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I: Kiss me on the mouth and set me free...


A respiração acelerada, ofegante, o rosto corado e sentindo-se quente, em todos os sentidos.

Fora assim que acordara.

Levara alguns poucos minutos, enquanto olhava ao redor, o quarto sob a penumbra, sendo iluminado apenas pela luz fraca que vinha da lua e passava por entre as brechas da cortina, mas então se deu conta, como um pequeno estalo em sua mente.

Remus não podia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.

Como não havia previsto?

Devia ser algum tipo de castigo para sua total falta de atenção, era a única explicação que vinha a sua mente.

Ou melhor, era a única coisa que conseguia pensar com clareza, entre os outros milhares de pensamentos desconexos que invadiam sua mente e se sobressaiam em relação àquele.

A quentura o dominava de tal forma e aquela necessidade constante o possuía cada vez mais, de uma maneira tão agoniante, que era tortuoso.

Definitivamente odiava o período de heat.

Acontecia a cada alguns meses. Independente de que em que forma, com quem ou onde estivesse. Assustador com certeza era.

Em sua forma lupina era aterrador; mesmo que não lembrasse de nada que acontecia enquanto estava nela, podia saber somente por ser ainda mais intenso o momento antes de suas transformações no período de lua cheia.

Porém quando, por conveniência, acontecia em sua forma humana, conseguia o abalar ainda mais. Exatamente como naquele momento.

A lua cheia havia sido há alguns dias e se antes Remus já se sentia frágil, agora ele podia adicionar vulnerável, instável e necessitado a sua lista.

Soltou o ar numa lufada e um murmúrio quase manhoso saiu por entre seus lábios pequenos e avermelhados enquanto tentava se colocar de pé. E isso o fez se martirizar.

Olhou o quarto escuro novamente, vendo duas das quatro camas presentes, vazias. Três com a sua.

Agradecia aos céus por pelo menos Peter e James terem ido passar as férias em casa. Na verdade, internamente agradecia pelo período de férias, num geral. A escola estava como um todo quase vazia, e aquilo, de certa forma, era reconfortante.

Já havia passado por aquilo alguns pares de vezes, mas agradecia por, exceto à mandame Pomfrey, nunca precisou ter de dar nenhuma explicação sobre sua situação. E mesmo com ela não teve de falar dos pormenores.

Detestaria que mais alguém o visse daquela forma. Seria constrangedor ter de explicar que pelo menos a cada cinco meses, estando em sua forma lupina ou não, ele sentia por três dias inteiros, uma vontade exorbitante de ser fodido.

Mordeu de leve o lábio só por pensar naquilo, se apoiando na cama, já de pé. Seu objetivo era chegar até o banheiro e tomar um banho bem gelado, na esperança de que, talvez, aquilo baixasse um pouco a temperatura.

Talvez.

Mas de repente toda sua brilhante ideia fora por água abaixo quando então escutara:

"Moony? Está tudo bem? " a voz soou rouca, mais que o natural, e o corpo esguio e ainda apoiado na cama se arrepiou por completo. " O que está fazendo aí?"

E a penumbra que dominava o quarto foi então se dissipando, ao menos um pouco, quando ante poucas palavras sussurradas – lumus –, a luz proveniente da varinha alheia iluminou parte do local. Ao menos o suficiente para que pudessem ter o vislumbre um do outro.

Ele, logo quem menos gostaria de ver naquele momento – Justo naquele momento. E quem, dentre todos seus pensamentos desconexos, esquecera por um momento.

"N-não é nada. Voltei a dormir, Sirius." pediu, aflito, e mordendo o lábio com a mais força ainda desviou o olhar.

Estava uma bagunça completa, interna e externamente, ele sabia disso. O cabelo desgrenhado, as roupas amassadas, excitado. Não queria ser visto daquela forma. Céus, era tão vergonhoso!

"Certeza?" ignorou a súplica alheia, finalmente descobrindo as pernas e levantando, indo na direção do menor, com certa curiosidade e preocupação no olhar.

"N-não." choramingou, sentindo o cheiro amadeirado e másculo do outro invadir suas narinas e suas pernas vacilaram por um momento.

Por Merlin, por que aquilo estava acontecendo consigo? Que mal havia feito?

Sirius sabia. Fora a madame Promfrey, ele sabia bem de sua condição. Não que o próprio Lupin tivesse tido que explicar algo, sinceramente o acastanhado não sabia se tinha essa coragem. Mas lembrava-se bem do dia em que a mulher praticamente enxotara o moreno da enfermeira quando ele fora visitá-lo. Era já o terceiro dia de seu heat e a lua cheia havia sido no dia anterior, ou seja ele estava um caco e definitivamente não na melhor condição para ser visitado.

Não sabia bem o que a mulher havia dito a ele, mas mesmo que não tivessem conversado exatamente sobre isso, mas sabia que ele sabia. O Black fora extremamente compreensivo ao não perguntar, provavelmente aguardava que ele se sentisse confortável pra explicar, e Remus era grato, ainda que o momento de explicar nunca tivesse chegado.

Ainda assim, ele nunca havia visto Remus daquela forma. E o acastanhado preferia que tivesse continuado assim. Só esperava que ele não notasse e voltasse a dormir.

Seria menos trágico e ele não queria acabar cedendo a seus instintos na frente do outro.

"Ei, ei." disse rapidamente ao deixar a varinha de lado e apoiar o menor contra seu corpo, o segurando. "Me diz, o que está sentindo? O que houve?" a expressão do mesmo denunciava sua preocupação."Meu Deus, Remus, você está ardendo! Precisamos ir à enfermaria, encontrar ajuda!"

"Não, não, enfermaria não..." negou veemente o menor, se apoiando no amigo e afundando o rosto em seu pescoço, arfando baixinho sentindo seu baixo ventre vibrar.

Merda. Estava fodido, e provavelmente não do jeito que queria.

"Do que está falando, Remus?" indagou ainda preocupado, sem entender, e o apertando contra si, temendo que ele caísse. Mas o que recebeu em resposta um suspiro prazeroso. E foi quando finalmente se tocou do que acontecia ali, como se de repente todas as peças de uma quebra-cabeças se encaixasse e ele pudesse ver a cena que fora formada com clareza. "R-remus... Você..."

Fora o gatilho.

"P-preciso de você, Padfoot..." apertou a camisa alheia por entre os dedos, roçando o nariz pelo pescoço alheio, manhando um pouco. O cheiro de Sirius sempre fora tão bom e atrativo daquele forma? Remus já nem sabia dizer. "Por favor, dói tanto..." choramingou novamente.

Iria culpar seu lobo interior posteriormente, mas agora só desejava que o amigo colasse em si daquela forma novamente. Sua mente era só uma névoa que não associava bem. E somente uma parte sua ainda pensava com clareza. Mas ela era tão pequena que provavelmente não o impediria da loucura que estava prestes a cometer.

E no momento, bom, ele também não queria ser impedido.

Por isso, mesmo quando, depois de alguns instantes em silêncio apenas sentindo a respiração quente do moreno contra seu pescoço o fazendo se arrepiar completo e vendo o mesmo efeito no outro quando o contrário acontecia, Sirius finalmente o pegou no nos braços o erguendo do chão e o levando até a sua cama, ele não se importou nenhum pouco com o que viria a seguir.

Heat | WolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora