Emma andava para lá e para cá pilhada, tinha que organizar e preencher todos aqueles papéis que seu chefe havia lhe dado. Aquele homem era um verdadeiro usurpador: dava o maior trabalho para Emma fazer enquanto ele se divertia e falava com suas sete namoradas. Cafajeste sem vergonha, pensava ela.
Emma sabia muito bem que, se a sociedade não condenasse tanto os mutantes e que não existissem câmeras na sala do chefe, ela bem que podia usar seu poder contra ele. Ela já havia planejado algumas vezes: entrar em sua mente, fazê-lo dar suas senhas de seus bancos e passar tudo para o nome da garota. Emma se divertia com suas ideias, apesar de ser bastante utópico e óbvio. Ninguém daria tudo que tem para uma mera funcionária. Mal pagam um salário decente.
– Emma! – Seu chefe, Marcus Titanus, a chamou – preciso que você passe tudo que tem no meu computador para o pen-drive. Pode sentar-se em minha cadeira. E lembre-se da regra: nada de bisbilhotar. Será demitida caso eu descubra e pelo que eu saiba você precisa dessa grana! – Apesar de ser um CEO, ele tinha um linguajar estranho, mais coloquial.
– Claro, Sr. Titanus. – Mas aonde o Sr. vai? Perdão pela curiosidade, é que o Sr. nunca me deixa mexer no seu laptop.
– Vou a algum lugar que não lhe diz respeito, Emma. Não abuse da minha paciência, especialmente hoje.
Emma concordou e desejou que o homem morresse naquele instante. Odiava que a chamasse a atenção. Podia, agora mesmo, fazê-lo se jogar da janela do décimo quinto andar e se espatifar no chão. Seria como um suicídio. Já matara antes por necessidade e também por diversão. Entretanto, quando usava seus poderes, seus olhos brilhavam azul e as câmeras captariam as imagens.
Marcus deixou a sala e Emma suspirou em alívio. Um dia ainda mataria aquele homem. Começou a se organizar, tomou uma xícara de café, e partiu ao trabalho. O Sr. Titanus tinha deixado um pen-drive e seu computador desbloqueado. Emma tinha apenas que mover todos os documentos do computador e passar para o pen-drive. A telepata percebera que volta e meia seu chefe fazia isso, e sempre voltava com um computador novo. Gostaria de saber aonde que aquele homem antipático deixava os laptops antigos.
Começou a recortar e a colar no pen-drive. Organizou os documentos certinhos em pastas. Tinha nomes esquisitos. Eram números, como se fossem protocolos. Emma daria tudo para saber o que era aquilo. Às vezes podia ser só planilhas de preços e despesas, ou podia ser só contratos com outros CEO. Ela estava pronta para abrir um dos arquivos, mas pensou no seu salário. Apesar de ser poderosa, tinha que se sustentar, e se alguém desconfiasse de seus poderes, ela seria presa ou linchada pela população.
Depois que terminou, tomou mais um café, e num impulso foi até o laptop e conectou o pen-drive novamente e abriu o mesmo arquivo. Ninguém descobriria, era só ela ser rápida e deixar tudo nos trinques como estavam. O arquivo demorou a ser aberto e quando abriu, Emma ficou surpresa. O documento apresentava um requerimento de um homem. Um garoto na verdade, dezoito anos constava na ficha dele. Emma colocou a mão na boca, estava em choque. A ficha dizia que ele era um mutante, capaz de manipular a matéria orgânica e inorgânica, a fim de envelhecê-la ou renová-la. Podia oxidar metais em segundos, bem como consertá-los. O documento exigia que Marcus o levasse para um lugar perto das docas da cidade e o confina-se em um sarcófago de chumbo, o único material que seu poder não podia influenciar. UM SEQUESTRO, Emma concluiu em seus pensamentos. Houve, então, um calafrio em sua espinha e seu coração acelerou.
Emma fechou o arquivo e respirou fundo, na tentativa de se acalmar. Seu coração a mandava retirar o pen-drive e disfarçar. Marcus Titanus não podia nem sonhar que Emma sabia daquilo. Mas ela precisava saber mais, precisava ter certeza que não estava enlouquecendo. Abriu o segundo arquivo. Nele estava uma lista de nomes diversos – de homens e de mulheres. Alguns nomes tinham um "ok" ao lado. Emma ficou extremamente preocupada agora. Será que era uma lista negra?
Emma abriu outro arquivo e viu outros nomes. Menos nomes que o outro arquivo, e cada um tinham uma função ao lado. O nome de Marcus estava lá, e sua função era "líder". Havia outros, como Alice, cuja função era "atiradora". Era uma lista de nomes de uma equipe. Uma equipe criminosa.
Emma arrependeu-se amargamente por nunca ter entrado na mente de Marcus Titanus. Assim ela saberia dessa quadrilha e seus objetivos. Estava pronta para abrir o outro arquivo, quando sentiu um forte e violento puxão de cabelo e um pano negro cobrindo seu rosto. Sentiu, também, um cheiro esquisito de alguma coisa química; e depois não sentiu mais nada.
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Amor e Poder
FantasyEmma Frost nunca pensara que, aos seus vinte e um anos, seria sequestrada por saber demais. Havia muito tempo que não passara por um estresse desse tipo e aquela adrenalina a deixava inquieta. Uma quadrilha de criminosos, cuja intenção era roupar o...