Folga

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Nathan

Desci as escadas calmamente, ainda com os cabelos úmidos do banho, e a primeira coisa que vi foi Kate ajoelhada na frente de Jaxon, segurando uma colher de papinha como se fosse um microfone de paz.

— Vamos comer, Jaxon? Só um pouquinho? — ela pediu quase suplicando, com uma paciência que beirava o desespero. A cena me fez rir, e alto.

Ela virou o rosto na hora, lançando um olhar mortal por cima do ombro.

— Para de rir — rosnou, franzindo a testa, mas com aquele brilho nos olhos que só ela tinha.

— Princesa! — chamei, vendo Jazzy se virar de imediato e correr pro meu colo. Me abaixei e a peguei no ar, girando um pouco antes de sentá-la na bancada da cozinha.

— Como você tá, meu amor?

— Tô bem... — respondeu baixinho, o olhar fixo nas mãozinhas juntas no colo. Tinha algo errado.

— Que foi, hein? — perguntei, me inclinando pra ficar na altura dela. — Por que essa carinha?

— Nada. — ela deu de ombros, mas nem conseguiu me encarar.

— Nada? — repeti, tentando puxar seu olhar pro meu.

Ela suspirou fundo.

— Você não falou comigo quando eu cheguei... E só veio agora. — a voz dela quase quebrou. E o coração junto.

Me aproximei mais, passando os dedos com carinho pela bochecha dela.

— Eu fui tomar banho, princesa... Mas isso não é desculpa. Desculpa de verdade. Eu devia ter ido direto te ver.

Ela finalmente ergueu os olhos, tristes. Assentiu devagar e me abraçou forte, se encaixando no meu peito como se precisasse daquele momento mais do que tudo.

— Nathan! — a voz de Kate cortou o momento.

— Já volto — sussurrei pra Jazzy, piscando pra ela antes de ir até Kate, que agora estava sentada no chão, derrotada, com Jaxon rindo enquanto jogava a colher no chão.

— Ele não quer comer, me ajuda. Pelo amor de Deus — disse, exausta.

— Eu adoraria... mas olha só, tô atrasado. — sorri de canto, provocando. — Tchau, Jazzy, Jaxon e Kate.

Saí da cozinha às gargalhadas, e ouvi ela bufar alto, o que me fez rir ainda mais.

Na garagem, peguei a chave do primeiro carro que encontrei. Hoje não estava com paciência pra escolher. Quando fui sair, um dos seguranças me parou, fazendo sinal.

— Que foi? — perguntei, sem esconder o mau humor.

— O carteiro trouxe isso. Disse que precisava ser entregue direto pro senhor.

Olhei o envelope grosso na mão dele. Papel caro. Sem remetente. Peguei e joguei no banco do carona.

— Agora sai da frente. — Ele obedeceu sem questionar.

Acelerei sem pensar duas vezes. Rumo à casa do Ryan.

Cheguei lá em menos de vinte minutos. Não toquei a campainha. Sabia exatamente onde ele escondia a chave reserva — idiota sempre foi previsível.

Entrei em silêncio, a casa mergulhada num sossego estranho. Peguei uma maçã da fruteira na cozinha e subi as escadas mordendo a fruta, indo direto pro quarto dele.

Abri a porta sem bater. E dei de cara com uma cena... digna de um filme pornô barato.

— Que vergonha, Ryan — falei, encostando na porta, a maçã ainda na mão. A garota estava por cima dele, ambos pelados, em pleno ato. Quando me ouviu, ele se assustou e a garota saiu de cima rapidinho, tentando se cobrir com o lençol.

Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora