Capítulo 1 - Desgosto Mútuo

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Era uma noite abafada e fervente, como as típicas do auge do verão. Neste dia, a Lua era ofuscada por um manto de nuvens espessas que se deitavam sobre a cidade, aumentando e concentrando o calor. Não havia também estrela alguma a brilhar no horizonte celeste. Havia apenas uma leve brisa a soprar contra as árvores do parque próximo ao meu condomínio e do Boulevard, que era a mesma que uivava contra a janela entre-aberta do meu dormitório.

Estava preparando-me para uma festa, a qual realmente não estava inclinado a ir. Contudo, manter a imagem de uma pessoa socialmente responsável e ativa é algo importante na "High Society" da atualidade. O salão de grande renome onde ocorreria o evento era a "Casa Petra", numa área nobre, levemente afastada da capital. Não que o local importasse muito. Eu não conheceria ninguém da festa, e sou pouco próximo do aniversariante. Era um amigo íntimo da família, não que isso me importasse também. Para mim, não havia companhia melhor do que uma (ou algumas) caneca(s) de um bom café; um caderno modesto e pequeno, bom para que eu pudesse anotar minhas ideias e um celular ou Notebook para dar vida às minhas ideias, que fluíam como memórias esquecidas, ou que não me pertenciam... eu amava escrever. Me fazia refletir sobre tudo, inclusive sobre mim mesmo.

Enfim, como estava no horário de saída, minha mãe bateu a porta do quarto, adentrando com minha permissão.

-"Vamos! Estamos atrasados!"- Dizia ela, como se estivéssemos perdendo a premiação do próprio Oscar.

Eu olhei para ela com uma cara de quem realmente não se importava para onde iríamos, o que faríamos ou que pensariam de nós se chegássemos 1 ou talvez 2 horas fora do horário previsto, pois para mim, não importava, era assim que eu estava sendo tratado. Não que minha mãe tenha lido meus pensamentos, como ela nunca faz ou faria. Ela continuou:

"Olha, eu sei que quer ficar aqui em casa, mas se for para vagabundar em algum lugar, que seja do meu lado." Eu continuei olhando para ela, enquanto pegava meu chapéu no guarda-roupa. Quando coloquei-o sobre minha cabeça, minha Mãe olhou-me como quem também não se importava com o que quer que eu sentisse, numa espécie de displicência e indiferença mútua.

Ela agarrou-me pelo braço e, descendo as escadas, me levou até a porta principal do apartamento. Saímos, usando o elevador para descer até a garagem. Ao sentar no banco do passageiro da frente, coloquei meu fone de ouvido, e esperei o tempo passar. Estávamos na estrada em cerca de poucos minutos. Eu via meu sonhos, guiados pelas músicas que ouvia, se formarem e desaparecerem como gotas de chuva do lado de fora do vidro. Apesar de que, não chovia.

Meu único Amor Foi Sophia Valverde Onde histórias criam vida. Descubra agora