse a voz conhecida e sem muita emoção:

— O que você quer, Taehyung?

Nada de cumprimentos ou preocupações sobre sua saúde e estado. Mas era sempre assim e não apenas com ela.

— Como você está?

— Estava muito melhor antes de ouvir a sua voz.

O garoto tentou não se abalar, mas foi impossível. Ele tentou, sem sucesso, disfarçar sua dor.

- Eu... - definitavente não sabia como dizer aquilo. - Só queria dizer que...

- Taehyung estou me arrependendo de ter atendido isso. Diga logo!

- Mãe, eu...

- Não me chame assim! - aumentou o tom de voz. - Eu já te disse que não sou sua mãe.

- Desculpa... - tentava ao máximo segurar as lágrimas enquanto falava. - Eu... Só queria dizer que... que eu sinto sua falta.

- Pare com essas bobagens, garoto! - riu debochada e percebeu que o filho estava chorando. - Não sei o porquê de estar assim mas é melhor que procure um médico, eu não vou te ajudar porque eu não te amo, Kim Taehyung. - ele se encolheu na cama, sofrendo. - Deveria pedir ajuda para aqueles dois homens que você tanto falou. - proferiu as palavras com nojo e raiva. - Ou eles te abandonaram? - riu novamente. - Claro que sim. É por isso, não é?

- P-para... Por favor... - foi o máximo que conseguiu falar e, obviamente, foi um pedido inútil.

- Eles nunca te amaram, Taehyung. - Ela não demonstrava remorso algum ao falar - Agora vou desligar e espero que não volte a me incomodar, eu não me importo com você, entenda isso.

Ela finalizou a chamada e Tae se encolheu mais sobre a cama, o choro era baixinho agora e seu corpo tremia um pouco.

Em sua mente as palavras da mulher que, até seus dez anos trouxe conforto, colo e carinho, ecoavam, e ao relembrar cada uma, era como uma facada em seu corpo dolorido.

Não, talvez essas dores não possam ser comparadas, mas ele certamente escolheria as facas e sua dor física.

Por minutos sofreu em silêncio, sem sair da posição que estava, com o celular ainda na mão, apertando-o com a força da angústia que sentia.

O aparelho vibrou e uma notificação apareceu na tela. Ele sabia quem era pelo horário sem ao menos ver e, ao invés de ler, soltou o celular ao lado da cama sem cuidado algum, o que produziu um som agoniante ao bater no piso.

Aos poucos, acalmou-se um tanto, mas continuou deitado, refletindo sobre como imaginava que seriam os acontecimentos. Yoongi voltaria pra casa pela manhã, leria a carta e viria procurá-lo ali no apartamento, provavelmente com Hoseok. Não o encontrariam e ligariam para Jimin.

Jimin.

Usou suas forças restantes para levantar. Foi até a janela e observou o céu, algumas estrelas eram aparentes mesmo com as luzes da cidade. Sentiu vontade de sorrir mas não o fez, estava tão destruído que até esse ato doía. Respirou fundo e se afastou. Foi até a porta, onde sentiu que as lágrimas ameaçavam voltar a cair. Negou-se a chorar também.

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