Introdução (piloto)

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Ouço o som de tiros, mas para mim isso nunca foi sobrenatural, sinto uma dor forte na perna, o que me impede de se levantar e seguir adiante, mesmo não sentindo as pernas não deixo de me movimentar no chão do centro do rio de janeiro, percebo detalhes que nunca antes havia percebido, o numero de escadas, os traços do museu, as placas de metrô, alguns curiosos abaixados na janela tentando filmar, lembro-me de coisas que nunca antes havia lembrado, coisas simples, pequenas, como da vez que eu e meus amigos estavamos conversando sobre como queriamos morrer, eu preferia morrer dormindo, em uma morte tranquila, lembro-me da vez que briguei com a minha namorada por sempre a deixar esperando mais do que o normal, não tenho culpa de ter sido vaidoso, a culpa é da minha mãe. Não pode ser assim, não quero morrer pelas mãos dos meus proprios amigos, isso so pode ser um pesadelo, nem sempre foi assim, eu ja tive uma vida normal, tudo isso começou no ano passado...

{Mais ou menos um ano antes}

Era um dia comum, acordei, demorei uns 30 minutos para levantar da minha cama, quando levantei percebi que eram 10:30 da manhã, liguei a televisão, vi desenho e tomei café da manhã, peguei meu celular e liguei para a Adriana;

- [Adriana] Alô?
- [Gustavo] Oi meu amor, tudo bem com você?
- [Adriana] Tudo Ótimo Gustavo, e com você?
- [Gustavo] Já percebi que não tá nada bem, primeiro que você falou ótimo, e daqui eu percebi que você abriu muito a boca pra falar o “Ó”, segundo você me chamou pelo nome, e não me chama pelo nome em seu estado normal de putência, terceiro, você não usou nenhum sujeito carinhoso em sua frase, o que indica que seu nivel de bolação se encontra bastante avançado, agora me fala o que foi, ou vou ser obrigado a ir ai te torturar pra arrancar informações?
- [Adriana] Nada.
- [Som da ligação sendo encerrada] Tuuuuuu...

Só me faltava essa, provavelmente a Adriana deve estar com ciúme de alguma coisa, provavelmente de eu estar ligando pra ela as 11 horas da manhã, agora vai vim falar que eu boto ela em segundo lugar sempre, o garotinha surtada cada, além de ainda ter que fazer comida e arrumar a casa preciso ir até a casa da Adriana ver qual o problema dela comigo antes de ir pro futebol e pra igreja.

Tomei um banho, escovei meus dentes, lasquei perfume no corpo todo, lancei lhe uma roupa bolada, botei o chinelo e imbiquei pra casa do meu amor, enquanto descia a favela do manjurubão me lembrei do dia em que conheci Adriana, tímida ela quase nunca olhava nos meus olhos quando eu falava com ela, na verdade eu pensava que nosso amor nunca daria certo, ela morava na parte baixa do manjurubão, conhecido como manjurubinha, normalmente as pessoas que moram naquela parte são metidas so porque não precisam subir morro pra chegar em casa, confesso que as caxanga [casa] deles eram responsa, mas não é por isso que uma pessoa deve tratar a outra melhor ou pior, quando eu vi Adriana no baile da Manjuruba que tem todo sabado na quadra da manjurubense, eu já manjurubei o manjurubo da manjurubada, fui chegando perto, no sapatinho fui encostando, ela olhou pra trás, mas quando eu pensei que ia ganhar de presente um tabeft [um som de tapa na cara] eu ganhei um sorriso, ai ja pensei como, ah safadenha, ai me empolguei comecei a dançar igual maluco e ela saiu pra compra bebida porque eu ja me encontrava no estado de pingando de suor, mas no final das contas deu tudo certo, no final do baile começou a tocar pagode, eu ja fedorentinho chamei ela pra dançar, nesse momento eu ja não estavo vendo onde eu pisava e meu pé ficou mais em cima da sandalha dela do que no chão, mas o pagode ditou o ritmo conjunto dos nossos corações que como expressão enviou para o cérebro uma solicitação de beijo e da maneira mais devagar e delicada, agente se beijou, pena que eu não me encontrava bom de mira e beijei mais o nariz do que a boca, mas com o passar do tempo ela foi ajeitando até nossos lábios se encontrarem e molharem uns aos outros, nosso primeiro beijo poderia ter durado mais, se não fosse o dj manjubudo que era amigo meu de infância e so pra implicar trocou o pagode e botou um proibidão nada romântico, apesar da minha aparência (confesso que tenho um rostinho nada amigável) eu sou sim romântico a moda antiga, graças a minha mãe que sempre me ensinou a como tratar uma dama, a parte mais difícil de ser romântico é encontra quem mereça seu romantismo, mas depois que você tem a certeza de que encontrou, pode se desligar do mundo e viver para a pessoa, claro que isso deve ser bem fácil pra que tem pai rico e nasceu no berço de ouro, mas pra nós aqui da favela não tem romântico certo quando o assunto é trabalho, pra poder levar a Didi pra passear eu tive que trabalhar carregando material na loja do seu Cremildo marido da Astrognalda, seu Cremildo era uma boa pessoa, mas não era um bom patrão, o pagamento que era pra ser feito toda sexta quando saíssemos era realizado somente no sábado que ele dizia que ninguém era obrigado a ir trabalhar, mas se não trabalhasse, não recebia o salário da semana toda, ele era meio pilantrinha, mas tirando isso, ele falava com todo mundo, ajudava quem precisava dentro da comunidade, dava créditos a quem merecia e tinha consideração com os cara da boca, falando em boca o complexo da Manjuruba era controlada por uma das facções mais violentas do Rio, o Comando Da Mandioca, o chefão era o Suvaco ácido que matava mais que a zica, no passado houve guerras e mais guerras internas para verem quem comandaria o Complexo da Manjuruba, mas no final da conta o pai do Suvaco Ácido o cêcê de cabrito se sobresaiu entre os demais e ficou com tudo.

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⏰ Última atualização: Dec 13, 2019 ⏰

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Desgoverno I: Do amor ao ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora