Monstro Assassino: Bicho papão

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Mateus acordou atordoado após um sonho extremamente confuso, com a respiração ofegante ele encara o teto que possuía pequenos adesivos brilhantes em forma de estrelas para nao tornar suas noites tão assustadoras.
O menino sem saber exatamente o que pensar a respeito desse sonho, decide tentar dormir de novo, afinal, mesmo com apenas 7 anos de idade, não era muito medroso.
A partir do momento em que o garoto se vira para o lado da parede, com o objetivo de dormir novamente, ele escuta um barulho um tanto quanto perturbador, vindo do seu roupeiro branco. Com medo, Mateus levanta sua coberta para cima de sua cabeça e fica sem se mover. No entanto, apesar de seu medo, ele grita por sua mãe, com sua voz levemente trêmula:
-Mamãe, vem aqui!
Após alguns minutos que para Mateus, pareciam uma eternidade, sua mãe chega atordoada com o grito de seu filho, ele raramente gritava daquele modo quando estava em seu quarto.
Ela se senta ao seu lado, e tira a coberta que o cobria inteiramente, o menino olha para os olhos castanhos acolhedores, e para o prendedor de cabelo q mantinha os fios castanhos claros no lugar.
- O que houve, meu bem? - questiona ela com os olhos semicerrados de preocupação.
-Tem alguém dentro do guarda-roupa
- Não tem nada ali, querido - responde ela com um sorrisinho, aliviada por não ser algo sério
Ela encara o roupeiro branco com adesivos de dinossauros colados nas portas.
- Tem sim, mamãe, eu escutei alguma coisa
Com um floreio divertido, sua mãe se levanta e vai até o guarda-roupa, ela dá de ombros com uma risadinha e abre uma das quatro portas que havia, mostrando alguns cabides com camisetas.
- Viu só, não tem nada aqui, é apenas fruto da sua imaginação fértil - ela diz, divertida e dá um risinho, ela abre caminho no meio das roupas, olha dentro do roupeiro, e depois, olha novamente pra ele.
- Não tem nada mesmo? - ele indaga, com o olhar apreensivo.
- Nada mesmo - ela garante.
No entanto, apenas para assegurá-lo de que não havia nada mesmo, ela decide abrir as outras portas.
E assim foi, a segunda porta, a terceira, e quando enfim chegou a última porta, ela escuta um barulho, muito semelhante ao que o menino tinha escutado.
Os dois exclamam surpresos e assustados, mas sua mãe cética decide abrir a porta mesmo assim.
E com um grito atordoante, sai uma pessoa segurando algo pontiaguado e vai para cima de sua mãe.
O menino assustado e sem saber o que fazer, se esconde novamente em baixo da sua coberta, enquanto ele escuta gritos apavorantes, a maioria deles vindos de sua mãe. Gritos esses que pareciam intermináveis, que davam a sensação de terem durado horas, e não apenas alguns minutos, quando os berros cessaram, ele escutou passos e algum pigarro vindo de uma voz masculina, e os sons ficaram cada vez mais distantes, até parar completamente.
Mateus, não moveu um músculo por um bom tempo, tremendo, e abraçado em seu ursinho que ficava junto com ele toda a noite.
Até que em algum momento, ele escuta passos vindos ao longe, e algumas luzes, azuis e vermelhas. Mesmo assim não se move, com medo de ser o monstro que veio pegar ele também.
Ele escuta, vozes desconhecidas. E palavras que só havia escutado quando viu um filme na TV escondido de sua mãe, que o proibia de assistir certos programas, palavras tais quais "brutalmente assassinada", "muito sangue" e "facadas".
Alguém, gentilmente o descobre, e o menino olha receoso para um olhar gentil, mas não eram castanhos, e sim verdes, e nao era o rosto de sua mãe, e sim de uma moça completamente desconhecida que tinha cabelos vermelhos como fogo e que usava um uniforme da Polícia.
-O Bicho Papão, também vai me buscar moça? - Mateus perguntou com um sussurro e com sua cabeça cabisbaixa.
- Ninguém vai pegá-lo - responde a moça, gentil.
Então, ela fala com um homem de cabelos grisalhos que possuía uma leve carranca, ele assente e ela se levanta e se afasta, mas não o suficiente para que o garoto não escute partes da conversa.
- os vizinhos ligaram quase agora. Um deles viu um sujeito completamente suspeito pelos corredores, não tem muito tempo
O resto passou como um borrão para ele, um grande emaranhado de palavras esquisitas, sangue e pessoas desconhecidas.
Todo o resto de sua infância acabou por ser envoltos de olhares empáticos e pessoas esquisitas, ele passou por muitas casas, sua infância se tornou miserável e ele não entendia o motivo, e toda a noite, antes de dormir, ele colocava uma cadeira nas portas de seus guarda-roupas com medo de o Bicho-Papão vir atrás dele também... Além disso, o menino chorava todos os dias querendo sua mãe de volta.
Após anos do lamentável acontecimento, que ele foi entender e descobrir o que havia acontecido, sua mãe fora brutalmente assassinada, pelo seu próprio pai, que confessou o crime e o doentio relacionamento que ele tinha com a mãe de Mateus dando péssimos detalhes do assassinato.
O homem que a matou, sempre fora extremamente abusivo, e ela fugiu dele, antes de Mateus nascer, e desde então fugia do seu ex, até que ele a encontrara, se escondera dentro do roupeiro de seu próprio filho, e quando ele a chamasse, seria o momento perfeito, pois ela estaria relaxada, tornando o ataque muito mais fácil. O que Mateus jamais entenderia, era o porquê ele havia sido poupado.
Mateus, chegou a conclusão, de que as pessoas que são os verdadeiros monstros, seu pai era o próprio Bicho-Papão, e ele estava disposto a nunca ser como ele.

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