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Millie já havia desistido de tudo, já estava esgotada, enfiava e enfiava mais e mais pílulas por sua garganta, pois só queria uma coisa: deixar de viver. Essa era a sua maior dor.

Menos de três quartos de distância, Sadie Sink tocava sua guitarra (a qual a muito vermelha e esbelta segundo Millie), um belo solo que soava com leveza pelo local.

Millie estava decidida a tirar sua própria vida naquele momento, era necessário segundo a mesma, não dava mais.

A garota enxuga suas próprias lágrimas, caminha até a sala de estar e olha uma porta retrato que tinha uma foto dela com seus pais.

A garota tinha apenas 5 anos, mais de 12 anos haviam se passado, e sua alegria havia acabado em menos de duas décadas.

─ Que se foda, meu pai fez tudo que fez comigo e ela me abandonou.

Jogou o porta retrato no chão e observou o cacos de vidro se espalharem pelo tapete bem mal estendido, a garota pega um vaso que estava sobre a mesa de jantar e o joga no chão também, e começa a chorar sobre todos aqueles cacos.

A garota pega um bem pontudo e passa por suas veias, vendo o líquido vermelho escorrendo por sua pele, ela nem sentia mais aquela dor, toda sua veia já estava marcada e riscada.

Ela permanece com o caco em sua mão e sai do quarto, fechando a porta com cuidado.

Caminha até a porta de saída do andar, e chega até a área externa do prédio, o qual tinha seus enormes 16 andares.

─ Me jogar daqui seria a gota d'água ─ Sussurra e continua fria, como um gelo.

Continua andando até a parte final daquele enorme terreno, e se senta ali, observando a altura do chão até ali.

Ela ri fraco e vê o sangue que continuava escorrendo e pulsando por seu braço, ela segura seu moletom com o outro braço tentando estocar seu sangue e para com isso, quando percebe que era inútil.

Ela estava morrendo.

─ Moça, sai da sacada ─ Ela ouve uma voz feminina cantando atrás dela ─ você é muito nova, pra brincar, de morrer.

─ Me diz o que há, o quê que a vida aprontou, dessa vez ? ─ Continua, aquela voz parecia familiar para Millie, e agora ela estava mais alta.

─ Venha, desce daí ─ Continua aquela voz, Millie se vira para trás e vê Sadie, a garota da guitarra cantando pra ela, a ruiva aperta o passo até a outra, percebendo o sangue que havia em seus braços ─ deixa eu te levar, pra um café, pra conversar, te ouvir e tentar te ajudar.

─ Que a vida é como mãe, que faz o jantar e obriga os filhos a comer, os vegetais, pois sabe que faz bem ─ Continha cantando Sadie.

Um silêncio se instala.

─ E a morte, é como o pai, que bate na mãe, e rouba os filhos do prazer, de brincar, como se não houvesse, amanhã.

Mais silêncio, Sadie começa a entrar em desespero, ela não conseguia mais ver a garota, talvez fosse porque estivesse muito nervosa e com medo, principalmente.

Millie tenta se levantar e escorrega, quase caindo por completo, segurando-se no prédio somente com seus braços, que nem sentem mais nada.

Ela ainda não entende, porquê ainda segura?

Sadie corre até a garota, que agora não aguentava mais se segurar com os dois braços.

A ruiva puxa a outra garota com toda a força que tinha no mundo, e coloca na superfície, com muita dificuldade e com seu tênis escorregando.

Sadie pega Millie no colo, que agora parecia estar morta em seus braços.

─ Não, não, não, não, não, moça acorda por favor, por favor, acorda ─ A garota dá tapas leves no rosto da menor, e não recebe nenhuma resposta.

Ela começa a chorar sobre o corpo da garota, e entra em desespero.

─ Moço ─ Ela ouve um sussurro, era Millie ─ ninguém é de ferro.

─ Somos programados pra cair ─ Sussurram juntas, Sadie abraça Millie e pega a garota novamente no colo e a leva para o hotel, e logo após para o hospital.

"Não foi hoje", a morte pensa vendo toda aquela cena.

"Hoje fomos nós quem demos as cartas", Afrodite e a vida dizem juntas, vendo as duas garotas na UTI, Millie estava desacordada e Sadie estava com um buquê de rosas esperando a garota acordar, e um enorme sorriso no rosto.

amianto [+s.illie]Onde histórias criam vida. Descubra agora