O que fazer?

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Kate

Acordei com uma pressão desconfortável sobre minhas pernas, como se estivesse sendo usada de colchão. Levei alguns segundos para entender onde estava. Ao abrir os olhos, me deparei com Jaxon e Jazzy, completamente espalhados sobre mim, dormindo como dois anjinhos pesados e despreocupados. Um sobre minha coxa, o outro enroscado no meu pé. Suspirei, afundando a cabeça no travesseiro por um instante. Aquilo era quase uma rotina.

Virei o rosto para o lado, ainda sonolenta, esperando encontrar Nathan na cama. Mas ele não estava ali. O lençol ao lado estava bagunçado, mas já frio. Franzi a testa. Onde ele tinha ido?

Me estiquei devagar, tentando não acordar os dois, e deslizei para fora da cama. Meus pés tocaram o chão gelado, arrepiando minha pele. Caminhei até a porta do banheiro e a empurrei com cuidado.

Assim que abri, fui envolvida por uma nuvem de vapor. A água do chuveiro ainda caía com força, e o som preenchia o ambiente abafado. Nathan estava lá dentro, de costas, com a água escorrendo pelas costas largas, descendo pela curva da lombar até desaparecer no elástico da cueca molhada que ele ainda não tinha tirado. A luz suave do banheiro desenhava os contornos do corpo dele como uma pintura viva.

Fui até a pia, peguei minha escova de dentes e comecei a escovar, me olhando no espelho. Ele percebeu minha presença, mas não se virou.

— Seus irmãos estão lá — falei casualmente, com a escova na boca — Dormindo em cima de mim como dois tijolos.

Ele soltou um riso baixo, preguiçoso.

— Eu vi. Eles estavam jogados em cima de mim... então joguei eles pro seu lado. — Virou o rosto pra mim, com aquele sorriso torto que misturava cinismo e charme.

Cuspi a espuma na pia, erguendo uma sobrancelha para ele.

— Muito obrigada mesmo, viu? — falei em tom sarcástico, enxaguando a boca.

— De nada. — Ele piscou e passou por mim com a toalha enrolada na cintura, deixando um rastro de vapor quente e cheiro de sabonete masculino no ar. Foi direto para o closet como se não tivesse acabado de me provocar.

Fiquei mais alguns segundos ali, tentando manter o foco, antes de tirar a roupa e entrar no chuveiro. A água quente caiu sobre meu corpo como um abraço, relaxando meus músculos e lavando o sono da pele. Apoiei as mãos na parede por um tempo, apenas sentindo a água escorrer por mim, tentando ignorar o fato de que Nathan estava ali fora... de cueca. Com aquele corpo. E aquele sorriso irritante.

Depois de alguns minutos, desliguei o chuveiro e enrolei a toalha no corpo. Abri a porta do banheiro com o vapor ainda saindo atrás de mim, e entrei no closet. Nathan ainda estava lá, agora em frente ao espelho, de costas pra mim, vestindo apenas a cueca preta justa, ajustando o cabelo com as mãos molhadas. Os músculos das costas dele se moviam com cada gesto.

Fingi indiferença.

Abri a gaveta da cômoda, tirei uma lingerie roxa rendada — aquela que ele sempre elogiava — e a vesti lentamente, sem me importar se ele estava olhando ou não. Me sentei em frente ao espelho pequeno da penteadeira e comecei a passar creme nas pernas, espalhando devagar, com movimentos longos e suaves. A luz batia na minha pele úmida e realçava o contraste do roxo contra minha pele.

Senti quando ele parou. O som da escova no cabelo cessou. E o silêncio se instalou como uma presença entre nós.

Levantei o olhar discretamente pelo espelho. Nathan estava me encarando. Ou melhor, me despindo com os olhos. A intensidade do olhar dele fazia o ar do closet parecer mais quente do que o banheiro cheio de vapor.

Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora