Lauren POV
Ser chefe de um morro não é nada fácil e ser chefe mulher é mil vezes pior. Mas eu não me vitimizo, pelo contrário eu gosto do que faço e como venho ganhando com isso não só pra mim mas para a minha comunidade que me apeguei completamente.
Não sou nascida aqui mas é como se fosse minha casa. As pessoas me tratam com muito carinho e respeito sem saber verdadeiramente quem eu sou pois eu prefiro dessa forma. Eu realmente não quero que a minha comunidade me trate como a temida "facão" sabe?? Que as crianças tenham medo de me cumprimentar. Sei que essa vida é errada mas, eu não tive escolha e como estou nessa o meu único pedido foi que não revelassem a minha identidade, pelo menos não por um tempo. Quero andar pela comunidade e ser apenas a boa e velha mas não tanto assim Lauren ou lolo como as crianças me chamam e eu amo elas especialmente Valentinna minha pequena, que eu amo com todo o meu amor e que cuido desde os seus dois meses quando a vi abandonada em um beco, dentro de uma caixa de papelão.
Eu lembro que estava andando distraidamente e muito cansada pois tinha acabado de cumprir meu turno na "boca" e de repente andando pelas vielas ouço um chorinho. Paro instintivamente e vou procurando o chorindo com muita preocupação pelo caminho, continuo caminhando e começando a ficar aflita até que no final do beco encontro uma caixinha de papelão, curiosa vou até ela percebendo está fechada e fico extremamente emocionada com o que encontro: um serzinho tão pequeno, indefeso, com sua pele negra, seus cabelinhos negros e com seus olhinhos esbugalhados para mim como se estivesse me pedindo ajuda para poder sair daquela situação, dentro de um caixote tão apertado. Logo pego ele e percebo que não é ele e sim ela, ficando extremamente emocionada e começo a conversar com a pequena:
-Oi linda!! Eu sou Lauren, te encontrei aqui sozinha e vou cuidar de você. Eu sei que ainda não me entende mas te prometo que você nunca mais passará por isso!- Digo à ela que me olha com os olhinhos marejados já querendo chorar novamente e assim o faz mas a tento acalmar- shhh.... shhhh.... calma bebê.... eu tô aqui! Calma..... - disse a balançando de uma maneira meio desengonçada mas que parecia que a fez acalmar de alguma forma, tanto que acabou cochilando em meus braços.
Assim que ela dormiu em meus braços, fiquei observando ela muito encantada com essa minha primeira experiência materna. Fiquei no beco paralisada com ela aconchegada por um tempo que até esqueci como me movia e que estava realmente em um beco por isso aconcheguei ela melhor e fui caminhando até encontrar Marthinha uma senhora que sempre foi nascida de criada aqui no curerê que quando me viu com uma criança em meus braços me olhou curiosa:
-Marthinha- a cumprimentei.
-Oi Lauren, tudo bem?? O que tá acontecendo pra você tá com essa criança nos braços??
-Tudo sim, nada marthinha só a achei chorando ali no final do beco e não queria deixar ela sozinha numa caixa de papelão né?? Você não viu nada por aqui?? Alguém a deixando lá??
-Menina eu tava fazendo comida sai aqui agora não vi realmente nada de estranho por essas ruas.... Posso vê-la??
-Claro marthinha vem cá pô!!- disse a chamando com um sorriso e ele correspondeu se aproximando e tirando um pouco do lençol que a cobria vendo um lindo rostinho em seu momento de paz e tranquilidade com a boquinha entreaberta- Meu Deus Lauren!! Ele é lindo demais!!- Disse toda babona.
-É ela marthinha!- disse fazendo cara de brava brincando mas sorrindo.
-Nossa desculpa!- fez um sinal de rendição e rimos juntas.
-Tudo bem cara eu também me enganei de começo não vou negar.
-Posso pegar ela?? Heinn!! Deixa por favor por favor por favoooorrr- disse fazendo olhar suplicante típico do gato de botas. Fiz cara de pensativa para tirar um pouco de onda com a cara dela mas acabei deixando ela pegar.
