No deserto ao extremo norte reside o Érebo, uma imponente torre negra feita inteiramente de ônix. Pouco se sabe sobre o que ocorre dentro de suas paredes, exceto pelo fato de que a mesma funciona como destino final de condenados e exilados. Especula-se muito sobre há quantos anos a torre foi erguida, alguns dizem que ela está de pé faz séculos, outros especulam que já faz mais de um milênio. De qualquer sorte, ninguém sabe o que ocorre em seu interior, embora muito se sabe sobre o que precede o ingresso dos condenados à masmorra.
Todos viajantes fadados à terra sem retorno são obrigados a participar de uma série de trâmites ritualísticos. Os detentos não são enviados ao Érebo por meios convencionais, o despacho envolve uso de magia por um par de poderoso feiticeiros conhecidos como guardiões de memórias. Estes feiticeiros esperam pelos condenados em seus tronos de pedra na câmara escura onde residem. Eles estão sempre usando seus trajes cerimoniais com máscaras em forma de crânio, carregando consigo apitos feitos de ossos que possuem formato de uma caveira, muito similares à máscaras que usam.
Cada detento é recebido individualmente pelos guardiões e estes avisam ao condenado que ele deixará mais do que a própria liberdade para trás. É parte deste ritual ter que beber as águas do esquecimento, uma poção da qual os detentos terão que tragar três goles e com cada um, arcar com uma maldição. Com o primeiro gole o condenado perde a capacidade de gerar descendentes, com o segundo apagam-se todas memórias do que fora vivido fora das muralhas da masmorra e com o último, a morte imediata será seu destino caso tente fugir da prisão.
Após o detento terminar de beber as águas, os guardiões de memórias preparam seus apitos e os sopram simultaneamente, dando origem à um som híbrido de ventania com gritos humanos que tomam conta da câmara enquanto a vítima desvanece.
O que vem depois disso é um mistério para todos, exceto para aqueles com quem o destino foi ingrato o suficiente para condená-los a passar o resto de seus dias no Érebo. Seja como for, ninguém consegue escapar da torre de ônix. Esta não é uma premissa tola de fábulas com protagonistas que conseguem fugir de terríveis masmorras, mas um fato consumado. Quem por infortúnio acaba parando dentro de seus muros, de lá jamais sairá.