Nathan
Andava de um lado para o outro no corredor frio do hospital, os pensamentos embaralhados, o coração disparado. Mal percebi quando minha mãe surgiu correndo, os olhos cheios de preocupação.
– Onde ela está? – perguntou ofegante, a voz tremendo levemente.
– Na sala. Estão preparando ela para levar até o centro cirúrgico. – respondi, tentando manter a calma. Ela assentiu e se aproximou.
– Filho, você precisa se acalmar. – disse com um sorriso terno, tentando esconder a própria ansiedade. Mas eu apenas balancei a cabeça, ignorando, e voltei a andar de um lado ao outro como um animal enjaulado. Minha mente estava em branco. Era como se o tempo estivesse suspenso.
– Nathan Miller. – chamou a doutora Laura, tirando-me do transe. Virei o rosto rapidamente. – Ela quer te ver. – disse com um sorriso suave.
Assenti, respirando fundo, e me virei para minha mãe.
– Pede pro Ryan ou pra Jessie irem pegar a bolsa lá em casa, por favor. – pedi. Ela concordou com um gesto da cabeça.
Segui a médica até uma sala. Assim que a porta se abriu, entrei sem hesitar. Kate estava deitada na cama, o rosto pálido e cansado, mas seus olhos ainda brilhavam quando me viu.
– Hey. – murmurei, me aproximando com um meio sorriso. Ela retribuiu com um sorriso fraco.
– Fica comigo? – pediu com a voz baixa, os olhos se fechando em seguida enquanto uma careta de dor tomava seu rosto.
– Tá doendo? – perguntei, puxando uma cadeira para me sentar ao lado dela.
– Só um pouquinho. – respondeu entre um gemido e outro.
– Quando te levarem para a sala de parto, chamo minha mãe pra ficar com você. – falei, tentando soar calmo. Ela virou o rosto em minha direção, os olhos marejados.
– Você... não vai ficar? – sussurrou, quase como um sussurro de decepção.
Fiquei em silêncio por um segundo, surpreso com a pergunta.
– Você quer que eu fique?
– Quero. – disse sem hesitar, o olhar fixo no meu. Assenti imediatamente, sentindo algo apertar dentro de mim.
– Está na hora! – anunciou a médica, entrando com a equipe. – Nathan, troque de roupa. O enfermeiro vai te mostrar onde é. – disse, enquanto preparavam Kate para a transferência.
Fui conduzido até uma pequena sala, onde vesti aquela roupa azul hospitalar. Ao sair, o enfermeiro me guiou até o centro cirúrgico. Entrei e vi Kate já posicionada, pálida, mas forte.
– Te amo. – ela sussurrou, a voz quase falhando.
– Também te amo. – respondi baixinho, aproximando-me e segurando sua mão.
Foi quando tudo começou.
Gritos. Ordens. Incentivos. A dor dela parecia atravessar meu peito a cada vez que apertava minha mão com força – eu juro, por um momento achei que ela fosse quebrá-la. A médica falava firme, e Kate gritava como se cada fibra do seu corpo estivesse se partindo.
Perdi a noção do tempo. Minutos? Horas? Não sei. Até que, de repente... um som cortou tudo.
Um choro. Alto. Vivo.
Virei o rosto. E lá estava ela. A médica segurava uma menininha tão pequena, tão delicada... Era perfeita. Um sopro de vida. Nossa filha.
Meu peito parecia pequeno demais para tudo que eu estava sentindo. O tempo desacelerou. Eu só conseguia olhar para aquela menininha nos braços da médica — tão frágil, tão pura. Um choro insistente preenchia a sala, mas pra mim soava como música. A trilha sonora do momento mais importante da minha vida.

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Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]
Novela JuvenilDuas almas marcadas. Dois caminhos opostos. Um mesmo alvo. Kate Cooper, agente do FBI. Nathan Miller, traficante cruel. Ambos jovens. Ambos perigosos. Ambos com um passado que grita por vingança. Quando o destino cruza seus caminhos, o caos se insta...