Capítulo 4

45 11 24
                                    

Eu amei você por muitos anos

Talvez eu não seja o suficiente

Você despertou o meu medo mais profundo

Mentindo e nos destruindo

I'm Not The Only One (Sam Smith)

— Calma, foram muitas informações. — Mia disse levantando as mãos para frear as enxurrada de palavras que abandonava meus lábios. — Você cuspiu na cara de Patrick que estava apaixonada por ele e ele disse que me queria? Sabe o que quero dele? Uma morte bem lenta e que ele enfie toda a babaquice dele na bunda. Assunto encerrado. — não consegui me conter e dei um pequeno sorriso enquanto tomava mais um gole de café. Ela tinha que falar um pouco alto já que era horário de almoço e os alunos estavam aos montes na cafeteria do campus. — Agora vamos focar no fato de Archibald Peterson ter te salvado e quase te beijado. 

Revirei os olhos com o romantismo exagerado de Mia.

— Ele só chegou perto para dizer que eu cheirava a desespero. — reclamei fazendo uma careta. Estreitei os olhos para a minha amiga. — Eu realmente exalo desespero?

Mia desviou o olhar e eu arfei.

— Olha, Liz, não é uma coisa que você consegue controlar. — ela tentou se justificar. — Você está apaixonada e quer o cara. Ele é um babaca? Sim, mas você não pode controlar seu coração. E acaba que seus poros mostram um pouco desse desespero.

Levantei um dos braços olhando minha axila.

— Não é isso, Liz — Mia me corrigiu abaixando meu braço com um sorriso. — É nos seus olhos. Tem um jeito como você olha que é como se estivesse encarando um filhote desesperado por um lar. Na maioria das vezes acho até uma coisa fofa, porém quando é com Patrick eu só tenho vontade de revirar os olhos e implorar para você não fazer isso. 

Cruzei os braços recostando-me a cadeira. Aquele era o meu jeito de me proteger dos ataques.

— Você mesma disse que não é algo que posso controlar — murmurei a contragosto. Suspirei abaixando um pouco a guarda. — Estou um pouco mais tranquila com a situação do que esperava, Mia, e isso me assusta. É como se eu já esperasse que ele não ia me querer. 

— Esperava mesmo? — ela indagou e eu dei de ombros desviando o olhar para a cafeteria. Todas as vezes que tínhamos aquele tipo de conversa em um lugar público, sempre me preocupada em ser escutada por um amigo e o assunto chegar aos ouvidos de quem não devia. — Não parece. — Mia confessou e eu voltei minha atenção para ela a tempo de vê-la apontando para as minhas roupas. — Desde quando você usa vestido para vir a aula? E passou batom? 

Toquei meus lábios inconscientemente e encarei o tom rosado na ponta dos meus dedos.

— Eu estava com tempo extra para me maquiar. E isso não vem ao caso. — mexi as mãos querendo dar um fim aquele assunto. Inclinei-me na sua direção abaixando o tom de voz e forçando o meu olhar mais rígido. — Eu não exalo desespero, porque não estou desesperada.
Pela risada de minha colega de quarto, não estava segura de minha afirmação.

******

Tive outra noite insone e dessa vez não fui capaz de culpar Patrick. Por mais que suas mensagens continuassem a chegar durante a madrugada, era mais impessoal, quase como ele estivesse pisando em ovos ao tocar em qualquer assunto comigo. Não gostei daquilo, pois era exatamente o que estava tentando evitar desde o princípio, porém preferi ignorar até o momento em que nos encontrássemos. Passei as mãos por meu rosto e soltei o ar repetindo a cena do corredor diversas vezes e me questionando o que tinha passado na minha cabeça quando resolvi dizer com todas as palavras que estava apaixonada por ele. 

AcordeWhere stories live. Discover now