Olhares

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1958

Meses haviam se passado, desde meu encontro com o rapaz que passará de revista (mula) por mim e minhas irmãs, não obtive audácia suficiente para perguntar ao meu pai sobre ele, sua origem, ou talvez apenas seu nome, coisas que me deixavam intrigada não poder saber, mas, de que importava eu saber mesmo? Se tratava de um homem casado e eu, devia deixar de ser encherida, não seria algo bem visto pela sociedade, não que eu me importasse muito, eu sempre mantive a compostura, jamais cometi inflação alguma, trabalhava na terra junto de minhas irmãs para ajudar papai e mamãe, a opinião dos outros, definitivamente não me importava, eu sabia sobre meus valores, e minha família os conhecia também, para mim isto era o suficiente.
Nós viemos do norte, foi uma longa jornada até aqui, eu não me recordo bem, mais creio que eu tinha em torno de meus 7 anos quando chegamos no sul do país, não era bem visto que uma moça tenha escolaridade, isso era exclusivamente reservado para os senhores, os de melhor família para ser mais exata. Tenho 16 anos, sei ler e escrever é mais do que é permitido a muitas moças, porém papai permitiu nosso conhecimento nas letras contanto que aprendamos o que uma mulher de família direita deva saber, "cozinhar, bordar, lavar, limpar, plantar, colher e ser obediente".

Quebra de Tempo ( 2019)

Jéssica: Que horror vó! Um dos seus deveres era ser obediente??
Raiane: É vó meio estranho isso, eu não abaixo a cabeça pra homem nenhum.
Ariane: Eu tenho é dó do homem que cruzar o caminho da minha irmã ( risos)
Se eles soubessem como naquela época as coisas eram difíceis, elas deram sorte de nascer em um mundo tão diferente...
  - Não era tão simples meninas, naquele tempo tudo era diferente, e a mulher que levantava a voz para seu marido ou para seu pai, era considerada uma moça de conduta imoral.
Dauvina: A mãe continua a história, e vocês três deixem sua avó falar.
Mariana: Isso dona Corina continua.

Quebra de tempo ( 1958)

Um dia, próximo a aqueles que nós vimos o mistérioso rapaz da revista, papai resolveu ir a feira, para observar os preços, mamãe certamente foi com ele, embora não pudesse expressar muito sua opinião, ela certamente gostava de acompanhá-lo, e com isso eu e minhas irmãs também deveríamos ir, ficamos na pracinha sentadas junto as moças tomando sol a espera de nossos pais, quando meus olhos quase saltam para fora de meu rosto, "é ele".
- Bom dia senhoritas.
- Bom dia.
Respondemos em um coro de moças, eu quase não me continue a esperar que ele se afastasse e então perguntei.
- Meninas, sabem quem é este senhor?
Lúcia quase sempre informada, de tanto ouvir as fofocas contadas a sua mãe pelas visitas, por trás da porta, me respondeu.
- Ouvi dizer que tem terras, se chama Solon, e ouvi comentários de que está a procura de uma esposa, embora haja uma moça que mora em sua casa a qual eu creio que ele deve desfrutar da companhia, é claro que vocês me entendem não é meninas?
  - Sim Lúcia, certamente entendemos, então esse Solon não passa de um senhor imoral, mantenho pena da moça que se levar por seus encantos. Todas concordam, "bom mantenho pena de mim", por ter me levado aos seus encantos com simples olhadas, "ó Deus o que haverá de acontecer com a minha pessoa estarei certamente perdida se não parar de pensar neste homem".

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⏰ Última atualização: Jan 05, 2020 ⏰

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