Foi estranho, para ser honesta. Parecia uma espécie de fantasia de horror se tornando realidade bem na frente dos nossos olhos. Se eu os fechar, posso jurar, ainda consigo ouvir os gritos e o som de ossos quebrando. Talvez esse seja o som mais aterrador do mundo. Te faz perceber o quanto o ser humano é forte e fraco simultaneamente. Forte por conseguir arrancar os ossos de outra pessoa com uma mordida. Fraco por ter ossos arrancados com uma mordida... de outra pessoa.
Não posso dizer que a doença nos pegou de surpresa, porque não pegou. Mas o surto? O surto sim veio de repente. Em uma manhã, coincidentemente, cinzenta e triste, o mundo acionou um alerta de quarentena e estávamos todos sujeitos a uma bactéria que, em teoria, funcionava como aquela droga famosa por deixar as pessoas loucas como cães selvagens com MUITA fome. O nome que a droga carrega é sais de banho, e ela afeta o sistema nervoso central, assim como a bactéria, que só pode ser combatida se o hospedeiro morrer... acredito que não preciso explicar com mais detalhes o que estava acontecendo...
Era horrível. Os olhos Deles ficavam vidrados e loucos, causando a impressão de que poderiam sentir o cheiro de pessoas saudáveis. Como eles ficavam loucos? Costumava imaginar as bactérias se proliferando como uma espécie de vírus da gripe... porém deveras mais agressiva. Se Eles te mordem? Infectado. Se Eles tocarem sua pele nua? Infectado. Se Eles te cuspirem? Infectado. Em suma, contato com eles te torna 80% compatível com a bactéria que agressivamente se aloja no sistema nervoso bagunçando tudo aquilo que chamamos de consciência.
Bem-vindo ao mártir.
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DIA ZERO
Science FictionUma sirene. Uma confusão. Uma doença. Será que a luta pela sobrevivência vale mesmo a pena?