I.

51 13 19
                                    

Minha vida deveria ser perfeita, como sempre foi, mas graças ao meu irmão, eu não pude mais ter esse privilégio de minha vida. Jihyun sempre foi um príncipe herdeiro perfeito; amigável, gentil, carinhoso (essas coisas doces que podem existir em uma pessoa), e por isso era amado por todo o reino.

É claro que comigo não fora diferente. Meu papel era ser o príncipe dócil, pequeno e frágil, o príncipe caçula perfeito, tudo além de uma ótima aparência e inteligência. Eu adorava o jeito que eu vivia, eu era livre.

Mas dois anos atrás, meu irmão decidiu fugir de casa com uma camponesa, pois sabia que se ficasse, teria um casamento arranjado com a princesa (futura rainha de Amon), e como ele quebrou a aliança, eu serei obrigado a sentar no trono em seu lugar e seguir a antiga regra do reino: abrir uma competição valendo minha mão. Tão ridículo, mas eu não podia dizer não, eu seria um covarde que nem meu irmão, fugindo de meus deveres.

Mas meu coração dizia que eu me machucaria, que isso é mais errado do que ele fez, porém eu não sei como ele teve coragem de trocar todo seu reino por amor.

Meu primeiro e único amor destruiu minha vida e, até hoje, sozinho, venho tentando consertar e reparar os pequenos caquinhos que faltam. Amor é uma droga que mata pior do que qualquer outra coisa.

Mas dele eu não provo nunca mais, e muito menos deixarei destruir meu único futuro agora: sentar no trono e continuar os deveres como um rei de verdade.

Eu irei cuidar desse reino melhor do qualquer outro rei que já passou pela coroa.

- Senhor, sua majestade mandou-me avisar que os pretendes estão a sua espera. - Prestei bem atenção a que Nako dizia, e logo soltei um sorriso ladino, ao terminar de me arrumar, colocando a coroa sobre minha cabeça. - O senhor está lindo.

- Obrigado, doce. Quer me acompanhar até o campo? - Virei-me em direção a garota, que olhava diretamente para mim com um sorriso gentil e delicado, tal que sempre me encantou desde mais jovem.

Ao vê-la manear a cabeça positivamente, me retirei do quarto e encaminhei-me ao local onde os pretendentes me esperavam, e Nako me seguiu logo atrás.

- Senhor, como se sente por ser o segundo rei a se casar com outro homem? Ouvi dizer que, o primeiro não foi bem aceito, e por isso, alguns anos depois de seu casamento, sua cabeça foi cortada fora por um dos plebeus de seu reino às escondidas. - Dava para notar o medo em sua voz, e eu ri baixo, negando minimamente.

- Eu não tenho medo. Eu não escolhi ser rei, sabe disso. E eu não vou chegar a amar meu parceiro, você sabe disso também. - Apoiei minha canhota no corrimão e desci sem pressa os degraus da escada, ouvindo o som de suas sapatilhas ecoar pelo hall silencioso.

- Eu só não quero que aconteça algo de ruim contigo, príncipe. - Respirei fundo e tentei continuar com meu sorriso no rosto.

Embora eu negue, eu estou sim com medo. Orneus sempre foi um reino mimado, e quando não conseguia o que queria, eles corriam atrás. Mas eu não acho que o orgulho deles estragaria o reino novamente, como o fizeram ao matar seu primeiro rei homossexual. Tsc, desnecessário, já que eles só se destruíram.

Eu não puxei mais assunto com Nako até o encontro de meus pais, e isso foi um grande erro, já que eu odeio manter uma caminhada com alguém em silêncio. E para piorar, era uma caminhada longa a pé.

Porém, consegui chegar em meu trono, ao lado de minha mãe, que dava-me bronca por conta do atraso.

Bem, eu não disse nada, apenas pedi desculpas. Aliás, eu realmente tinha me atrasado.

O som da corneta avisara minha chegada ao resto do povo que estavam presentes ali, e todos começaram a se juntar em uma grande distância de onde eu estava, e os mais velhos de cada estado se apresentaram a frente, curvando-se para os meus pais e para mim, por último.

•Wishes•Onde histórias criam vida. Descubra agora