Noite muito fria,
preso na agonia
sentado em uma poltrona em frente ao relógioum relógio de parede
que trabalha sem parar
trabalha noite e dia.Já não sei o que fazer
preciso parar o relógio
pois a cada badalar,
me faz lembrar
que a minha amada embora irá
para nunca mais voltar.De madrugada chega a tristeza
quando lembro-me do amanhecer,
a certeza do sofrer,
nesta casa ela não irá retornar,
sentado em uma poltrona em frente ao relógio
chegou a hora de chorar.Eu a amei desde o primeiro momento,
festa no interior de Sorocaba.
Na cidade de Capela,
meu Deus, que noite foi aquela?
pena,
tudo acaba.Casamos pouco tempo depois,
foi um ano inteiro de amor,
somente eu e ela,
pena,
passou muito rápido
não olhamos para o relógio
e não pensamos no depois.Mais um ano se passou
quando um vizinho se mudou
em frente nossa casa veio morar
e após este dia
minha cabeça virou.Ciúmes comecei a sentir
aquele rapaz mais novo que eu
achando que ia ser trocado
que o amor dele
fosse maior do que o meu.Ela nunca me deu motivo
para alimentar este pensamento
mas quando coloco alguma coisa na cabeça
não paro de pensar,
nem por um só momento.Ontem após o trabalho,
bebi demais e
chegando em casa
a encontro no portão
o vizinho do outro lado lavando seu carro
não sei porque
tive aquela visão.A puxei para dentro
sem explicação
discutimos então, em vão
sempre fui fraco em discussão.
Peguei aquela faca
em cima da mesa
fui pra cima dela e perdi a noção.
Quando voltei,
só lembro de seu sangue
escorrendo no chão.Com os gritos os vizinhos vieram
e ao ver o que aconteceu
então a polícia chamou,
e aqui estou eu
sentado em uma poltrona em frente ao relógio
um relógio de parede
o relógio que meu amor me deu.Neste momento não sei por que,
uma canção antiga
me fez lembrar.
Não sei o nome da música,
mas a situação igual a minha
me fez recordar
do trecho "faz desta noite perpétua"
de uma canção
que minha mãe adorava escutar.Detetive João Evangelista esta me aguardando,
pois ele irá me levar
para um lugar bem longe
Não sei a onde
Não sei até quando.Sentado em uma poltrona em frente ao relógio
uma dor me consome,
pois o crime que cometi,
não foi por traição
e nem por dinheiro
e sim porque achei que uma desilusão amorosa senti.Noite muito fria,
preso na agonia
sentado em uma poltrona em frente ao relógio
um relógio de parede
agora irei para sempre
pra você meu relógio,
até outro dia.
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O Relógio [ CONCLUÍDA ]
PoetryAtos e consequência. Está é a reflexão de um homem perturbado sobre seus atos das últimas horas, tendo como foco um relógio de parede.