Vida Nova

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Cheryl Blossom – Point Of View

Vida nova.

Era só o que eu pensava ao girar a chave na porta e adentrar meu apartamento com o pé direito, as vezes não é nada mal apelar para algumas superstições. Sozinha, respirei o ar daquele cômodo novinho, esperando por mobílias e decoração. Meu olhar percorreu por todas as paredes brancas, um suspiro saiu por meus lábios.

Ela devia estar comigo.

Odiava ainda ter esses pensamentos, sentir falta de seu cheiro e toque. Seu amor estava presente em mim de várias formas. Era como se estivesse grudada, se cada passo meu me fizesse lembrar de todos momentos que tivemos juntas.

Hoje faz um mês que ela se foi sem olhar para trás. Não tenho mais seu contato ou a sigo nas redes sociais, tentei ao máximo me desconectar de tudo que me fizesse sofrer ao lembrar dela. O único vínculo ainda firme é com sua mãe. Katy. A última vez que a vi pelas ruas de Riverdale estava linda, uma barriga de sete meses e simpatia enorme como se eu nunca tivesse tido um término tão sofrido com sua filha. Seu número está salvo em meu celular e não surpreendo-me de algumas vezes receber mensagens suas, por mais que sejam apenas desejando bom dia ou alguma data importante.

Em Boston, decidi que teria uma vida completamente minha e não iria me apegar a ninguém, não como me apeguei em Toni. É como disse, tudo sobre mim parece envolve-la. Eu só não quero ser dependente de ninguém, sofri muito para superar sua partida e talvez ainda sofra um pouco, mas quero superar. Irei superar. Só que preciso fazer isso sozinha, comigo mesma e quem sabe recuperar minha essência de ser completamente autossuficiente.

Os dias em minha nova cidade passavam muito rápido. Talvez por ser muito maior que Riverdale e ter um movimento de pessoas muito alto, parecia que tudo estava acelerado. O clima também era diferente, quase que como se fosse inverno o ano todo. Por gostar do frio, me adaptei de forma rápida e em duas semanas, tinha meu apartamento mobiliado. Muito ao contrário de Thistlehouse, eram cores neutras e móveis não muito luxuosos, passaria ao menos quatro anos de minha vida naquele local, mas não queria desperdiçar tanto dinheiro.

Meu prédio tinha muitos andares, rendendo muitos vizinhos, com o passar do tempo os apartamentos a minha volta eram preenchidos por pessoas da minha idade, eu os percebia nos corredores e elevador. Analisava seus rostos, me perguntando se alguém conviveria comigo na faculdade. Haviam duas por perto: Berklee College of Music – a que vou estudar e Bandreis University – que seria a de... Toni.

Era difícil não pensar nela, no que provavelmente está fazendo e se o sonho maluco está dando certo, queria dizer que não me importava, mas por vezes tinha vontade de perguntar a Veronica. Saber que Betty ainda mantém contato com minha ex, me deixava tentada. Autocontrole. Algo que preciso e tento usar muito ultimamente, porque a qualquer momento poderia largar tudo que sempre quis e pegar um avião para Los Angeles.

Antes de me mudar definidamente para Boston, precisei voltar a Riverdale e resolver alguns assuntos. Contratei duas pessoas para cuidar de Nana agora em tempo integral, uma de dia e outra a noite. Os dois são muito conhecidos: Jimmy e Mary. Agora eram realmente funcionários, não só quando eu ligava precisando de algo ou os dispensava quando voltava mais cedo. Eles estavam em total responsabilidade de minha vó. Foi um pouco dolorido me despedir da minha protetora, mas eu a avisei que quando quisesse me ver era só pedir que pagaria as passagens. Mesmo sabendo que Mary estará lá sempre por mim, sentia que estávamos perdendo nossa conexão, não era para menos, ela tem uma família que também precisa de atenção.

Então, quando voltei a Boston, pronta para o início de minhas aulas, eu sabia que só teria uma pessoa por mim:

Eu mesma.

02 [ better together - choni ] finalizadaOnde histórias criam vida. Descubra agora