Enquanto marthinha estava com tini em seu braços eu estava pensando no que faria e mais ainda nos prós e contra de querer pra mim uma responsabilidade no auge dos meus 20 anos. Como eu poderia querer ser uma mãe para essa criança tão nova e com uma vida tão errada quanto a minha? Como eu poderia cuidar dela fazendo o que eu faço? De primeira eu pensei em dar uma pra madrinha criar e eu pagava as dispesas porque eu não tinha como cuidar dela na vida que eu estava levando mas quando vi aquele rostinho de novo e o que eu sentia todas vezes que a pegava no colo nesses quatro anos nada me fazia me arrepender da minha escolha e de tudo que eu fiz durante esse tempo para poder dar uma vida melhor pra ela nesse tempo, nada me fez me arrepender de ter escolhido a tini, de ter noites virada depois de um plantão na boca e ter que ficar brincando e cuidando dela pelas manhãs, das febres, dos dias mal dormidos, dos chorinhos por causa dos dentinhos, das doenças que apareceram, das recuperações que foram difíceis, do primeiro "mamãe" que eu ouvi e que chorei como uma idiota, do primeiro dentinho caído, primeiro dia na creche que chorei mais uma vez como uma boba e agora no primeiro dia na ong "vivendo e aprendendo". Ela iria começar a ter aulas de música com uma professora nova que entrou na ong e estava super animada:
-Mamãe..... Acorda mamãe- veio no meu quarto me dando beijinhos- É hoje!!
-O que tem hoje tini?- disse ainda com os olhos fechados.
-Aulinha de múúúsicaaaaa
-Ahh sim.... Meu Deus minha filha ainda tá tão cedo.... Vem cochilar um pouquinho jajá mamãe liga pra tia Marhinha te levar.
-Mamãe!!! Acordaaaaa!!! Tá um dia lindo mamãee!! Tá na horaaa- disse toda animada.
-Ai tini só mais um minuto mamãe tá cansada....
-Mamãeeeeee.....
-Ai tabom...... levantei!! Satisfeita??
-Muiitooooooo- disse sorrindo e pulando em cima de mim- Bommm diaaaaa mamãe- disse feliz e me dando beijo.
-Bom diaaa amor!! Hummm.. que beijo gostoso!!
-O seu é mais -disse ela sorrindo.
-O seu que é maisss!! Bora levantar?? Porque tem uma senhorita muito ansiosa pro primeiro dia de aula de músicaaa
-Boraaaa- e saiu do meu quarto correndo. Eu fiquei sorrindo até encarar celular e ver que eram quinze pra meio dia e me martilizei de ter dormido demais e esquecido de levar ela pra creche hoje.
Como estava perto da hora de levar ela pra ong então fui correndo atrás dela e a levei pro banheiro pra dar um banho com a roupinha já separada que ela iria hoje. Nesse meio tempo que ela estava no banho liguei para Martha pra perguntar se ela poderia levar a tini na ong mas ela me disse que não poderia hoje pois tinha um compromisso com o marido e eu entendi totalmente. Sendo assim tive a brilhante missão de levá-la hoje no primeiro dia o que me deixou um pouco nervosa mas a arrumei e fui voando tomar meu banho e me arrumar. Quando estávamos devidamente prontas fui correndo pegar a mocihilinha dela e saímos em direção à ong. Paramos rapidinho para comprar o seu lanchinho e sua água e voltamos ao percurso de seu primeiro dia de aula de música:
-E lá vamos nós minha querida- disse pegando sua mão à caminho da ong.{Olá amoresss 😍 antes de mais nada me desculpem por qualquer erro ortográfico nesse capítulo e no primeiro também! prometo que vou reler com mais calma ambos e ajeitar algumas coisas :) sejam bem vindos à essa minha idéia louca que já tem um tempo que quis por em prática, espero que estejam curtindo a história e comentem comigo o que estão achando é muito importante pra mim tabom?? É isto beijos e obrigada por estarem aqui nesse meu mundinho, até a próxima :)}
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We Choices
FanfictionAlly é uma estudante de música que ingressou na ong "vivendo e aprendendo" na comunidade do Carerê, no Rio de Janeiro. Ela ama o que faz e como ajuda as crianças. Até que se vê atraída por Lauren e nem sequer imagina que ela é a chefe do tráfico...