Eu sempre fui uma pessoa apaixonada por cada pedacinho de paraíso que o mundo nos oferece, desde tempestades a lindos arco-íris. Sentir a brisa calma e gélida soprar meu rosto, depois de uma maratona pelo campo, ou sentir a chuva escorrer pelo meu corpo depois de um dia trabalhoso. Em outras palavras sou grato por estar aqui, quando poderia ter sido qualquer outro espermatozóide em meu lugar, sou eu quem tenho a chance de enfrentar desafios e ver a beleza que habita no mundo onde estou vivendo.
Para mim, meus olhos nunca foram o suficiente para registrar tudo, então decidi desde novo que seria um fotógrafo, dono dos meus próprios negócios. Gravar cada pedacinho de maravilha deste lugar, se tornou meu maior vício. Quando novo, mamãe me disse: não suba na árvore é perigoso
Mas eu queria saber o que tinha de incrível encima da árvore,porque sempre que algo é considerado perigoso, tem uma beleza escondida por trás, pode ser considerada uma metáfora, olhe..
A árvore é a vida, a subida é o obstáculo ou as dificuldades, o alerta da mamãe é o medo. Eu precisava aproveitar que a árvore estava alí, escalar a mesma, e ignorar o alerta da mamãe, só assim poderia saber o que me aguardava. Então eu fiz, subi, e encontrei um lindo sol se pondo, passei todo o resto do tempo alí. Depois caí, mas eu não me arrependi, porque eu quis, eu escolhi subir, enfrentei. Mamãe brigou comigo e eu disse a ela que eu faria novamente e que ela deveria ver a beleza que havia lá encima da árvore, bom, ela me chamou de louco, mas tudo bem, porque talvez os loucos só estejam cansados de ver o mundo como um labirinto de dor como os "normais" então decidiram sorrir sobre tempestades pois logo veria um lindo conjunto de cores no céu.
Meu nome é Jeon Jungkook, tenho 23 anos e sou o fotógrafo mais famoso da Coreia, moro em uma casa em meio a cidade, já que sou bem barulhento, e meu sonho era ter minha casa.
_________________________________________6:37 am Quinta feira 5 de outubro
Acordei com Julie latindo, ela sempre me acorda quando o despertador para de tocar e eu não levanto. Pera, isso quer dizer que....corre..
Levantei apressado correndo para o banheiro. Fechei a porta e me olhei no espelho, meu cabelo estava como se eu tivesse tomado um choque. Escovei meus dentes e lavei meu rosto, Tomei um banho quente já que o tempo estava mais frio, após isso fui para o quarto, com a toalha amarrada em minha cintura. Optei por uma roupa um pouco mais quente. Peguei minhas coisas e desci para a cozinha, onde dei comida para minha cadela e peguei apenas uma maçã da fruteira logo saindo de casa.
As ruas estavam bem movimentadas, todos com casacos longos e caras fechadas, alguns falavam pelo celular e xingavam algo, outros apenas corriam contra o tempo. Mas tinha uma pessoa parada em meio ao movimento, um garoto pálido, observando tudo com o semblante sério, como se julgasse os erros de todos. Desviava sua atenção vez ou outra para os prédios que cercavam as ruas. Então ele se moveu, andou em passos lentos até parar ao lado de uma vidraça de uma loja onde observando um casaco fez uma carranca em negação ao preço.
O garoto colocou as mãos delicadas e brancas contra o vidro, enquanto sua respiração quente fazia com que o mesmo ficasse embasado. Os olhos pequenos e bem rasgados como de um felino, estavam atentos a cada mínimo detalhe da peça de roupa, enquanto seus cabelos escuros balançavam suavemente. O garoto inclinava o corpo sobre as próprias mãos, sua boca entre aberta me chamava atenção. Lábios vermelhos maltratados pelo frio, quase tocavam o vidro, enquanto sua língua rosada molhavá-os calmamente. Seus olhos negros brilhavam. Fiquei encantado com tamanha serenidade e concentração, tirei calmamente minha câmera da bolsa, ajeitei e foquei em direção ao garoto. Tirei a primeira foto, e ele me olhou surpreso, e um tanto desconfiado. Abaixou a cabeça e saiu de perto da vidraça, deu cinco passos para perto de mim, olhou em meus olhos, e me criticou enquanto me fitava intensamente. Mordeu o lábio inferior algumas vezes até que deu mais dois passos para perto de mim..e parou, esticou o braço em minha direção. Arqueei uma sombrancelha em sinal de confusão- me dê...- pediu mas soou como uma severa ordem, e o som de sua voz era calmo e um tanto grave mesmo assim essas duas palavras me deixaram necessitadas de mais