Kate
Os corredores da sede da FBI estavam mergulhados em silêncio. Meus passos eram leves, calculados. Cada movimento treinado, cada desvio de câmera planejado. O boné escondia parte do rosto e o crachá com nome falso balançava no peito. Tempo cronometrado. Sem margem para erro.
Usei o acesso de emergência — uma falha antiga que ninguém se preocupou em corrigir. Passei pelos dois primeiros níveis de segurança e cheguei à sala de arquivos digitais. O leitor biométrico piscava em vermelho. Coloquei um dedo coberto com uma fina camada sintética, copiada de um perfil autorizado.
Verde. Acesso concedido.Entrei.
As luzes de LED azul iluminaram os arquivos organizados por identidades confidenciais. Servidores pulsando, como se estivessem vivos. Conectei o drive criptografado no terminal lateral e digitei:
Kate Cooper. O arquivo apareceu. Copiei, sem abrir.
Nathan Miller. Copiei. Jessie Collins. Mais um. Copiei a dos amigos do Nathan também.
Hesitei. Por um segundo, os dedos pararam sobre o teclado.
Digitei:
Julie CooperA tela piscou. Buscando... localizando...
Ali estava. A ficha da minha mãe. Um arquivo classificado em vermelho. Alta confidencialidade.
Copiei. Sem questionar. Sem deixar que a curiosidade me fizesse ficar um segundo a mais.
Expulsei o drive. Limpei os rastros do sistema apagando os arquivos em seguida. Tirei a digital falsa, guardei o acessório, revisei mentalmente o caminho de saída.
Nada de emoção ali. Não era hora pra isso. Saí do prédio como entrei: invisível.Na minha mão, agora, estavam respostas que me negaram a vida inteira. Mas essa era uma guerra pra outro momento.
Agora, eu só precisava ir embora.
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O carro deslizou silencioso pelas ruas quase desertas. As luzes da cidade piscavam aqui e ali, mas minha cabeça estava longe. No banco ao lado, a mochila com os arquivos parecia pesar o triplo. Não era o peso físico... era o que podia estar dentro dela.
Estacionei a duas quadras da casa do Nathan, como se isso amenizasse a culpa de ter saído no meio da noite sem ele saber. Subi as escadas da entrada com cuidado, usando a chave reserva que ele insistia em deixar debaixo do vaso. Entrei em silêncio.Subi devagar, as tábuas rangendo sob meus pés. Ao abrir a porta do quarto, lá estava ele.
Nathan estava deitado de lado, o peito nu coberto só até a cintura, o braço esticado sobre o travesseiro que eu havia deixado vazio horas antes. A televisão ainda ligada em algum canal aleatório, o rosto dele relaxado, mas com uma pequena ruga entre as sobrancelhas. Mesmo dormindo, parecia estar em alerta. Sempre foi assim.
Dei dois passos e parei, observando-o por um instante. Meu coração apertou. Por pouco ele não acordou. Por pouco eu não destruí tudo de novo.
Fui até o armário, peguei a mochila e escondi cuidadosamente atrás de uma caixa de lençóis velhos, num compartimento falso que tinha feito semanas antes, por precaução. Tranquei com o pequeno cadeado embutido. Ninguém acharia sem saber exatamente o que procurar.
Troquei de roupa e deitei devagar, tentando não fazer o colchão ceder. Me virei de lado, o rosto voltado pra ele. Nathan se mexeu, soltando um leve resmungo. Quando percebi, o braço dele já estava ao redor da minha cintura, puxando meu corpo pro dele instintivamente.

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Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]
Ficção AdolescenteDuas almas marcadas. Dois caminhos opostos. Um mesmo alvo. Kate Cooper, agente do FBI. Nathan Miller, traficante cruel. Ambos jovens. Ambos perigosos. Ambos com um passado que grita por vingança. Quando o destino cruza seus caminhos, o caos se insta...