CONSTELAÇÃO DE ÓRION
Estava esperando Agner no Açaizeiro, um estabelecimento que adoramos ir, ele nunca se atrasa em nossos encontros o que será que está fazendo?
– Ei Aaron? Porque marcou para falar comigo justamente aqui? – Agner chegou de supetão.
– Pensei que adorasse esse lugar.
– E adoro... Porém ainda não superei as lembranças que ele me trás.
– Bom Morgany já está melhorando, perder as memórias de apenas 1 ano não é algo tão grave, comparado a perder a vida. As coisas estão voltando a ser como antes. Na verdade, nada será como antes, mesmo assim acho que fui injusto com você.
– Não foi injusto! Foi sincero em dizer o que queria e o que não queria, prezo muito sua honestidade.
– Mesmo assim. Sabe quando me contou que era bruxo?
– Lembro-me perfeitamente.
– Porque escolheu mostrar a constelação de Órion, para que eu acreditasse que era verdade?
– Queria te mostrar as estrelas. Escolhi essa constelação por acaso.
– Sabia que Órion, é uma constelação do equador celeste, as estrelas que o compõem são brilhantes e visíveis de ambos os hemisférios?
– Não sabia, mas porque está me dizendo isso Aaron? – Agner riu da minha tentativa de mudar de assunto.
– Porque existe um mito por trás dessa constelação.
De acordo com a mitologia, Órion era um valente caçador. Um dia vagando pela floresta encontrou uma arqueira de beleza encantadora, ruiva de cabelos encaracolados, e olhos verdes, logo se aproximou questionando.
– Cara donzela permita-me saber o seu nome?
– Sou Ártemis deusa da caça.
– Somos então companheiros de caça.
O jovem caçador também exibia apreciável beleza, que não passou por despercebido aos olhos da Deusa, rapidamente além de companheiros de caça, tornaram-se amantes, despertando ciúmes do irmão gêmeo de Ártemis, Apolo o deus do sol.
– Minha irmã como se permitiu apaixonar por um caçador humano? É seu dever preservar os votos de virgindade. – Apolo advertiu.
– Apolo... Órion e eu iremos nos casar, e não há nada que possa fazer. – Ártemis foi firme.
Não contente com a aproximação de Órion e Ártemis, Apolo mandou um escorpião gigante das profundezas do tártaro persegui-lo, enquanto mantinha sua irmã ocupada fazendo desafios.
Ao longe apareceu um ponto preto em movimento, Apolo sabia que era Órion correndo do Escorpião que o encalçava, astutamente provocou sua irmã para acertar o alvo longínquo na praia.
– Sabe que sou a melhor usando arco e flecha, posso acertar qualquer alvo! – Ártemis é a melhor caçadora entre deuses e mortais. Arco e flechas são seus fiéis companheiros.
E assim a deusa impecável em sua mira acertou seu amado matando-o. Percebendo que fora enganada por Apolo, Ártemis aos prantos rogou a Zeus que o colocasse entre as estrelas para honrar sua memória. Zeus atende seu pedido levando Órion e também o escorpião para o céu. E assim surgiu a constelação de Órion.
– Não sabia que tinha conhecimento de tal história. Foi uma decisão acertada te mostrar essa parte das estrelas. – Agner Comentou nos trazendo de volta a realidade.
– Essa é uma mitológica tragédia romântica grega. – Comentei.
– Ainda assim simpatizo mais com o caçador dessa história aos que aparecem aqui em Induma. – Agner ironizou. – Me chamou aqui pra contar isso? – Nosso pedido de açaí com banana havia chegado.
– Sim, Órion e Ártemis se amavam, mesmo assim não ficaram juntos, lembra um pouco de nós. Não acha?
– Está confidenciando que me ama? – Ele foi direto.
– É exatamente isso que estou dizendo, queria me afastar romanticamente de você, mas não consigo e não quero mais ir contra esse sentimento. Vamos enfrentar os escorpiões que nos perseguem juntos? Outra vez?
– Está reatando nosso namoro? Agner foi novamente direto.
– Estou! – Respondi puxando-o para um beijo que foi retribuído de bom grado.
– Sabe de uma coisa Aaron? Acho que posso te levar lá de verdade, ao invés de trazer uma ilusão do espaço para meu quarto.
– Vamos com calma, já me assustei muito com uma ilusão, depois pensamos em como fazer uma expedição ao espaço tudo bem?
– Tudo bem. De qualquer forma creio que o universo conspira a nosso favor...
FIM.
