Capítulo 2 - A Festa

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Depois de chegarmos à frente do imponentemente rubro e enorme salão de festas, eu saí do carro. Enquanto minha mãe entregava a chaves do S.U.V. para o manobrista, eu espiei por de trás de uma coluna grega, alta, adornada e envolta de vinhas, em tons verdes-vivos e muito floridas.
Admito que, relembrando a cena, as vinhas tinham flores das cores mais belas, com as miscelâneas mais lindas, mas isso pouco importou-me no dado momento vivido.

Olhei com vergonha para a multidão desconhecida à minha frente. Mas apesar de ter tentado voltar, minha mãe me puxou para dentro do salão. Enquanto ela foi cumprimentaras pessoas e comer uns salgados, eu procurei um lugar relativamente sossegado para sentar e aproveitar a minha solidão, que parecia solitária em meio à multidão amontoada, num salão tão espaçoso.

Até que, num dado momento de distração da tela do celular e da música que me envolvia com braços frios e não vistos por mais ninguém, avistei e encarei um rosto estanho momentaneamente, mas que logo se revelou familiar: a própria e ninguém menos que Sophia Valverde.

Com cabelos da cor da casca de uma macadâmia; lábios levemente rosados e pouco destacados em seu rosto de bochechas delicadamente coradas; olhos castanhos claros e amadeirados como o interior de um tronco de peroba; eles transmitiam-me os sentimentos mais puros e profundos; pele branca como o topo mais alto da montanha mais alta que pode-se haver.

Ela estava elegante, como sempre aparecia nas fotos de suas redes sociais. Estava com um shorts justo, por de baixo de um vestido de cor neutra, o famoso "pretinho básico". Usava também uma echarpe jogada de forma chique e aleatória em seu pescoço. Suas pernas, cruzadas, a direita por cima da esquerda; com as mãos sobrepostas sobre sua perna direita.

Falando assim, parece que estou sendo MUITO parcial, e devo admitir: quando a vi, meus olhos encheram-se de beleza. Contudo... ela me passava um sentimento de vazio e lacuna.

Eu... olhava para ela, cabisbaixa. Ora ela olhava para mim, mesmo que por breves períodos. Sorria quando alguém passava perto, disfarçando sua frivolidade que somente alguns poderiam perceber.

Meu coração se apertava a cada sorriso de fachada e suspiro profundo que eu era capaz de ouvir. Eu me senti incapaz perante aquela figura que, apesar de me aparentar familiaridade, era como uma faceta jamais vista. Refletindo até os dias atuais, penso que  todos temos um lado de nós, que queremos e achamos que devemos manter oculto de todos.

Respirei fundo, confiante no começo mas soluçando no final; e fui até ela. Não sabia como a abordaria, mas estava pensado numa forma pacífica de desarma-lá antes de um possível ataque ou manobra evasiva. Ela me viu chegar perto, e apesar de ter me olhado de maneira penetrante e até invasiva. Ela não reagiu ou sequer sussurrou; então continuei em direção à ela.

Sentei-me, e respirando fundo mais uma vez, disse:

-"Não parece estar gostando muito da festa..."-

-"É. A festa tá vazia de emoções"-

-"Conhece a aniversariante?"- perguntei, tentando obter alguma informação, por mais sútil que fosse, no meio de suas frases, que pareciam-me sentimentos em voz alta. Foi quando decidi que perguntaria o porquê daquela cara tristonha.

-"Olha, Sophia.... eu te olhei tem ao menos uma hora, e não aceito essa tristeza que estou vendo diante de mim... perdoe-me por ser intrusivo desse jeito, eu realmente não gosto de ver as pessoas tristes como estou vendo você."-

-"Tudo bem... Eu entendo"- disse ela, enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha. -"Só não tenho certeza se tenho o que desabafar..."- completou ela

-"Bom, não vou invadir seu espaço, e nem dizer o que deve fazer ou não. Porém, eu... gostaria de deixar claro que não há o que ué temer quando se está com amigos."- afirmei

Meu único Amor Foi Sophia Valverde Onde histórias criam vida. Descubra agora