Kate
O cheiro de madeira úmida e ferrugem impregnava o ar. Kate piscou lentamente, os olhos pesados como se pesassem toneladas. A cabeça latejava — um zumbido insistente preenchia seus ouvidos.
Quando abriu os olhos de vez, a visão turva revelou paredes de madeira envelhecida, uma lareira apagada, cortinas grossas que bloqueavam qualquer indício de luz natural.
Seu coração disparou.
Ela tentou se mexer. Os pulsos estavam livres, mas sentia a pele dolorida e marcada pelas amarras recentes. Quando se endireitou, percebeu que alguém a observava.
Ali, sentado numa poltrona velha, Brian a encarava.
O sorriso dele era um corte frio no rosto magro.— Bom dia, minha princesa...— disse ele, a voz carregada de uma ternura assustadora. — Achei que fosse dormir para sempre. Não sabe a falta que me fez.
Kate engoliu seco, a mente correndo para entender a situação.
Ela sabia que qualquer movimento brusco, qualquer palavra errada, poderia acender a bomba que era Brian.— Brian...— a voz dela saiu rouca. — Onde... onde está minha irmã?
Ele se inclinou para frente, os cotovelos apoiados nos joelhos, como se estivesse participando de uma conversa casual.
— Em segurança. Eu prometi que não faria mal a ela, lembra? Você sabe que eu nunca machucaria o que você ama. — seus olhos brilharam com uma loucura latente. — Desde que... você fique aqui. Comigo.
Kate lutou para não estremecer. Ela precisava pensar.
Olhou em volta discretamente: a porta, trancada com uma corrente grossa. As janelas, reforçadas por tábuas por dentro.
Brian havia planejado isso. Minuciosamente.— Você... não precisa fazer isso. — ela disse suavemente, tentando controlar o tom. — Nós podemos conversar, Brian. Podemos resolver isso de outra forma.
Ele riu, uma risada seca e sem humor.
— Conversar? Como da última vez? Quando você me deixou para apodrecer na cadeia?Kate fechou os olhos por um segundo, lembrando do passado que jurara enterrar.
— Eu fiz o que tinha que fazer para sobreviver. — disse, a voz vacilante.Brian se levantou, a expressão mudando de uma adoração doentia para uma raiva contida.
Ele caminhou até ela, parando tão perto que ela pôde sentir seu hálito quente.— Você sobreviveu. Mas agora é hora de viver. — sussurrou. — E é comigo. Sempre foi.
Kate recuou o máximo que conseguiu sem parecer desesperada.
Ele estendeu a mão, tocando suavemente a mecha de cabelo que caía sobre o rosto dela.
— Eu criei este lugar para nós. — disse, apontando ao redor. — Cada detalhe... cada cheiro, cada textura... para você se sentir em casa.
Kate forçou um sorriso trêmulo.
— É lindo... — mentiu, sentindo o estômago se revirar. — Mas eu preciso... de um pouco de espaço. De tempo. Para me adaptar. Você entende, não entende?
Brian piscou lentamente. Por um instante, ela viu o menino quebrado por trás da máscara monstruosa.
Mas foi apenas um instante.Ele sorriu, a loucura voltando aos olhos.
— Claro que entendo. Eu não vou apressar você. — disse, com a voz quase paternal. — Mas lembre-se... — ele se agachou à sua frente, segurando o queixo dela com uma mão firme demais para ser carinhosa. — Qualquer tentativa de fugir... e sua irmã vai pagar o preço.

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Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]
Ficção AdolescenteDuas almas marcadas. Dois caminhos opostos. Um mesmo alvo. Kate Cooper, agente do FBI. Nathan Miller, traficante cruel. Ambos jovens. Ambos perigosos. Ambos com um passado que grita por vingança. Quando o destino cruza seus caminhos, o caos se insta...