Capítulo 2: A festa.

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Depois daquele encontro, as coisas tinham ficado meio estranhas entre mim e James. Não sei, parecia que eu precisava conhecê-lo mais um pouco, porque (se eu parasse para pensar) não sei quase nada sobre ele.

Tá, ele joga futebol. E gosta de azul. E não curte a música da Billie. E tem um sorriso lindo. E a mãe dele é dentista. E o que ele realmente queria fazer era teatro. E... só. É só isso que eu sei.

Por esse motivo, enquanto eu fechava o meu armário com força (já que ele era meio enferrujado e o nosso colégio claramente não dá a mínima para a possibilidade dos alunos pegarem tétano) e observava o corredor, não sorri de verdade quando ele passou por mim.

Fui para a sala pensando se deveria ou não falar com James no intervalo, mas meus pensamentos foram cortados por um Nicolas eufórico correndo até mim como se sua vida dependesse disso.

- Sasa! Voc... nã... va... acredit... [Franzi o cenho.] Calma, deixa eu recuperar o fôlego. [Depois de respirar fundo umas três vezes, ele se virou para mim com um sorriso enorme.] Você não vai acreditar! [Fiz minha melhor cara de empolgada e balancei a cabeça para frente.] Billie Eilish vai fazer um show no United Center! Em Fevereiro! [Ele entrelaçou seu braço no meu e andamos juntos até minha sala.]

— Nossa! Sério? [Perguntei só pra que ele não desconfiasse de nada. Nico tem uma intuição fodida, tipo, incrível mesmo.]

Uma vez, eu peguei uma moeda que achei no quarto dele (sem ele ver, óbvio) e pelo resto do dia, ele ficou falando sobre moedas. Assustador.

- Sim. [Ele me olhou com o cenho um pouco franzido.] Credo, parece que você já sabia. [Viu só?! Maldita intuição nicoliana!]

Eu já sabia sobre o show, é claro que sabia. Billie tinha me ligado, super empolgada, pra contar a notícia há um mês e tinha dito que queria que eu fosse. Porque, segundo ela, ia ser "do caralho".

Claro que não, Nicolas! É só que... esse lugar aí, não fica em Chicago? [Pude vê-lo revirar os olhos e balançar a cabeça, bem daquele jeitinho que ele sempre faz quando ouve uma bobagem. Cara, eu queria muito dar um soco na cara dele nesse momento.]

- Tsc. Sabrina, aviões existem pra quê? [Olhou para mim como se eu fosse uma criancinha e me segurei muito para não bater nele.]

— Eu não vou subir em um ônibus com asas pra ir à um show. [Eu morria de medo de aviões, minhas mãos suavam e meu coração acelerava muito. Era horrível.] E outra coisa: com que dinheiro, posso saber? Porque, que eu saiba, ainda não ganhei na loteria.

- Não acredito que você não se tocou ainda! Caraca, Sasa, você é uma péssima melhor amiga. [Meu cenho se franzia lentamente. O que tem de tão especial em Fevereiro?] Meu aniversário! Meu Deus!

— Ah. Verdade. Desculpa. [Ri alto e ele estava segurando um sorriso quando me deixou na porta da minha sala e se despediu de mim com um beijo no rosto.]

[...]

No intervalo, enquanto tomava uma vitamina de abacate e terminava meu sanduíche, Nico falava sobre Jack (como sempre) e eu só respondia com "hum" e "sério?" quando ele parecia se empolgar demais. Até que, de repente, Nicolas parou de falar e arregalou os olhos.

- James tá vindo aí. Tô vazando. Se ele te chamar pra sair de novo: Diga sim. [Eu estava meio aérea, minha mente parou de processar quando ele disse que James estava vindo.] Ouviu?!

— Aham. Dizer sim. [Nico balançou a cabeça e saiu super-rápido de vista, como se nem estivesse aqui antes.]

E James se sentou na minha mesa junto com dois caras do time de futebol, dois idiotas, sinceramente. Ainda não entendo porquê de James andar com eles, deve ser por algum tipo de moral e ego, ou alguma coisa assim.

Meu Anjo-Billie Eilish. Onde histórias criam vida. Descubra agora