II.

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JUNGKOOK

UMA SEMANA ANTES DE ESTAR EM ORNEUS.

Quando nós nascemos, somos obrigados a aprender a suportar as surpresas que a vida nos dá, sejam elas boas ou não.

Eu nunca fui um garoto sonhador, não tive oportunidade para isso, já que minha vida sempre fora voltada ao estado de meu pai. Meu único irmão, Jeon SeungHo, nunca fora um filho perfeito aos olhos de Jeon JungHyun. Mas, para mim, ele é o melhor filho que alguém poderia ter.

Ele sempre fazia o que lhe era mandado, nunca ousou a responder nossos pais uma única vez, mas isso fez com que o Jeon mais velho pensasse que ele fosse fraco, que não sabia enfrentar seus medos ou os desafios que a vida havia lhe dado. E o que ele fazia ao receber essas críticas de nosso pai? Nada. Eu nunca soube o motivo, mas também não era problema meu.

Eu não vou mentir que eu também o achava fraco por conta disso, e eu nunca escondi isso dele. Embora ele seja meu irmão mais velho, meu pai ensinou a nunca esconder o que sentia, ser sincero é sempre a alternativa, mesmo que seja uma sinceridade ruim ou não.

Para mim, não existe sinceridade ruim. Sinceridade é dada como lição, cabe a você mesmo aceitar ou não. Eu sei meus defeitos e sei minha qualidades, e é exatamente por isso que não procuro sinceridade de ninguém, até porque não me importo com o que as pessoas vêem sobre meu eu. Eu sei quem eu sou, isso é o bastante.

Quando o rei de Orneus nos enviou a carta pedindo um pretendente ao seu filho, meu irmão simplesmente enlouqueceu. Disse que não se casaria com quem não ama, porque ele não queria viver infeliz, e foi aí que eu percebi o motivo pela qual ele sempre demonstrava fraqueza ao nosso pai.

Ele queria ser ele mesmo, queria evitar ser igual ao próprio Jeon JungHyun. Talvez eu deveria ter enxergado isso quando mais novo, deveria ter visto o que nosso pai era, para poder evitar ser seu espelho. Mas era tarde demais. Como meu irmão falhou, eu tinha o dever de orgulhar nosso pai, e então nosso estado, também.

Aliás, se eu não fosse o filho que iria herdar nosso estado, quem mais seria? Era triste ver meu irmão sendo humilhado pelos empregados e o restante das pessoas na minha frente e na frente de nosso próprio pai.

"não é uma bela visão? Você pode ser a próxima pessoa a passar por isso, ou pode ser a pessoa que protegerá seu irmão.". Eu quis tanto chorar e socar sua cara naquele momento, mas me segurei e resolvi aceitar sua oferta.

Jeon Junghyun era manipulador, sério, e sempre conseguia o que queria. E quando não, ele cuspia palavras ríspidas e duras, como faz com SeungHo. E então, machuca as pessoas sem se importar. E se for necessário, crime era cometido longe dos olhos dos cidadãos de Dahlia.

E por isso e outros vários acontecimentos, criei um coração fechado, evito pessoas e mantenho distância de tudo que podia quebrar essa parede ao redor de minha alma. Eu sou o típico rapaz que anda, esbarra e continua em frente sem olhar para trás, sem olhar nos olhos do outro sujeito e pedir-lhe desculpas. Eu não vou mentir ou esconder o que realmente sou, então não espere que eu diga algo que não sou.

Naquela noite, quando meu pai recebeu a carta, ele olhou nos meus olhos e riu. Não riu de mim, ou de meu irmão, ou de qualquer outra pessoa além de nós sentados naquela mesa ou que presenciava aquele jantar, ele riu do conteúdo da carta. Ele não ria como riu naquele jantar havia muito tempo, e provavelmente notou minha revirada de olhos, pois no mesmo instante, cessou o riso e voltou a sua posição anterior, apenas com um sorriso no rosto de indiferença.

— Então, JungKook, o que acha de conseguir o que nossos antepassados nunca conseguiram? — Arqueei uma de minhas sobrancelhas, encarando o mais velho na mesa.

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⏰ Última atualização: Dec 06, 2019 ⏰

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