My first love

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Ela andava pelas ruas cansada
Não queria pensar em nada e nem ninguém
Porém olhando para o chão sua mente devastada pensava em mil coisas
Pensava em desistir
Desistir de viver
Queria se isolar do mundo
Se isolar de todos
Viver apenas de sua própria companhia e sua música
Seu principal refúgio

Direcionou os fones aos ouvidos
Conectou em seu celular
Entrou em sua playlist e clicou na sua música preferida
Naquele momento, ela não sabia o que era real
Entrou em seu próprio mundo
Sentiu a batida invadir suas veias
Dançou com os dedos no ritmo da melodia
Sentia que o mundo havia parado, e só existia ela e a Lua
Sentia seus pés flutuarem junto as nuvens
Sentia asas em suas costas tentarem a levar para longe

A música acabou
Em um piscar de olhos estava de volta a realidade dura e cruel
Observou o chão novamente
Se assustou ao ver o par de pés de alguém em seu caminho
Não tardou ao olhar nos olhos do ser a sua frente
Reparou que eram semelhantes aos de um demônio, totalmente negros
Sua franja cacheada cobria sua testa e um pouco de sua íris
Sua boca era pequena e levemente rosada devido ao frio..
Sua pele era parda
E tinha vestes brancas como as de um anjo

Ela o encarou..ele retribuiu o olhar.. Ficaram ali por alguns minutos até que uma brisa forte atravessou seus corpos e o garoto desapareceu
Ela desprendeu o ar que nem sabia que prendia
E continuou seu caminho

Mesmo depois de alguns dias ela nunca esquecera o rapaz de olhos negros que por alguns minutos cruzou seu caminho..

Anos se passaram
Ela se encontrava sozinha novamente
Com as mesmas roupas
O mesmo fone
A mesma playlist
Naquela mesma rua
Numa noite semelhante, em que a Lua brilhava mais forte e parecia mais próxima e alcançável
Mas desta vez, sentou na calçada
Cansada..
Ela pensava em deixar de existir
Ela pensava em deixar esse mundo
Então chorou com sua cabeça baixa
Ouvindo uma música melancólica
Até que ouviu passos vindos do fim da rua
Estava escuro ela apenas conseguiu ver a silhueta de alguém
Ao se aproximar ela o viu..
O garoto de olhos negros que atormentou sua mente por anos
Ela com os olhos vermelhos e marejados encarou sua face
Ele (agora com roupas escuras) a ajudou a levantar
E sem dizer nada a abraçou
A acolheu em seus braços
E a levou para sua casa
Lhe deu água e uma nova moradia

Como sempre o tempo passou
Ela nunca dizia nada
Nunca abriu a boca nem se quer uma vez
Até que em um inesperado dia
Eles estavam na varanda
Observando aquele tão magnífico satélite
A garota resolveu falar
Contou a ele suas angústias
Contou que se sentia facilmente substituível
E que não era amada
Em um gesto pequeno e significativo
Ele caminhou em sua direção
Tocou em suas mãos
E a incentivou a dançar com ele ao som de uma valsa imaginária
Dançaram até que ela parou de chorar
Perdido em seus olhos incrivelmente castanhos
Ele se aproximou e a beijou calmamente
A garota o correspondia com maestria a cada movimento dado
O fôlego fez falta e eles se separaram
Algum tempo depois ele desapareceu
A deixou sozinha novamente...
Olhando para o céu ela gritou por ele
Mas como se estivesse em meio ao vácuo não foi correspondida
Foi em direção a ponta daquela varanda e deu o que imaginava ser seu último passo
Ao contrário do que pensou nunca chegou ao chão e quando abriu os olhos se sentiu acolhida com aquele inesquecível e caloroso abraço
Se perguntou o porquê de sua partida
Mas ele nada disse
Seguiram novamente ao apartamento e apenas viveram..existiram
Não foram felizes para sempre
Mas..foi perto o bastante para nunca mais desistirem...

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⏰ Última atualização: Dec 01, 2019 ⏰

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Relato de uma Alma DoloridaOnde histórias criam vida. Descubra agora