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- Felix? Felix?! - o garoto baixinho de cabelos pretos andava pelos corredores da casa, já havia olhado em todo canto mas não achava o amigo.

Felix estava agindo estranho já há um tempo, não sabia o que era, o garoto raramente falava ou olhava nos olhos das pessoas, comia mal e Changbin passou a dormir em um quarto de hóspedes pois o garoto passou a se trancar no próprio quarto.

Conseguia ouvir claramente o garoto conversando a noite e sabia bem que estava falando sozinho.

Ontem à noite ouviu um barulho de algo quebrando no quarto alheio e não hesitou em correr até a porta do mesmo batendo nela de maneira desesperada.

- FELIX! FELIX! PELO AMOR DE DEUS VOCÊ TÁ BEM??? - silêncio - FELIX!!!

- Tá tudo bem... - foi tudo que ouviu dele depois de um mês inteiro.

E ouvir aquela voz o fez voltar a respirar   era como se antes o oxigênio tivesse parado em seus pulmões e só agora pudesse soltar.

Mas então teve o hoje.

Changbin acordou de manhã e como de esperado tudo estava em silêncio, a tia Any era enfermeira, o que explica ela quase nunca estar por perto, não que ela precisava, eles eram herdeiros e tinham dinheiro pra viver confortavelmente mas ela amava o que fazia então...

Mas ao andar mais longe no corredor notou a porta do quarto de Yongbok aberta, além dos cacos de vidro tinham resquícios de sangue mas nada do dono do quarto, e é aqui que voltamos ao início do capítulo.

- Felix pelo amor de tudo que é sagrado nesse mundo cadê você? ?? - Dizia alto procurando o mesmo com lágrimas nos olhos - Você é tudo que eu tenho nesse mundo... - Diz em sussurro.

- Changbin o que foi? - diz tia Any, Changbin se vira e abraça a mulher de uniforme azul - É.. O que- o que houve?

- Eu não o encontro? - diz e as lágrimas já desciam - Eu não encontro o Félix.

- Oh... - Diz de uma maneira não muito desesperada pra alguém que acabou de descobrir que seu possível sobrinho esquizofrênico pode estar possivelmente desaparecido - Hoje é...

- 27 ...

- De novembro?

- É-é d-de novembro o que-

- Pegue - entrega suas chaves do carro ao garoto e logo depois um papel - Vá até esse endereço, eu tô muito cansada - diz e sobe as escadas.

O que? O que ela tava fazendo? Era o Felix e ela age dessa maneira? Changbin nunca pensou que isso aconteceria mas estava extremamente bravo com a tia Any.

Mesmo sendo... Fez o que a mesma disse entrou no carro ligou e olhou o papel, coordenadas: 37 29' 56" N, 128 58' 19" L.

Fui até o lugar que era bem longe de onde morávamos e vi que se tratava do cemitério nacional de Seul.

Desci do carro e entrei no cemitério, os túmulos bem distribuídos e bem organizados além de bem limpos, não me dava agonia estar ali no meio de tanta tristeza, angústia e morte.

Alí naquele dia e naquele horário não havia muita gente, diria que estava deserto e mesmo assim não tive medo, olhai em volta e vi uma bela árvore e descendo meu olhar vi um garoto sentado do lado de um túmulo sozinho, parecia conversar resolvi não chamar sua atenção mas ao mesmo tempo matar minha curiosidade, então fui até atrás da árvore o observar.

- Oi pai, é seu aniversário lembra? - o garoto diz e logo reconheço aquela voz mas não dou um pio ou me mexo de onde estou - Então eu trouxe um bolo... A gente trouxe... Do seu preferido.

Então o garoto põe o bolo em cima do túmulo de seu pai, e sussurra algo pra um ser inexistente ao seu lado.

- A gente vai cantar parabéns...

saengil chukhahamnida

saengil chukhahamnida

sarangha-neun Appa Minho

saengil chukhahamnida

Ele bate palma e continua a conversar supostas duas pessoas que estavam alí, foi o observando que vi os machucados pelo braço e rosto, e meu corpo foi impulsionado até lá.

Fiquei parado atrás do mesmo mas ela não pareceu notar então me abaixei ao seu lado pondo a mão em seu ombro.

- Felix... - ele para de falar e olha pra frente por um segundo logo voltando a olhar para baixo e conversar - Felix sou eu o Binnie por favor fala comigo... - ele começa a agir estranho olhando pro lado oposto ao meu com um olhar de medo, e mexendo a cabeça pro lado como quem tenta tirar aquele mosquito que
fica zumbindo no ouvido - Felix...

A respiração dele fica exasperada e ele parece confuso e começando a sentir raiva.

- Para! Por que você diz isso? - ele diz com lágrimas em seus olhos enquanto me sinto impotente - Não, isso não é verdade - ele para por um segundo e olha diretamente pra mim lentamente e logo sua expressão é de pânico.

Ele levanta e sai dali, depois de um tempo paralisado tentado processar o que estava acontecendo eu me levanto o seguindo, bem próximo ao seminário tem uma floresta e foi pra lá que ele seguiu.

Meu Deus o que tá acontecendo? Eu deveria chamar a polícia? Ligar pro seu pisciquiatra? Eu não sei o que fazer só o vejo sumir em meio às árvores.

*
Sim eu voltei :3

VOICES { Changlix }Onde histórias criam vida. Descubra agora