02 [ better together - choni ] finalizada

A última sobre ela

Toni Topaz – Point Of View 

Sabe quando você parece não ter controle sobre nada? Principalmente de sua vida. Ultimamente é só assim que consigo me sentir. Era como se tudo que estava vivendo fosse uma enorme mentira. 

Após ver tudo aquilo na arena, corri para longe de tudo e todos. Peguei meu carro, documentos, dinheiro, algumas roupas e comecei a dirigir sem rumo. Precisava ficar sozinha, pensar em mim mesma e no que estava acontecendo. Cheryl mentiu para mim, Veronica a apoiou e Rebeka conseguiu me ganhar. 

Era tanta coisa e sentimentos confusos.

Meu coração estava despedaçado, a maneira que vi a mulher que amo deixar-se ser levado por um vício doía. Não conseguia definir o que passava por minha cabeça, apenas que estava entre odiá-la e ama-la. Pensei que teria a resposta ficando três dias longe, mas não a consegui. De hotel em hotel, me distanciava cada vez mais de Los Angeles até que em um certo momento decidi que precisava voltar. Não era justo com minha mãe deixa-la sem notícias, mesmo que tenha a enviado uma mensagem de “estou bem, não se preocupe”. Ela com certeza se preocuparia, de qualquer maneira 

Estava voltando, mas apenas por eles: Minha família.

Dirigir em Los Angeles era realmente um teste de paciência, sem vontade de pegar em meu celular porque claramente as noticias da luta ainda são recentes me sentia no tédio parada no trânsito. No momento o que mais desejava era o colo de minha mãe, suas palavras de conforto e muito carinho. 

Não fui em meu apartamento, dirigi direto para a casa da dona Katy. Ao bater na porta, esperei a mesma se abrir, revelando a mais velha que respirou fundo e me acolheu em seus braços. Um abraço apertado, sufocante e cheio de saudade. Foram apenas três dias, mas devida minha situação antes de ir pareciam três anos.

— Graças a Deus, filha. – nos separou para me encarar. — Fiquei com tanto medo.

— Estou bem, mãe. 

Respondi lhe passando confiança.

— Só precisava ficar sozinha.

Expliquei, ouvindo um suspiro seu. Adentramos a casa, Samantha não demorou a estar em meu colo logo após abraçar meu pai. Havia um silêncio na sala, estávamos todos sentados, mas mal nos olhávamos. Eles sabem o quanto tudo está sendo difícil, literalmente tudo. Sinto que terei que começar minha carreira do zero e pior, que minha vida amorosa sempre será um fracasso.
— Dimitri esteve aqui. 

Meu pai quebrou o silêncio, o encarei.

— Ele estava preocupado, filha.

— Não queria sumir assim. – me justifiquei, ajeitando minha irmã no meu colo. — Só que...

Fechei os olhos, sentindo as lágrimas invadi-los e aquele maldito nó na garganta voltar. Achei que conseguiria falar abertamente sobre o que aconteceu, mas mal consigo ficar sem chorar ao lembrar daquela noite.

— Vem cá, Samantha.

Meu pai levantou, pegando minha irmã no colo e saindo da sala com ela. Provavelmente minha mãe queria conversar comigo e estava certa. Seus braços me acolheram novamente e dessa vez, chorei em seu ombro. Nesses três dias, a coisa que mais fiz foi chorar, mas nunca parecia ter aliviado a dor. Agora, nos braços de minha mãe e com seu carinho em meus cabelos parecia mais fácil.

— Meu amor, isso vai passar, não se preocupe.

Falou, beijando o topo de minha cabeça. Perdi a noção do tempo que fiquei chorando como uma criança no seu amparo, quando consegui me acalmar, ergui meu corpo e olhei nos seus olhos compreensivos. Enxuguei as lágrimas, respirando fundo.